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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Por que não se vai mais a museus?

Atualmente, o cidadão contemporâneo se vê diante de uma variedade de ofertas de entretenimento, produtos e serviços jamais vista. 

Paralelo a isso, os meios tradicionais de comunicação carregam uma inédita descrença por parte desse consumidor. 


E como pano de fundo disso, percebe-se na contemporaneidade, um cidadão com um nível de exigência visivelmente atípico, e com uma vasta possibilidade de formas de entretenimento e consumo de cultura em geral. 


E é justamente nesse contexto em que cidadãos, consumidores de entretenimento, tendem a se conectar a experiências mais relevantes e que estejam alinhadas com seu estilo de vida e, mais que isso, que não o transformem em mais uma pessoa sucumbida à massa. 


As pessoas hoje definem determinadas experiências de consumo como representantes de algo mais do que experiências aparentemente comuns de consumo.


E por que não se vai a museus? Essa pergunta transita nas cabeças dos principais curadores de arte e diretores culturais do país. E uma série de hipóteses pode ser listada no sentido de compreender e elucidar esse problema. Museu é cansativo e na primeira saída o visitante vai embora, ou então perde muito tempo tentando entender a obra e esquece de se entreter. Dentro dessa hipótese, vale destacar o que cidades como Bilbao, na Espanha, fizeram. 


Algumas agências de turismo, no momento de desenhar rotas de passeio para turistas estrangeiros, colocaram a visita ao Museu Guggenheim justamente nos momentos de descanso.


O fato é que hoje se evidencia uma crise no consumo de museus. Em uma rápida comparação com outras formas de consumo cultural, no teatro e no cinema, por exemplo, o espectador fica sentado e também absorve e consome cultura com um nível menor de esforço. 


Outro indício forte é que, por conta de avanços tecnológicos, outras formas de entretenimento, como a Internet e o uso de redes sociais, ganham uma envergadura bastante latente. 


Até mesmo a tradicional indústria do cinema, ainda assim, apresenta performances bastante satisfatórias, financeira e midiaticamente falando.


O que falta fazer para que o consumo de arte, de cultura, de museus ganhe mais visibilidade? O que esse texto se propõe fazer, ou seja, trazer essa discussão para o debate, já é um começo importante. 


Outra hipótese evidente é que arquitetos, curadores de exposições e profissionais de arte possuem conhecimentos de marketing relativamente incipientes. 


Aqui vale desdobrar outro questionamento: essa incumbência pertence a esses profissionais?Por exemplo, o arquiteto que, durante a idealização do projeto, decide colocar uma escada na entrada do museu, tem conhecimento que estudos hoje mostram que cada degrau na frente de uma loja representa 5% a menos de visitação? Ou então: um diretor de um museu que contrata e treina funcionários de linha frente, sabe que 70% dos fatores que fazem clientes não comprarem novamente de uma empresa são relacionados a problemas de atendimento?


O que é possível identificar no processo de marketing de experiência é a busca pelo momento único de consumo, por um processo de encantamento exclusivo, sofisticado e que vise diferenciações máximas. 


E no segmento de museus, fundamentalmente em exemplos brasileiros, percebe-se uma completa despreocupação nesse sentido. O design sofisticado da arquitetura dos prédios busca sim um impacto visual, mas a forma como de divulgação das exposições, o treinamento de funcionários e a preocupação com a marca do museu evidencia uma lacuna nesse campo e, consequentemente, um convite para pesquisadores se concentrarem nesse tema. 

 Coordenador do MBA em Gestão de Marcas (Branding) da Trevisan Escola de Negócios (@marcoshiller). *Marcos Hiller



fonte:
http://www.onorte.net/noticias.php?id=35942

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