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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Doações enriquecem acervo dos museus de Sergipe




Através de doações de documentos e objetos de valor relevante para a história e preservação da memória, os acervos passam por constantes renovações

Preservar objetos de valor histórico, cultural ou artístico. É esse objetivo máximo que justifica o surgimento e a existência dos museus. O processo de construção dessas casas de memória e de composição do seu acervo, elemento fundamental para dar vida a essa importante instituição, nunca para. E nesse processo, a população tem papel fundamental, pois através de doações de documentos e objetos de valor relevante para a história e preservação da memória, os acervos passam por constantes renovações. É isso que vem acontecendo nos museus administrados pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Em dezembro de 2011, o Museu Histórico de Sergipe (MHS), localizado em São Cristóvão, recebeu a doação de uma peça de inestimável valor histórico e artístico do artista plástico sergipano Horário Hora. A obra é um retrato da senhora Severina Motta em óleo sobre tela, uma das especialidades de Horácio, que data de 1884. O quadro foi recebido como uma herança e estava em poder da tataraneta de Severina, que em visita ao Museu Histórico de Sergipe (MHS) ficou sabendo que lá havia um espaço dedicado ao artísta com um dos maiores acervos de sua obra.

“Por volta de junho de 2011, as irmãs Maria Antonieta de Albuquerque Antunes e Maria Adélia de Albuquerque Long visitaram o Museu Histórico, que é guardiã do maior acervo do artista laranjeirense, inclusive da sua obra-prima Cecy e Pery. A família encontrava-se num impasse quanto a guarda do retrato da matriarca pintada pelo nosso artista e concluíram que o lugar mais adequado, que melhor acondicionaria e divulgaria a importância da anciã e do artista que assinou o seu retrato seria o MHS. Além do mais, pela garantia do acesso mediante observação dos procedimentos de visita, o MHS figurou como local neutro no parecer dos familiares”, explica o diretor do MHS, Thiago Fragata.

A coordenadora de museus da Secult, Sayonara Viana, foi pessoalmente ao Rio de Janeiro, em novembro de 2011, fazer o laudo técnico da obra. “Na minha visita pude verificar o estado da obra e a autenticidade da autoria, que pode ser comprovada através da assinatura característica do artista”, destacou.

Segundo ela, a obra possui um valor inestimável e para dar o merecido destaque à peça a sala Horácio Hora, localizada no MHS, passará por uma adequação. “Por enquanto, o quadro está no setor de reserva técnica e pretendemos apresentá-lo à população em maio, durante a Semana de Museus, numa solenidade especial”, enfatizou a diretora de museus da Secult. 

O MHS foi considerado através de decreto de 2000 como o maior guardião do acervo do artista plástico sergipano Horácio Hora. Vale destacar que boa parte de todo o acervo do MHS, incluindo as obras de Horácio, são frutos de doações que vem se repetindo ao longo de décadas. 

 “A criação do MHS em 1960 foi marcada por uma campanha de doações de acervos. É certo que o Governo de Luis Garcia adquiriu através de compra uma parte, mais as doações espontâneas continuaram até os dias atuais. Essas doações tem sido um ato movido por uma consciência de registrar através do acervo doado um protagonismo ou a participação na História do Brasil, mais especificamente, na História de Sergipe”, explica o diretor do museu. 

Mais doações
Além da obra de Horácio Hora, o MHS recebeu a doação de uma máquina de datilografar antiga, de origem russa ou alemã. A doação partiu da senhora Maria de Fátima Lago da Silva, que resolveu doar o aparelho para que mais pessoas pudessem se recordar de um passado em que não existiam as facilidades dos computadores e de toda tecnologia presente nos dias atuais. “Tenho certeza que muitas pessoas vão ver e se recordar dos tempos em que faziam os cursos de datilografia, que era imprescindível tempos atrás”, afirma Fática. 

Ela conta que o marido, um exímio datilógrafo, recebeu a máquina de presente de um amigo há pouco mais de um ano. Apesar de estar em bom estado, a máquina estava parada num canto da casa por conta da dificuldade de encontrar a fita de impressão. “Ela estava só ocupando espaço, aí pensei: por que não doar? É um objeto bonito, mas não temos lugar para guardá-lo e para mim é muito melhor pensar que exposta em um museu mais pessoas poderão ver e lembrar do seu passado”, destaca a doadora, que reside em Aracaju. 

Outra importante doação que a Secult recebeu recentemente e que irá engrandecer ainda mais o seu acervo museológico foi uma carta de alforria que data de 1874. A doação foi feita pela senhora Marta Pureza de Jesus, que reside em Macambira. 

O documento irá integrar o acervo do Museu Afro-brasileiro, localizado em Laranjeiras. “Nós estamos trabalhando para inserir na exposição de longa duração do Museu Afro um módulo da ‘Liberdade’, e essa carta será a primeira peça deste acervo. É um documento muito importante por ser a primeira carta de alforria que teremos no Museu e que conta uma parte riquíssima da história dos escravos em Sergipe”, explicou Sayonara. 

Como doar
Para receber uma doação de documento ou objeto, a Secult utiliza alguns critérios. “O material tem que passar por uma curadoria para que possamos fazer uma avaliação para saber se está de acordo com o discurso museológico de cada instituição. Não podemos receber tudo que as pessoas têm interesse de doar”, ressaltou Sayonara. Ela acrescenta que depois dos trâmites burocráticos para efetivação da doação, o material fica um tempo no setor de reserva técnica. Nesse período são realizadas pesquisas sobre a peça para que possa ser colocada em exposição de forma adequada. 

Vale ressaltar que o doador não terá custo nenhum para doar algum material que possa compor o acervo dos museus administrados pela Secult. Inicialmente, o interessado deve entrar em contato com a direção de um dos museus (listados abaixo), se possível, enviar imagens e solicitar uma avaliação do material. Depois disso, seguem todos os trâmites burocráticos para a confecção do termo de doação, documento através do qual a pessoa cede todos os direitos do material para a Secult. 

Contatos
Museu Histórico de Sergipe (MHS)
Telefone: (79) 3261-1435

Museu de Arte Sacra de Laranjeiras
Telefone: (79) 3281-2486 

Museu Afro-brasileiro de Sergipe 
Telefone: (79) 3281-2418



fonte:
http://www.faxaju.com.br/viz_conteudo.asp?id=138314

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