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terça-feira, 24 de abril de 2012

Museus de Minas Gerais apostam em programação diversificada e gratuita para atrair o público

Na pauta, concertos sinfônicos, debates literários e sessões comentadas de cinema.
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Paulo Lacerda/Divulgação

Quer uma sugestão de lugar interessante para assistir a um filme de arte, ver uma boa peça de teatro, apreciar um concerto com alguns dos melhores instrumentistas do país ou participar de oficinas, seminários e palestras? E, ainda por cima, de graça? Então vá a um museu. Em busca de ampliação do público, nos últimos anos, as principais instituições museológicas do país têm expandido o foco e deixado de lado a posição estática de apenas exibir o acervo e exposições pontuais para oferecer várias opções de conhecimento, entretenimento e vivência artística e cultural. A mudança de paradigma tem colocado os espaços, antes com números bem tímidos de visitação, numa posição bem mas democrática.

Há exemplos recentes que comprovam a tendência. O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, que fica no Centro Histórico da cidade, conquistou, no ano passado, a liderança na lista de exposições mais vistas do mundo. O mundo mágico de Escher, retrospectiva multimídia do artista gráfico holandês, chegou a 573 mil visitantes em pouco mais de dois meses. O mesmo CCBB carioca teve outras exposições na relação das mais visitadas: a da artista experimental americana Laurie Anderson e a que apresentou ao público a obra tecnológica da japonesa Mariko Mori. A receita do sucesso, segundo os curadores, é, além da boa agenda de artes visuais, opções culturais ecléticas com forte interesse da mídia e do público. Vários museus mineiros estão trilhando caminho parecido.

O Museu Inimá de Paula, criado em 2008 para promover o legado do artista mineiro que dá nome à instituição, terminou o ano passado em situação delicada. Em novembro, mês em que ainda cobrava entrada, a exposição foi visitada apenas por 88 pagantes. Em janeiro, quando o acesso passou a ser gratuito, o número já havia chegado a 1.384. Além disso, outras ações, como a abertura para receber programação de eventos artísticos de qualidade, têm ampliado o alcance do museu, que fica no Centro de Belo Horizonte, na Rua da Bahia. Somente o projeto Sinfônica no Museu, série de concertos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais com regentes convidados, levou cerca de 700 pessoas ao lugar. “Quem vê o recital, que é apresentado no salão principal, em meio às obras do acervo, também aprecia as pinturas de Inimá. As pessoas acabam voltando. A parceria é positiva e, em breve, devemos ampliá-la com concertos didáticos”, adianta a coordenadora de arte, Gabriella Navarro Antoniazzi.

A alternativa de mesclar exposições com atrações culturais já é utilizada com repercussão em outros museus mineiros. O pioneiro foi o Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. Anualmente, ele recebe cerca de 150 mil visitantes, que pagam até R$ 8 para conferir o acervo barroco. Já a programação paralela é toda gratuita. Rui Mourão, que há mais de 30 anos está à frente da instituição, iniciou o processo de ampliação do público antecipando a tendência. Hoje, o carro-chefe é o projeto Cineclube. “Gosto de cinema e há um interesse por aqui. Ouro Preto tem um cinema comercial que só passa poeira. Resolvemos propor uma sessão comentada para atrair e formar público. Tem tido bastante interesse.” De acordo com o diretor, a percepção do Museu da Inconfidência mudou com os projetos. “Antes a população tinha orgulho deste edifício na Praça Tiradentes, mas achava que era coisa para estrangeiro. Hoje, nos tornamos uma casa dinâmica, com função de refletir a cultura e envolver tanto o visitante quanto o cidadão ouro-pretano”, explica Rui Mourão.

O Museu de Artes e Ofícios (MAO), também localizado no Centro de Belo Horizonte, na Praça da Estação, usa estratégica semelhante. “Sou da turma que acha que os museus têm de possuir acervo, porém devem ir muito além deles. São, cada vez mais, espaços de reflexão estimulados pelo acervo”, avalia a diretora da instituição, Angela Gutierrez. Para ampliar a visitação, além do programa educativo, o MAO oferece três programas gratuitos de difusão do conhecimento, com debates, palestras e apresentações musicais: o Ofício da Palavra, Ofício do Patrimônio e Ofício da Música. Além deles, o museu também realiza o projeto Ampliando Horizontes, série de conferências voltadas para educadores. “O museu tem o papel também de qualificar o cidadão dentro do universo do trabalho”, diz a empresária, citando os números positivos da estratégia. Só no ano passado, o MAO chegou a 156 mil visitantes.
fonte:
http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_7/2012/04/22/ficha_agitos/id_sessao=7&id_noticia=52201/ficha_agitos.shtml
 

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