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segunda-feira, 28 de maio de 2012

A fachada de 1.200 metros quadrados do Museu de Etnologia, em Paris: ali crescem bem mais de 100 tipos e espécies de plantas



A natureza que sobe pelas paredes


Como tornar os grandes centros metropolitanos mais verdes? O botânico francês Patrick Blanc cria jardins verticais que lhe rendem admiração internacional


A fachada de 1.200 metros quadrados do Museu de Etnologia, em Paris: ali crescem bem mais de 100 tipos e espécies de plantas

Paris, Musée du quai Branly, na margem esquerda do rio Sena. Todos os dias, esse local atrai centenas de pessoas que ficam paradas, olhando fixamente para a parede com as cabeças inclinadas para trás. De manhã até a noite, ouvem-se o clique dos disparadores de máquinas fotográficas e o zoom de câmeras de vídeo. Muitos desses visitantes nunca entraram no esplêndido Museu de Etnologia, projetado pelo arquiteto francês Jean Nouvel. Eles vêm para apreciar a fantástica parede verdejante do edifício, que recentemente se tornou uma das fachadas mais fotografadas da capital francesa.

Como é possível roubar tão gloriosamente a cena de arquitetos e museus mundialmente famosos? A receita é simples: com uma armação de metal, uma folha de PVC, duas camadas de feltro de poliamida e um esboço feito à mão, cheio de formas labirínticas e nomes científicos de plantas. O resto fica por conta de uma equipe de jardineiros munida de mudas e sementes, estiletes para tapetes, grampeadores e cola.

E para que tudo isso funcione é preciso chamar-se Patrick Blanc. O botânico parisiense, de 58 anos, já criou 160 desses jardins verticais no mundo; quase todos em grandes metrópoles, bem no meio da poluição gerada por escapamentos mal regulados, de prédios de concreto e multidões humanas. Mas seus jardins também enfeitam salas de concertos, hotéis e butiques de designers.

Terra? Um mito supervalorizado

Visita domiciliar. É um dia frio e cinzento de outono em Paris e, no subúrbio de Ivry-sur-Seine, tem-se a impressão de ter errado de endereço. Este é um antigo bairro operário, com um robusto charme multicultural: café karaokê, central de expedição de mercadorias, um fast-food árabe. Em meio a casas timidamente renovadas na Rue de Châteaudun, destaca-se um edifício degradado, com janelas pregadas com tábuas.

O homem que abre o portão tem um tufo de cabelos esverdeados, usa uma camisa estampada com folhas verdes e tem unhas de vários centímetros de comprimento - o dr. Patrick Blanc é seu próprio cartão de visitas, e sua casa um centro experimental, pois atrás do portão se descortina uma selva.

Um pátio, cujo muro com a casa adjacente desapareceu sob enormes folhas de orelhas-de-elefante ou inhames-gigantes, folhas serrilhadas de fátsias ou arálias-japonesas, e delicadas folhas de urtigas-mansas ou folhas-de-santana. Bem em cima, acenam graciosas folhas de íris-japonesas, e as figueiras parecem querer atingir o céu.

Patrick Blanc, que, apesar da estação fria, está de shorts e chinelos, explica o princípio que constitui a base de todas as suas paredes verdes: "A terra é um mito supervalorizado. Muitas plantas não necessitam de solo. Elas se enraízam perfeitamente bem em um feltro de poliamida, desde que obtenham diariamente cinco litros de água por metro quadrado."

No quintal de Blanc, a pessoa anda, senta e caminha sobre a água. Há dois anos, ele e seu amigo compraram o pequeno complexo industrial "e a primeira coisa que fizemos foi mandar escavar um buraco de meio metro, que transformamos em um tanque de água de 20 mil litros. Eu sempre sonhei em ter um aquário ''contornável''", diz ele. Agora, cerca de mil peixes nadam aqui em águas temperadas entre seu escritório e o pátio. Do lado de fora, o mega-aquário está parcialmente coberto com pranchas de madeira, mas sua parte interna é revestida com vidro inquebrável - de modo que Blanc pode ficar sentando diante de seu computador, observando os cardumes de cores audaciosas chispando irrequietos bem embaixo de seus pés.

fonte:
http://revistageo.uol.com.br/cultura-expedicoes/36/a-natureza-que-sobe-pelas-paredes-como-tornar-os-259346-1.asp

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