Projeto da USP pretende
criar um dinheiro exclusivo para ser utilizado no setor cultural. A
proposta que complementa o Vale Cultura foi escolhida pela Unesco como
tema de debate na Rio+20.
Imagine você participar de eventos
culturais e receber por isso. Só que ao invés do real, ganhar um
dinheiro diferente com nome de “alegria” “saber” e “talento”.
Conhecida como moeda criativa, a ideia
visa estimular a cultura, onde por meio desse dinheiro será possível
pagar a entrada nos principais eventos do setor no país.
E no mundo moderno, onde o dinheiro fica tão eletrônico quanto o e-mail, nada melhor que usar a tecnologia para circular esse tipo de moeda criativa.
“A circulação desse dinheiro totalmente
digital poderá animar empresas, cidadãos, governos e associações a mudar
o mundo brincando de valorizar ações que se traduzem em aprendizagem,
solução de problemas e progressos”, acredita Gilson Schwartz líder dos
grupos de pesquisa da Cidade do Conhecimento.
O projeto que já conta com o apoio do
BNDES (que realizou investimento de R$ 100 mil), pretende criar um
modelo financeiro semelhante aos programas de milhagens das empresas
aéreas onde se conquista os créditos fazendo cursos ou se engajando em
atividades culturais.
“Você cria um acordo entre os
comerciantes e consumidores e desenvolve uma unidade de compra, meio de
pagamento e reserva de valores usando outros objetos.”
E esses objetos segundo Schwartz, que
também atua como professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP
é a criatividade como, por exemplo, a ideia de desenvolver o Fundo de
Moedas Imaginárias (FMI) com patrimônio atual de R$ 150 mil, uma
analogia ao Fundo Monetário Internacional.
“O fundo vai reunir todas as informações
do projeto. Vai ser a base de dados por onde será possível organizar
operações como o cadastro dos estabelecimentos e o controle de crédito
disponível para os usuários.”
Segundo Schwartz, a ideia das moedas
criativas surgiu em 2003 e já caminha a passos mais largos que o projeto
Vale Cultura de 2009, que ainda aguarda aprovação.
“Moedas criativas podem ser uma alternativa para o Vale Cultura, já que desde o início temos o apoio do Governo.”
O professor conta que o projeto ainda
está em fase piloto mas que já conta com o apoio da Receita Federal para
o uso do crédito. “Com a parceria, a moeda pode ser aceita nas compras
de produtos apreendidos como câmeras, computadores e outros equipamentos
incentivando a produção cultural.”
Rio+20
As moedas criativas devem ganhar uma
amplitude maior nos próximos meses. A Unesco escolheu o tema como uma
das 20 provocações que serão debatidas na Rio+20, que vai ocorrer em
junho.
“Um dinheiro sustentável é possível, só que não queremos criar mais dinheiro e sim mais cultura”, destaca o professor.
Para ampliar a discussão sobre o assunto, a USP realiza o evento “Moedas Criativas – Fronteiras do Valor na Economia”.
O encontro, que teve início no domingo e
vai até terça-feira (1/5) no Museu da Imagem e do Som (MIS) vai debater o
uso do dinheiro criativo e apresentar as moedas saber (usada pra pagar
serviços de educação), alegria (para entretenimento) e talento (para
atividades práticas).
fonte: Valor econômico
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