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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Que tal pagar a entrada do teatro com moeda criativa?


Projeto da USP pretende criar um dinheiro exclusivo para ser utilizado no setor cultural. A proposta que complementa o Vale Cultura foi escolhida pela Unesco como tema de debate na Rio+20.


Imagine você participar de eventos culturais e receber por isso. Só que ao invés do real, ganhar um dinheiro diferente com nome de “alegria” “saber” e “talento”.

Conhecida como moeda criativa, a ideia visa estimular a cultura, onde por meio desse dinheiro será possível pagar a entrada nos principais eventos do setor no país.

E no mundo moderno, onde o dinheiro fica tão eletrônico quanto o e-mail, nada melhor que usar a tecnologia para circular esse tipo de moeda criativa.

“A circulação desse dinheiro totalmente digital poderá animar empresas, cidadãos, governos e associações a mudar o mundo brincando de valorizar ações que se traduzem em aprendizagem, solução de problemas e progressos”, acredita Gilson Schwartz líder dos grupos de pesquisa da Cidade do Conhecimento.

O projeto que já conta com o apoio do BNDES (que realizou investimento de R$ 100 mil), pretende criar um modelo financeiro semelhante aos programas de milhagens das empresas aéreas onde se conquista os créditos fazendo cursos ou se engajando em atividades culturais.

“Você cria um acordo entre os comerciantes e consumidores e desenvolve uma unidade de compra, meio de pagamento e reserva de valores usando outros objetos.”

E esses objetos segundo Schwartz, que também atua como professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP é a criatividade como, por exemplo, a ideia de desenvolver o Fundo de Moedas Imaginárias (FMI) com patrimônio atual de R$ 150 mil, uma analogia ao Fundo Monetário Internacional.

“O fundo vai reunir todas as informações do projeto. Vai ser a base de dados por onde será possível organizar operações como o cadastro dos estabelecimentos e o controle de crédito disponível para os usuários.”

Segundo Schwartz, a ideia das moedas criativas surgiu em 2003 e já caminha a passos mais largos que o projeto Vale Cultura de 2009, que ainda aguarda aprovação.

“Moedas criativas podem ser uma alternativa para o Vale Cultura, já que desde o início temos o apoio do Governo.”

O professor conta que o projeto ainda está em fase piloto mas que já conta com o apoio da Receita Federal para o uso do crédito. “Com a parceria, a moeda pode ser aceita nas compras de produtos apreendidos como câmeras, computadores e outros equipamentos incentivando a produção cultural.”
Rio+20

As moedas criativas devem ganhar uma amplitude maior nos próximos meses. A Unesco escolheu o tema como uma das 20 provocações que serão debatidas na Rio+20, que vai ocorrer em junho.
“Um dinheiro sustentável é possível, só que não queremos criar mais dinheiro e sim mais cultura”, destaca o professor.

Para ampliar a discussão sobre o assunto, a USP realiza o evento “Moedas Criativas – Fronteiras do Valor na Economia”.

O encontro, que teve início no domingo e vai até terça-feira (1/5) no Museu da Imagem e do Som (MIS) vai debater o uso do dinheiro criativo e apresentar as moedas saber (usada pra pagar serviços de educação), alegria (para entretenimento) e talento (para atividades práticas).

fonte: Valor econômico

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