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terça-feira, 31 de julho de 2012

Mostra 'Caravaggio e Seus Seguidores' chega ao Masp


Violência, drama, erotismo, genialidade, maestria na técnica do claro-escuro na pintura - Caravaggio "punha em cena a humanidade atormentada, envolvida pelas trevas, junto aos eventos salvadores por onde se libertava a luz", como define a superintendente do Patrimônio Histórico do Polo de Museus de Roma, Rosella Vodret. Há sempre algo de teatral nas telas de um dos maiores pintores do século 17 - por meio de um estilo revolucionário, Caravaggio colocava as figuras de seus temas em primeiro plano, fazendo com que um fecho de luz "forte e direto" sobre a cena deixasse a composição com uma "realidade vital".

Na última vez que o Brasil recebeu obras do pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610), em 1998, vieram ao Masp só duas telas do artista, "Narciso" e "Os Trapaceiros". Agora, após mais de uma década, o País abriga novamente suas pinturas, com a mostra "Caravaggio e Seus Seguidores", que o mesmo Masp inaugura na quarta-feira para convidados e na quinta-feira para o público. Foram dois anos de negociações para que a exposição pudesse reunir um conjunto expressivo de sete obras do pintor - entre elas, "São Jerônimo Que Escreve" (da Galeria Borghese de Roma), "São Francisco em Meditação" (do Palazzo Barberini da capital italiana) e "Medusa Murtola" (de colecionador privado).

Primeiramente, a exposição foi apresentada em Belo Horizonte, na Casa Fiat de Cultura, onde recebeu quase 90 mil visitantes. Quando inaugurada em Minas, em maio, abrigou seis pinturas de Caravaggio porque a sétima obra do artista, "São João Batista Que Alimenta o Cordeiro", de coleção particular, chegou ao Brasil apenas em meados de julho para integrar-se à mostra. "Atravessamos muitas dificuldades", diz o museólogo Fabio Magalhães, que assina a curadoria da exposição ao lado do italiano Giorgio Leone, do Patrimônio Histórico do Polo de Museus de Roma. Rosella Vodret, superintendente do órgão, foi fundamental também no projeto. "Na verdade, a seleção de obras de Caravaggio foi o que pudemos trazer ao Brasil", conta Magalhães. Pelas leis de incentivo, foram utilizados R$ 5,5 milhões para realizar a exposição.

Apesar de a mostra ser considerada a primeira grande exibição de Caravaggio no País - em 1954, no 4.º Centenário de São Paulo, a cidade recebeu três pinturas do artista ("Sacrifício de Isaac", "Cena in Emmaus" e "Davi com Cabeça de Golias"); e em 1998, "Narciso" e "Os Trapaceiros" -, há no conjunto duas obras que ainda são apenas atribuídas ao pintor: "São Januário Degolado" (1610), do Museu Diocesano de Palestrina, e cópia de "São Francisco em Meditação" (1606- 1618), de coleção particular de Malta. "As revisões de autoria são constantes na história da arte, ainda mais agora, com as possibilidades novas para pesquisa como o uso de raio X e de infravermelhos", afirma Magalhães.

Nesse sentido, a exposição abriga duas peças recentemente creditadas a Caravaggio, "Medusa Murtola" (1597), atribuída ao artista no ano passado, em Milão, e agora considerada a primeira versão da famosa obra do pintor, criada sobre um escudo de madeira, e "Retrato do Cardeal" (1599- 1600), da Galleria degli Uffizi, de Florença. "Há apenas cerca de 70 Caravaggios no mundo", diz Magalhães. O Masp não possui em seu acervo nenhuma obra de Caravaggio. Como diz seu título, a mostra "Caravaggio e Seus Seguidores" ainda exibe 15 pinturas realizadas por artistas contemporâneos do pintor, de gerações distintas e de origens italiana, francesa, espanhola e flamenga. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

CARAVAGGIO E SEUS SEGUIDORES
Masp (Avenida Paulista, 1.578). Tel. (011) 3251-5644. 3ª a dom., 11 h/18 h, (5ª, 11 h/20 h). R$ 15 (3ª grátis). Até 30/9. Abertura na quinta-feira.

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