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terça-feira, 31 de julho de 2012

Para comemorar - Para homenagear essa trajetória longeva, o artista plástico baiano, idealizador e diretor do Museu Afro Brasil (SP), Emanoel Araujo, sugeriu o nome da instituição aos realizadores da coleção de livros Museus Brasileiros, iniciada em 1982 pelo Instituto Cultural Safra, do banco homônimo.

No ano em que completa oito décadas, o Museu do Ceará passa a integrar a coleção Museus Brasileiros
Um presente e tanto, digno da idade redondinha do aniversariante. É o que está garantido ao Museu do Ceará, que em 2012 completa oito décadas de existência. Para homenagear essa trajetória longeva, o artista plástico baiano, idealizador e diretor do Museu Afro Brasil (SP), Emanoel Araujo, sugeriu o nome da instituição aos realizadores da coleção de livros Museus Brasileiros, iniciada em 1982 pelo Instituto Cultural Safra, do banco homônimo.

Fachada do Museu do Ceará
A ideia foi aceita e, neste ano, o Museu do Ceará é o equipamento escolhido para o 31° livro da coleção, que inclui ainda volumes sobre o Museu da Casa Brasileira (SP), Fundação Iberê Camargo (RS), Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu Paraense Emílio Goeldi, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu da Inconfidência (MG) e o próprio Museu Afro Brasil (SP), entre outros.

Assim, a coleção funciona como um mapeamento de museus e instituições culturais de todo o País. O projeto é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet), e conta com a colaboração de Emanoel Araujo, ao lado do diretor-executivo do Banco Safra, José Roberto Marcelino dos Santos, que coordena as edições. No ano passado, a instituição escolhida foi o Museu da República/Ibram, do Rio de Janeiro (RJ). O Museu do Ceará é o sexto do Nordeste a fazer parte do projeto, depois do Museu de Arte da Bahia, do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), do Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia, do Museu do Estado de Pernambuco e do Museu do Homem do Nordeste, em Recife (PE).

O artista plástico e diretor do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo Fotos: Fabiane de Paula/ Viviane Pinheiro

Exposições
A inclusão do Museu do Ceará deu-se a partir da visita de Araujo à instituição cearense, em 2011, em busca de peças do acervo para a exposição "O Sertão", que o artista montou no Museu Afro Brasil.

"Na ocasião, estive com a Cristina Holanda (diretora do Museu do Ceará), que me falou sobre os 80 anos da instituição. Pensando nisso, e também no fato de que nenhum museu do Ceará havia sido contemplado pelo projeto até então, sugeri o nome ao Instituto Cultural Safra", recorda o baiano.

"O Sertão - da caatinga, dos santos, dos beatos e dos cabras da peste", como o próprio nome indica, é uma exposição ampla sobre o universo sertanista do Nordeste, especialmente do Ceará.

Composta por cerca de 800 itens - entre pinturas, esculturas, gravuras, roupas, fotografias, instalações, documentos e recursos multimídia -, a mostra divide-se em núcleos temáticos, dedicados, por exemplo, à iconografia do cangaço, ao Padre Cícero, aos artistas populares do Ceará, a Canudos e Antônio Conselheiro, entre outros assuntos. "Essa exposição era um sonho oriundo das minhas vindas ao interior do Ceará, principalmente à região do Cariri. Sempre me fascinaram os elementos míticos, a produção dos artistas de lá", conta Araujo. "O Sertão", cujo período de exibição foi estendido até setembro deste ano, conta ainda com uma versão reduzida da exposição ´Vaqueiros´, do Memorial da Cultura Cearense (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).

Entre os desdobramentos de "O Sertão" está a exposição "Meu Padinho Padre Cícero", em cartaz até o final de agosto no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro.

Contribuição
Após a indicação de Araujo, a elaboração do livro fica basicamente a cargo da direção do museu escolhido e do Instituto Cultural Safra. Cabe à Holanda e aos coordenadores da coleção, portanto, a escolha dos nomes para assinar os textos da edição.

"Ainda estamos fechando quem vai participar, obviamente vamos escolher pessoas que já estudaram as coleções do museu, que conheçam seu acervo ou sua formação", destaca Cristina Holanda. "Atualmente estamos na fase de seleção de fotografias e confecção das legendas", complementa.

As imagens dos itens do acervo foram feitas pelo fotógrafo Rômulo Fialdini - que, segundo Araujo, trabalhou em quase todos os livros da série. "Foram três dias inteiros aqui para fazer essas imagens. Ele fotografou tudo o que está em exposição e grande parte da reserva técnica do Museu", recorda Holanda.

"Mas Fialdini provavelmente retornará para complementar o trabalho. Algumas peças da coleção de arqueologia, por exemplo, ficaram de fora porque, na ocasião, não estávamos acompanhados de um especialista na área", complementa a diretora.

A previsão é que o livro seja lançado na primeira semana de dezembro. "Será um catálogo de capa dura, de 396 páginas em papel cuchê colorido, com tiragem de 10 mil exemplares", adianta Holanda.

Boa parte dos exemplares são distribuídos entre escolas, bibliotecas, instituições nacionais e estrangeiras, embaixadas brasileiras, personalidades ligadas à cultura etc. "O livro contribui não só para a visibilidade do Museu do Ceará, mas para ampliar o acesso ao seu acervo. É uma forma de levar a instituição para além das fronteiras do Estado", comemora Holanda.

A opinião é compartilhada por Emanoel Araujo. "A coleção é um reforço para chamar atenção para o espaços museológicos do País. Esperamos que esta seja mais um motivo para celebrar os 80 anos do Museu do Ceará".

FIQUE POR DENTRO
Oito décadas de existência e acervo amplo
O Museu do Ceará foi a primeira instituição museológica oficial do Estado, criada por decreto em 1932, mas aberto oficialmente ao público em janeiro de 1933. Inicialmente, foi concebido como uma das dependências do Arquivo Público, na rua 24 de Maio (Centro). Desde então, foi deslocado para diversos outros endereços, até o atual edifício na Rua São Paulo, 51, também no Centro. Ao longo dos anos, sofreu reformas e recebeu novas peças para seu acervo, além de ter passado pelas mãos de vários administradores. Eventualmente, saiu da tutela do Instituto Histórico e foi vinculado à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult). O prédio onde hoje funciona foi tombado como monumento nacional pelo Iphan em 1973. O acervo do Museu do Ceará é variado e representativo, com mais de sete mil peças, resultado de compras e, sobretudo, de doações de particulares e instituições públicas. Há desde moedas e medalhas até quadros, móveis, peças arqueológicas, artefatos indígenas, bandeiras e armas. Há também peças de arte popular e uma coleção de cordéis publicados entre 1940 e 2000 (950 exemplares). Hoje a instituição funciona com exposições de longa duração (a exemplo do Memorial Frei Tito de Alencar) e com projetos e programas especiais (com publicações de livros, oficinas e outras atividades). Fonte: http://secult.ce.gov.br

ADRIANA MARTINSREPÓRTER

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