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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Museu ‘animado’ resgata trajetória dos governadores mineiros

Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, será inaugurado nesta segunda. Fatos históricos são contados por espelhos, paredes e porta-retratos.


Espelhos, paredes, porta-retratos, um piano e um telefone recontam acontecimentos históricos e a trajetória dos governadores mineiros no Palácio da Liberdade, sede simbólica  da administração de Minas Gerais, em Belo Horizonte. A casa onde viveram e trabalharam dezenas de políticos recebe a exposição permanente "Palácio da Liberdade - Memórias e Histórias", que vai ser inaugurada nesta segunda-feira (29), com a presença do governador Antonio Anastasia. O espaço vai estar aberto a visitantes a partir do próximo domingo (4) depois de ter sido reformada.
Animação de João Pinheiro está presente em uma das salas. (Foto: Sara Antunes/G1)Animação de João Pinheiro está presente em uma das salas. (Foto: Sara Antunes/G1)
“O palácio está animado, está vivo, latente, querendo contar coisas a você”, ressalta Marcello Dantas, diretor artístico e curador do projeto, parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade. A exposição permanente poderá ser vista aos sábados, domingos e feriados, com percurso de uma hora em média.
Dezesseis ex-governadores, todos mortos, são relembrados nas salas do museu. A começar pelo belo quarto, onde Bias Fortes, o primeiro morador do Palácio da Liberdade, conversa com os presentes. ”Revalorizando o palácio a partir do que aconteceu nele”, destaca Dantas, também responsável pelo Museu das Minas e dos Metais e pela curadoria do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Animação mostra o ex-governador e ex-presidente Itamar Franco (Foto: Sara Antunes/G1)Animação mostra o ex-governador e ex-presidente
Itamar Franco (Foto: Sara Antunes/G1)
Tudo funciona com sensor de movimento. Há vídeos com animações, filmagens em película para aparentar gravações antigas, e até um piano entoando sem parar “Será o Benedito?”. A expressão surgiu na década de 1930 quando o nome do político mineiro Benedito Valadares estava entre os cotados para assumir o governo do estado. Dito e feito.
“Já vejo as meninas com língua-de-sogra a recepcionar a oposição. Não duvide disso”, diz o arquiteto Oscar Niemeyer ao governador Juscelino Kubitschek, em conversa ao telefone. O diálogo fictício também é reproduzido pelo aparelho, localizado em um dos 30 cômodos do Palácio. A queixa do futuro presidente do Brasil era a de viver e trabalhar no mesmo local, tarefa dificultada pela presença das filhas pequenas. Após reclamar, Juscelino pede para o amigo arquiteto projetar a nova morada dos governadores ao pé da Serra do Curral, o atual Palácio das Mangabeiras.
“É daqui que partiu a grande mobilização para o Golpe de 64”, no então governo de Magalhães Pinto, ressalta a historiadora Maria Eliza Linhares Borges, se referindo ao golpe que tirou João Goulart da Presidência da República e declarou o marechal Castello Branco presidente, pelo Ato Institucional I (AII). Uma sala propositalmente sombria relembra o plano de alçar os militares ao poder. Mais à esquerda, Tancredo Neves é destacado como símbolo da redemocratização.
Sala de jantar já recebeu os reis da Bélgica. (Foto: Sara Antunes/G1)Sala de jantar já recebeu os reis da Bélgica. (Foto: Sara Antunes/G1)
Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria Eliza foi responsável pelo resgate da história, transposta no museu para diferentes mídias. O tempo de pesquisa foi de aproximados cinco meses. No período, a historiadora recorreu a biografias dos estadistas e revistas e jornais antigos. E ainda teve acesso a um vasto acervo sobre a construção de Belo Horizonte. Durante o trabalho foram compilados elementos comuns às variadas administrações e outros característicos de cada governo.
“Tecnologia e arte nunca se separaram”, disse Marcello Dantas. A tendência de explorar novas mídias é um modo de tornar a experiência da visita mais interativa e imersiva por meio do caráter lúdico. Mas é preciso mais, segundo Maria Eliza. “A ideia de museu não se encerra em si mesma. A visita continua a acontecer nas escolas”, afirmou a historiadora citando excursões de estudantes como exemplo.
Maria Aparecida Rabelo (Foto: Sara Antunes/G1)Maria Aparecida Rabelo (Foto: Sara Antunes/G1)
O Palácio da Liberdade
Maria Aparecida Rabelo dedicou 27 dos 70 anos à limpeza do palácio. Atualmente, comanda a equipe responsável pelo brilho no piso de madeira e nas inúmeras obras de arte. Cuidar do prédio com arquitetura e mobiliário refinados exige produtos específicos e atenção. Nada de pano molhado, alerta ela.
Quando a sede do governo foi transferida para a Cidade Administrativa, no bairro Serra Verde, Região Norte de Belo Horizonte, o local “ficou pouco movimentado” para a tristeza de Maria Aparecida. “A gente nem vê o tempo passar quando tem muito serviço”. Em todo o tempo de trabalho, viu nove governadores no poder. Questionada se a tarefa é difícil, ela diz precisar de “jogo de cintura”. Mas não considera um problema, afirmou também: “Tiro de letra”.
Outra atração à parte é a arquitetura do museu. Os afrescos e móveis têm diversas influências, como a art nouveau, neoclassicismo e ainda a arte árabe. De acordo com Bruno Mitre, curador do Palácio da Liberdade, há pinturas simbolizando as quatro estações e os ideais de fraternidade, liberdade, ordem e progresso.
A escadaria é a peça de maior destaque. De ferro batido, foi encomendada na Bélgica e fabricada na Alemanha. Os pedaços foram trazidos a Belo Horizonte, onde a montagem ocorreu.
Palácio da Liberdade, sede simbólica do governo de Minas Gerais (Foto: Sara Antunes/G1)Palácio da Liberdade, sede simbólica do governo de Minas Gerais (Foto: Sara Antunes/G1)
fonte:http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2013/07/museu-animado-resgata-trajetoria-dos-governadores-mineiros.html


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