A rua de Kiev que leva o nome do destacado historiador e político ucraniano Mikhail Grushevski liga as praças Europeia e do Arsenal. Podemos, se quisermos, ver na combinação destes nomes um símbolo profundo e, infelizmente, alarmante, sobretudo porque agora, nesse bairro da capital ucraniana se está escrevendo a nova história do país.
Na rua Grushevskogo - na fuligem dos pneus queimando e de marcas dos coquetéis Molotov, em contraposição aos oposicionistas mais agressivos e combatentes do Berkut - está a obra da herança cultural do país - o Museu Nacional de Arte da Ucrânia. Agora ele está fechado e em seu site no Facebook um retângulo preto e a informação sobre a suspensão dos trabalhos.
Nas condições de situação tensa, o museu mandou já a segunda mensagem aos cidadãos. Fala a vice-diretora geral do museu, Marina Skirda:
“O museu está no epicentro de cruel confronto civil, a situação desenvolve-se rapidamente. Aumenta a ameaça de ocorrência de incêndio, que pode ter consequências irreversíveis. O museu corre perigo real. Não é a primeira vez que nos dirigimos ao presidente, ao governo e a todos os compatriotas: vamos juntos preservar nosso museu. Em todas as guerras e revoluções que ele enfrentou em 115 anos, não sofreu destruições. Por isso, levando em consideração a envergadura e seriedade do perigo em conseqüência das operações de combate, praticamente no território do museu, nós exortamos todas as partes do confronto civil a considerar seu território zona neutra para todos os participantes do conflito”.
Aliás, nesta rua histórica de Kiev encontram-se também outras conhecidas obras culturais. O correspondente da Voz da Rússia, telefonou para algumas delas. Na importante instituição de informação científica - Biblioteca Parlamentar Nacional da Ucrânia - recusaram-se categoricamente a responder à inocente pergunta: “ o que ocorre perante suas janelas?” e a funcionária da biblioteca da Casa Central dos Oficiais das Forças Armadas da Ucrânia disse literalmente o seguinte:
“Nosso endereço é rua Grushevskogo, mas a biblioteca dá para a travessa Krepostnaia, por isso aqui tudo está em paz e tranquilo, trabalhamos normalmente. Não se ouve nada, os principais acontecimentos ocorrem no início da rua, e a dois quarteirões do epicentro do confronto tudo está normal”.
Os telefones da biblioteca que leva o nome do humorista e satírico ucraniano Ostap Vichnia não responderam. E isto pode ser interpretado de qualquer maneira, mas gostaríamos que em lugar do “retângulo negro” aparecesse na capa do site em breve uma foto do edifício inteiro e ileso do museu.
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