Um estilista dado a intrigas
Com criações que fazem parte dos principais museus do mundo, Valentin Iudashkin dá conta de tudo: alta costura, prêt-à-porter, jeans, joias, móveis e têxteis para decoração.
Com criações que fazem parte dos principais museus do mundo, Valentin Iudashkin dá conta de tudo: alta costura, prêt-à-porter, jeans, joias, móveis e têxteis para decoração.
Valentin Iudashkin Foto: Ufficio Stampa
Valentin Iudashkin é o único estilista russo que há mais de 20 anos consegue manter-se na vanguarda, surpreendendo a cada vez com as suas novas coleções. Parece que ele dá conta de tudo: trabalhar com alta-costura e roupas prêt-à-porter, produzir linhas de jeans, joias e móveis e, ainda, louça e roupa de cama.
Ele apresenta regularmente suas coleções em Paris e na Semana de Moda em Moscou. Suas boutiques estão espalhadas pelo mundo todo: da França a Hong Kong, dos Estados Unidos a Moscou.
As criações de alta costura de Iudashkin fazem parte do acervo do Museu do Traje, no Louvre; do Museu da Moda, na Califórnia; do Museu Histórico, em Moscou; e do Museu Metropolitano de Nova York.
Suas realizações no campo artístico foram agraciadas com a ordem da República Francesa. E, recentemente, o incansável Iudashkin assumiu o treinamento de designers iniciantes.
Ele fala a Gazeta Russa com exclusividade:
Você fundou sua própria casa de moda no final dos anos 1980 e apresentou sua primeira coleção de alta costura em 1991. Mas escolheu Paris, e não Moscou, como palco de sua primeira apresentação...
Não foi bem assim. O primeiro desfile de minha primeira coleção particular, composta de 150 modelos, foi realizado em Moscou, em 1987. Depois, houve mais algumas coleções de alta-costura: "Petróvski Bal” (Baile de Pedro), "Rus Iznatchálnaia" (Rússia Primordial) e "Ecologia". Só depois disso é que fui a Paris, a convite dos representantes da empresa Fabergé, que haviam se interessado por meus trabalhos e por minha coleção dedicada aos famosos ovos Fabergé.
O próprio Pierre Cardin esteve presente em seu primeiro desfile. Não são muitos os que podem se vangloriar de uma estreia assim...
Sim, foi uma sensação incrível: emoção, entusiasmo, alegria e orgulho. Depois da apresentação, Cardin veio me parabenizar nos bastidores. Desde então, ele se tornou professor, amigo e mentor para mim. Dava conselhos, ajudava a organizar os desfiles em Paris... Sou muito grato a ele pelo apoio, e nossa amizade se mantém até hoje.
Sua primeira coleção levava o nome de "Fabergé". Foi seguida por outras que também remetiam à história e à cultura da Rússia. Atualmente, o folclore russo continua a inspirá-lo?
As fontes de inspiração podem ser diferentes. Por exemplo, impressões de viagem, como no caso da coleção "África", um livro que você leu, como no caso da coleção "Anna Karênina", pinturas, como no caso das coleções "Rothko" e "Vanguarda Russa". Muitas vezes, volto-me para os elementos dos trajes populares russos, da história e das tradições russas.
Assim, os ornamentos de cores vivas dos brinquedos de Dimkovo [figuras lúdicas moldadas em argila e pintadas com cores vivas e alegres que começaram a ser produzidas há mais de 400 anos na aldeia Dimkovo] foram a base para a criação das imagens da coleção “Calor Russo”, os contos do [escritor e folclorista russo que coletou e fez adaptações literárias dos Contos dos Urais, que retratavam a vida de garimpeiros e mineradores] Bajov me deram a ideia para as estampas da coleção "Russkie Samotsvéti" (Gemas Russas), assim como a beleza do inverno russo definiu as silhuetas e os detalhes decorativos da coleção "Sévernie Prostôri” (Vastidões do Norte).
Em suas coleções existe tamanha profusão de cor e luxo que você, várias vezes, foi comparado a Versace. De onde veio esse amor pela abundância e pelo luxo eclético?
Acho que isso está ligado ao fato de que, no âmbito da nossa moda, por muito tempo e de uma forma bem aguda, faltou cor e brilho aos tecidos. Atualmente, é possível encontrar qualquer tipo de tecido para incorporar a ideia mais ousada. Mas, até agora, gosto de trabalhar com os detalhes decorativos das coleções. Eles dão uma ênfase especial a qualquer modelo.
Sua musa constante é [a cantora russa] Alla Pugatchova. Qual estrela estrangeira o inspira? Com quem gostaria de trabalhar?
Trabalho com muitas estrelas estrangeiras, com conhecidas e com aquelas que apenas estão começando. Forneço trajes para Celine Dion e Beyoncé usarem no “tapete vermelho” e em seus novos clipes, confeccionei para Mila Jovovich o vestido que ela usou nas filmagens do filme "Vikrutasi” (Excentricidades), e para Natalia Vodianovafiz o vestido para as filmagens de seu projeto beneficente “White Fairy Tale”, além de muitos outros.
Para você, qual designer é um exemplo a seguir, um professor?
Considero como meus professores Pierre Cardin, que me ajudou a ocupar as passarelas de Paris e, em seguida, as passarelas do mundo, e Viacheslav Zaitsev, com quem estagiei na Casa de Moda da rua Kuznetski Most.
Quem você destacaria entre os atuais designers russos?
Talvez, Aliona Akhmadulina e Denis Simachev. Eles têm aquela singularidade, originalidade e visão especial do mundo que os destacam entre os muitos designers russos atuais.
No que consiste a singularidade da moda russa?
Acho que consiste na sua juventude. A moda russa surgiu há relativamente pouco tempo. Cerca de 20 anos atrás, apenas, a indústria da moda não existia no país. Agora, ela está se desenvolvendo ativamente, estão surgindo novos nomes de designers e de grifes russas. Gradualmente, a moda russa está deixando de ser uma imitação dos padrões ocidentais e está adquirindo uma cara própria.
Em uma de suas entrevistas, você disse que espera da passarela provocações e grandes espetáculos. Para se destacar na moda, o escândalo é indispensável?
A moda e qualquer desfile de moda não é apenas a apresentação das tendências da próxima estação, é também um show bem planejado para os espectadores, jornalistas e compradores. As coleções não devem ser "secas”, nelas sempre deve estar presente um toque de surpresa, intriga e provocação.
Você é um dos mais bem-sucedidos designers russos: a Casa de Moda Valentin Iudashkin produz alta-costura, roupas prêt-à-porter, uma linha de jeans, joias e artigos têxteis para decoração. Seus showrooms estão espalhados pelo mundo inteiro, e os vestidos fazem parte dos acervos dos mais prestigiados e respeitados museus de moda. Com o que mais você sonha?
Na qualidade de designer, eu sempre vivo várias estações à frente. Agora, a primavera está apenas se aproximando e eu já estou imaginando a coleção outono-inverno 2014/15. É claro que eu sonho com as novas coleções que ainda não foram criadas. A coleção mais interessante e querida é aquela com a qual você está apenas começando a trabalhar.
Valentin Iudashkin é o único estilista russo que há mais de 20 anos consegue manter-se na vanguarda, surpreendendo a cada vez com as suas novas coleções. Parece que ele dá conta de tudo: trabalhar com alta-costura e roupas prêt-à-porter, produzir linhas de jeans, joias e móveis e, ainda, louça e roupa de cama.
Ele apresenta regularmente suas coleções em Paris e na Semana de Moda em Moscou. Suas boutiques estão espalhadas pelo mundo todo: da França a Hong Kong, dos Estados Unidos a Moscou.
As criações de alta costura de Iudashkin fazem parte do acervo do Museu do Traje, no Louvre; do Museu da Moda, na Califórnia; do Museu Histórico, em Moscou; e do Museu Metropolitano de Nova York.
Suas realizações no campo artístico foram agraciadas com a ordem da República Francesa. E, recentemente, o incansável Iudashkin assumiu o treinamento de designers iniciantes.
Ele fala a Gazeta Russa com exclusividade:
Você fundou sua própria casa de moda no final dos anos 1980 e apresentou sua primeira coleção de alta costura em 1991. Mas escolheu Paris, e não Moscou, como palco de sua primeira apresentação...
Não foi bem assim. O primeiro desfile de minha primeira coleção particular, composta de 150 modelos, foi realizado em Moscou, em 1987. Depois, houve mais algumas coleções de alta-costura: "Petróvski Bal” (Baile de Pedro), "Rus Iznatchálnaia" (Rússia Primordial) e "Ecologia". Só depois disso é que fui a Paris, a convite dos representantes da empresa Fabergé, que haviam se interessado por meus trabalhos e por minha coleção dedicada aos famosos ovos Fabergé.
O próprio Pierre Cardin esteve presente em seu primeiro desfile. Não são muitos os que podem se vangloriar de uma estreia assim...
Sim, foi uma sensação incrível: emoção, entusiasmo, alegria e orgulho. Depois da apresentação, Cardin veio me parabenizar nos bastidores. Desde então, ele se tornou professor, amigo e mentor para mim. Dava conselhos, ajudava a organizar os desfiles em Paris... Sou muito grato a ele pelo apoio, e nossa amizade se mantém até hoje.
Sua primeira coleção levava o nome de "Fabergé". Foi seguida por outras que também remetiam à história e à cultura da Rússia. Atualmente, o folclore russo continua a inspirá-lo?
As fontes de inspiração podem ser diferentes. Por exemplo, impressões de viagem, como no caso da coleção "África", um livro que você leu, como no caso da coleção "Anna Karênina", pinturas, como no caso das coleções "Rothko" e "Vanguarda Russa". Muitas vezes, volto-me para os elementos dos trajes populares russos, da história e das tradições russas.
Assim, os ornamentos de cores vivas dos brinquedos de Dimkovo [figuras lúdicas moldadas em argila e pintadas com cores vivas e alegres que começaram a ser produzidas há mais de 400 anos na aldeia Dimkovo] foram a base para a criação das imagens da coleção “Calor Russo”, os contos do [escritor e folclorista russo que coletou e fez adaptações literárias dos Contos dos Urais, que retratavam a vida de garimpeiros e mineradores] Bajov me deram a ideia para as estampas da coleção "Russkie Samotsvéti" (Gemas Russas), assim como a beleza do inverno russo definiu as silhuetas e os detalhes decorativos da coleção "Sévernie Prostôri” (Vastidões do Norte).
Em suas coleções existe tamanha profusão de cor e luxo que você, várias vezes, foi comparado a Versace. De onde veio esse amor pela abundância e pelo luxo eclético?
Acho que isso está ligado ao fato de que, no âmbito da nossa moda, por muito tempo e de uma forma bem aguda, faltou cor e brilho aos tecidos. Atualmente, é possível encontrar qualquer tipo de tecido para incorporar a ideia mais ousada. Mas, até agora, gosto de trabalhar com os detalhes decorativos das coleções. Eles dão uma ênfase especial a qualquer modelo.
Sua musa constante é [a cantora russa] Alla Pugatchova. Qual estrela estrangeira o inspira? Com quem gostaria de trabalhar?
Trabalho com muitas estrelas estrangeiras, com conhecidas e com aquelas que apenas estão começando. Forneço trajes para Celine Dion e Beyoncé usarem no “tapete vermelho” e em seus novos clipes, confeccionei para Mila Jovovich o vestido que ela usou nas filmagens do filme "Vikrutasi” (Excentricidades), e para Natalia Vodianovafiz o vestido para as filmagens de seu projeto beneficente “White Fairy Tale”, além de muitos outros.
Para você, qual designer é um exemplo a seguir, um professor?
Considero como meus professores Pierre Cardin, que me ajudou a ocupar as passarelas de Paris e, em seguida, as passarelas do mundo, e Viacheslav Zaitsev, com quem estagiei na Casa de Moda da rua Kuznetski Most.
Quem você destacaria entre os atuais designers russos?
Talvez, Aliona Akhmadulina e Denis Simachev. Eles têm aquela singularidade, originalidade e visão especial do mundo que os destacam entre os muitos designers russos atuais.
No que consiste a singularidade da moda russa?
Acho que consiste na sua juventude. A moda russa surgiu há relativamente pouco tempo. Cerca de 20 anos atrás, apenas, a indústria da moda não existia no país. Agora, ela está se desenvolvendo ativamente, estão surgindo novos nomes de designers e de grifes russas. Gradualmente, a moda russa está deixando de ser uma imitação dos padrões ocidentais e está adquirindo uma cara própria.
Em uma de suas entrevistas, você disse que espera da passarela provocações e grandes espetáculos. Para se destacar na moda, o escândalo é indispensável?
A moda e qualquer desfile de moda não é apenas a apresentação das tendências da próxima estação, é também um show bem planejado para os espectadores, jornalistas e compradores. As coleções não devem ser "secas”, nelas sempre deve estar presente um toque de surpresa, intriga e provocação.
Você é um dos mais bem-sucedidos designers russos: a Casa de Moda Valentin Iudashkin produz alta-costura, roupas prêt-à-porter, uma linha de jeans, joias e artigos têxteis para decoração. Seus showrooms estão espalhados pelo mundo inteiro, e os vestidos fazem parte dos acervos dos mais prestigiados e respeitados museus de moda. Com o que mais você sonha?
Na qualidade de designer, eu sempre vivo várias estações à frente. Agora, a primavera está apenas se aproximando e eu já estou imaginando a coleção outono-inverno 2014/15. É claro que eu sonho com as novas coleções que ainda não foram criadas. A coleção mais interessante e querida é aquela com a qual você está apenas começando a trabalhar.
fonte:
http://gazetarussa.com.br/arte/2014/02/14/um_estilista_dado_a_intrigas_24149.html
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