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No célebre desembarque das tropas aliadas na Normandia, em 1944, um batalhão especial não sabia sequer desviar das marolas – o que dizer então do fogo inimigo. Ele era especial porque formado por artistas, historiadores de arte e curadores de museus, sendo por isso chamado de Monuments Men, homens monumentos, cuja missão era proteger o patrimônio artístico da espoliação nazista. É sabido que entre os projetos de Hitler para a “glória do império alemão” estava a criação do Fürhermuseum, o Museu do Fürher, a ser levantado em sua cidade natal, Linz, na Áustria.
OPERAÇÃO VÊNUS
Os soldados e a catalogadora do museu Jeu de Pomme:
atrás de obras levadas para um futuro Museu do Führer
Para isso, Hitler mandou esvaziar museus, igrejas e coleções privadas nos países ocupados. Localizar essas obras, dispersas pela Alemanha, foi a principal missão dos Monuments Men, cuja atuação ganha as telas no filme “Caçadores de Obras-Primas”, em cartaz na sexta-feira 14.
George Clooney produz, dirige e protagoniza a história baseada em fatos reais reproduzidos em livro pelo escritor Robert Edsel.
Ele interpreta o historiador de arte Frank Stokes, inspirado no conservador do museu da universidade de Harvard, George Stout. Ao todo, o filme alinha mais seis “caçadores de telas perdidas”, todos baseados em figuras existentes: o especialista em arte James Granger (Matt Damon), o arquiteto Richard Campbell (Bill Murray), o escultor Walter Garfield (John Goodman), o marchand francês Jean Claude Clermont (Jean Dujardin), o coreógrafo Preston Savitz (Bob Balaban) e o consultor inglês Donald Jeffries. E, obviamente, a grande informante do grupo, Claire Simone (Cate Blanchett), que trabalhou para os nazistas durante a ocupação de Paris catalogando todo o acervo roubado e depositado no Museu Jeu de Paume antes de ser levado à Alemanha. Na realidade, essa personagem chamava-se Rose Valland, tida como uma heroína durante a Resistência.
TROPA DE ELITE
Dimitri Leônidas, John Goodman, George Clooney, Matt Damon
e Bob Balaban como os Monuments Men: estratégias para
reaver obras de Michelangelo e Leonardo Da Vinci
Também autor do roteiro (em parceria com Grant Heslov, colaborador em “Boa Noite e Boa Sorte” e “Tudo pelo Poder”), Clooney adaptou com certa leveza para um filme de guerra essa atividade pouco divulgada do batalhão das artes. Podem-se contar nos dedos as mortes no front – e mesmo os confrontos com alemães e russos são pontuados por humor e ironia. De outro lado, a narração de fato tão desconhecido se dá com requintes de superprodução. Logo no início, ao argumentar sobre a necessidade do trabalho de preservação da arte em tempos de guerra, uma cena convence pelo impacto de como deve ter acontecido na realidade: a reconstituição da luta da população milanesa para manter de pé o afresco “A Santa Ceia”, de Leonardo da Vinci. A cena mostra dezenas de pessoas, entre mulheres, homens e crianças, carregando sacos de areia para apoiar a grande parede com a pintura, intacta como um milagre após um ataque aéreo.
Descontado o discurso edificante, o filme é bastante instrutivo em relação aos detalhes da máquina nazista. Sem apelar para a gravidade, desvenda as estratégias supercalculadas e seguidas à risca pelas equipes encarregadas da espoliação dos povos vencedores mostrando que a subjugação da cultura é correlata aos avanços da dominação política. Nessa rapina artística, uma das formas usadas pelo regime de Hitler foi simplesmente distribuir o acervo onde menos se esperava que fosse escondido: na casa de ex-oficiais, moradores de pequenas cidades. Numa dessas residências visitadas pelos Monuments Men havia na parede telas de Pierre Auguste Renoir e Paul Cézanne, surrupiadas de uma das maiores coleções francesas, a da família judia Rothschild.
PARCERIA
Matt Damon e Cate Blanchett em um depósito de obras roubadas:
acervo foi totalmente catalogado pelo museu Jeu de Pomme
O filme descreve também duas operações que vieram a se tornar famosas: o resgate da “Madona de Bruges”, única escultura de Michelangelo fora da Itália, e do “Retábulo de Ghent”, de Jan Van Eyck, encontrados na mina de sal de Altaussee, na Áustria; e a localização do autorretrato de Rembrandt na mina de cobre de Hellbronn. As minas eram usadas como esconderijo não apenas por estarem em locais de difícil acesso e protegidas de ataques aéreos: elas mantinham as condições climáticas adequadas à conservação desses objetos. Como curiosidade, mostra-se que em Altaussee foi também localizada a reserva de ouro nazista. Uma parte dela em pepita: eram as obturações dos judeus mortos nos campos. É quando o horror invade a arte.
Fotos: Divulgação
fonte:
http://www.istoe.com.br/reportagens/347019_O+BATALHAO+DAS+ARTES?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
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