Quase 13 anos volvidos sobre os atentados ao World Trade Center, duas portuguesas residentes em Nova Iorque ajudam a compreender o significado dos memoriais às vítimas. Veja também o vídeo em baixo.
Abre esta quarta-feira ao público, em Nova Iorque, o Museu Ground Zero, onde estão os restos mortais das vítimas não identificadas dos atentados de 11 de Setembro de 2001 contra as Torres Gémeas.
A Renascença quis perceber o significado do novo museu para os norte-americanos e falou com duas portuguesas residentes na cidade. Para quem lá vive, o Ground Zero não é necessariamente um local de romagem constante. É a presença permanente de uma tragédia cruel que nunca mais se esquece, diz Filipa Correia, funcionária das Nações Unidas.
Foi pela primeira vez a Nova Iorque em 1999, como turista. Esteve então “mesmo ao pé das duas torres do World Trade Center” e, quando o 11 de Setembro aconteceu, teve “a percepção exacta do que era aquela imensidão a cair em cima das pessoas e com tanta gente lá dentro”. Uma experiência chocante vivenciada à distância.
Tal como a maioria dos portugueses, Filipa assistiu ao 11 de Setembro em directo pela televisão à hora de almoço. “Era algo inconcebível para os norte-americanos”, diz esta portuguesa, que se fixou há cerca de um ano em Nova Iorque, mas que nunca mais regressou ao local dos atentados.
“A vida do dia-a-dia não permite e sempre que passo lá perto vejo filas intermináveis”, que duram horas e mais horas. Só os muitos milhões de turistas que andam de passagem por Nova Iorque não desencorajam e esperam o tempo necessário para visitarem o local.
Tirar partido da experiência
Inês Coutinho vive em Lisboa, mas passou recentemente por Nova Iorque. Foram três meses “à procura de trabalho e para melhorar o inglês”. Esta arquitecta paisagista recorda “a vulnerabilidade” que sentiu ao visitar o memorial às vítimas do 11 de Setembro. Ao mesmo tempo, choca-a “a forma como a morte de inocentes e o desespero das famílias são aproveitados para fins comerciais na loja de ‘souvenirs’”.
O assunto gerou polémica nos Estados Unidos, com as famílias das vítimas a acusarem o museu de tentar ganhar dinheiro à custa dos mortos. Na resposta, os responsáveis pelo espaço contrapõem com as receitas das vendas de produtos e recordações, essenciais para financiar o projecto que mantém viva a memória dos piores atentados da história recente.
A empresa EarthCam filmou durante dez anos a construção do museu
O espaço é todo ele um convite à reconstituição da tragédia. “O espaço onde se encontravam as torres está preenchido por dois tanques a uma cota muito baixa”, em que a água cai das cascatas, “dando a sensação de que os edifícios estão a cair ali mesmo outra vez, aos nossos pés”, descreve Inês Coutinho.
A normalidade pós-11 de Setembro
A sensação de segurança dos nova-iorquinos não é a mesma. Mas a vida é a de sempre. A cidade tem um ritmo frenético 24 sobre 24 horas, sete dias por semana. “É o mais normal possível”, admite Filipa. Mas há alertas, receios e preconceitos que os atentados criaram. E que, provavelmente, irão perdurar por muitas gerações de norte-americanos.
“Há sempre alguma desconfiança quando se vê alguém de ascendência árabe e esse é um preconceito que está profundamente enraizado na sociedade norte-americana”. Assim como o medo. E “basta andar de metro em Nova Iorque para ver e escutar permanentemente os apelos às pessoas para que denunciem toda e qualquer atitude ou objecto eventualmente suspeito”.
Até os dados pessoais se tornaram mais permeáveis em função da febre securitária que se instalou nos Estados Unidos. “Uma pessoa não faz ideia dos dados que tem de fornecer a vários serviços para coisas tão simples como um contrato de electricidade para casa”, refere esta cidadã portuguesa.
A cidade das homenagens espontâneas
Por causa da correria do quotidiano, Filipa nunca conseguiu regressar ao local dos atentados. Mas diz que por toda a cidade surgem instantes espontâneos de homenagem aos inocentes e aos heróis que perderam a vida.
“Qualquer evento relacionado com os atentados é motivo para despertar a memória colectiva, enaltecendo aqueles que, à custa da própria vida, fizeram o possível para salvar milhares de vidas”.
Esta quarta-feira é mais uma oportunidade para os recordar. O Museu Ground Zero é um misto de documento histórico, cemitério e atracção turística.
O projecto da Associação de Famílias das Vítimas dos Atentados de Nova Iorque vai receber os corpos de 1.115 das pessoas que morreram nas Torres Gémeas e que nunca foram identificadas.
Através de passeios e visitas guiadas, exposições e programas será possível conhecer a história de cada pessoa que ali perdeu a vida.
Abre esta quarta-feira ao público, em Nova Iorque, o Museu Ground Zero, onde estão os restos mortais das vítimas não identificadas dos atentados de 11 de Setembro de 2001 contra as Torres Gémeas.
A Renascença quis perceber o significado do novo museu para os norte-americanos e falou com duas portuguesas residentes na cidade. Para quem lá vive, o Ground Zero não é necessariamente um local de romagem constante. É a presença permanente de uma tragédia cruel que nunca mais se esquece, diz Filipa Correia, funcionária das Nações Unidas.
Foi pela primeira vez a Nova Iorque em 1999, como turista. Esteve então “mesmo ao pé das duas torres do World Trade Center” e, quando o 11 de Setembro aconteceu, teve “a percepção exacta do que era aquela imensidão a cair em cima das pessoas e com tanta gente lá dentro”. Uma experiência chocante vivenciada à distância.
Tal como a maioria dos portugueses, Filipa assistiu ao 11 de Setembro em directo pela televisão à hora de almoço. “Era algo inconcebível para os norte-americanos”, diz esta portuguesa, que se fixou há cerca de um ano em Nova Iorque, mas que nunca mais regressou ao local dos atentados.
“A vida do dia-a-dia não permite e sempre que passo lá perto vejo filas intermináveis”, que duram horas e mais horas. Só os muitos milhões de turistas que andam de passagem por Nova Iorque não desencorajam e esperam o tempo necessário para visitarem o local.
Tirar partido da experiência
Inês Coutinho vive em Lisboa, mas passou recentemente por Nova Iorque. Foram três meses “à procura de trabalho e para melhorar o inglês”. Esta arquitecta paisagista recorda “a vulnerabilidade” que sentiu ao visitar o memorial às vítimas do 11 de Setembro. Ao mesmo tempo, choca-a “a forma como a morte de inocentes e o desespero das famílias são aproveitados para fins comerciais na loja de ‘souvenirs’”.
O assunto gerou polémica nos Estados Unidos, com as famílias das vítimas a acusarem o museu de tentar ganhar dinheiro à custa dos mortos. Na resposta, os responsáveis pelo espaço contrapõem com as receitas das vendas de produtos e recordações, essenciais para financiar o projecto que mantém viva a memória dos piores atentados da história recente.
A empresa EarthCam filmou durante dez anos a construção do museu
O espaço é todo ele um convite à reconstituição da tragédia. “O espaço onde se encontravam as torres está preenchido por dois tanques a uma cota muito baixa”, em que a água cai das cascatas, “dando a sensação de que os edifícios estão a cair ali mesmo outra vez, aos nossos pés”, descreve Inês Coutinho.
A normalidade pós-11 de Setembro
A sensação de segurança dos nova-iorquinos não é a mesma. Mas a vida é a de sempre. A cidade tem um ritmo frenético 24 sobre 24 horas, sete dias por semana. “É o mais normal possível”, admite Filipa. Mas há alertas, receios e preconceitos que os atentados criaram. E que, provavelmente, irão perdurar por muitas gerações de norte-americanos.
“Há sempre alguma desconfiança quando se vê alguém de ascendência árabe e esse é um preconceito que está profundamente enraizado na sociedade norte-americana”. Assim como o medo. E “basta andar de metro em Nova Iorque para ver e escutar permanentemente os apelos às pessoas para que denunciem toda e qualquer atitude ou objecto eventualmente suspeito”.
Até os dados pessoais se tornaram mais permeáveis em função da febre securitária que se instalou nos Estados Unidos. “Uma pessoa não faz ideia dos dados que tem de fornecer a vários serviços para coisas tão simples como um contrato de electricidade para casa”, refere esta cidadã portuguesa.
A cidade das homenagens espontâneas
Por causa da correria do quotidiano, Filipa nunca conseguiu regressar ao local dos atentados. Mas diz que por toda a cidade surgem instantes espontâneos de homenagem aos inocentes e aos heróis que perderam a vida.
“Qualquer evento relacionado com os atentados é motivo para despertar a memória colectiva, enaltecendo aqueles que, à custa da própria vida, fizeram o possível para salvar milhares de vidas”.
Esta quarta-feira é mais uma oportunidade para os recordar. O Museu Ground Zero é um misto de documento histórico, cemitério e atracção turística.
O projecto da Associação de Famílias das Vítimas dos Atentados de Nova Iorque vai receber os corpos de 1.115 das pessoas que morreram nas Torres Gémeas e que nunca foram identificadas.
Através de passeios e visitas guiadas, exposições e programas será possível conhecer a história de cada pessoa que ali perdeu a vida.
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