Roma não se fez em um dia. E pede muito tempo para um mínimo de entendimento. A cidade é um caleidoscópio de atrações, monumentos, exposições de arte, visitas indispensáveis e básicas, shows, concertos, turistas. Muitos turistas. Chineses e russos, lotando todos os espaços, mudando hábitos dos verdadeiros romanos. Hoje Roma é também a cidade dos imigrantes de Bangladesh e alguns do Egito.E sobram os ciganos da Europa central.
Interior do museu MAXXI, projetado pela arquiteta iraquiana Zahadi CULTURA PARA O POVO
Roma vista de Trinita dei Monti, com as famosas escadarias da Praça Espanha (foto: Dayse Regina Ferreira)
Pequenos, morenos, estão por toda parte, como formigas: vendendo rosas, que costumam empurrar nas mãos ou bolsas dos visitantes; oferecendo uma bola de gel que jogam para esparramar no chão e voltar à primeira forma; carregando uma penca de guarda chuvas conforme a previsão do clima; empurrando cartões postais, mini Coliseus, chaveiros e toda sorte de parafernália made in China. Os africanos são os que vendem cópias de acessórios e sempre fogem quando aparece a polícia.
A verdade é que as bancas e as tendas autorizadas ou não, estão em todas as calçadas e escadarias com os vendedores atacam aos passantes, insistentes, em um modus operandi bem consolidado. Vestidos, bolsas, bagagem, quinquilharias são produtos oferecidos por 80% dos imigrantes. Um comércio milionário, explorado pelos empregadores da mão de obra barata, escrava. Cosméticos, acessórios de cozinha, echarpes, anéis e brincos, colares e objetos tecnológicos, tudo pode ser adquirido nas bancas ou no pano estendido na calçada. Todas as ruas por onde passam turistas estão tomadas, não importa o destino. Onde até o poste de aviso de estacionamento proibido, acaba se transformando em cabide para mostruário.
Tomam conta das calçadas, invadem caminhos e dominam completamente a famosa feira dominical do Trastevere, -- Porta Portese --, que já não é mais aquela. Ao invés de ser o lugar de comprar antiguidades e velharias, como era o Mercado das Pulgas, agora tem quilômetros de barracas como um corredor polonês, só com roupas e bijuterias, óculos de sol , meias e sapatos de quinta categoria, também made in China. Todas atendidas pelos que imigraram de Bangladesh. O mundo mudou.
As filas são colossais em todas as atrações e lugares. Na Notte dei Musei, quando as grandes salas de exposições de 90 museus permaneceram abertas até 22 horas, 210.000 visitantes esperaram até 2 horas na fila para entrar no Mercado de Trajano, na Scuderie del Quirinale e Museu Capitolino, entre outros 150 eventos. No Capitolino foram 8.600 ingressos em um único dia. Uma verdadeira loucura cultural de cidadãos e turistas. Entradas grátis ou a 1 euro, bons motivos para tanto esforço e tanta paciência.
Nos dias normais, pagando em geral 16 ou 18 euros a entrada sem descontos, tudo fica mais fácil. Dá para ver uma das maiores mostras do trabalho de Frida Kahlo no Quirinal, rever as maravilhas da Galeria de Villa Borghese ( é indispensável fazer reserva com antecedência, por telefone ou e-mail), conhecer a modernidade do Maxxi, --Museo nazionale delle arti del XXI secolo -, a incrível transformação de uma caserna em cenário futurista, criado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid.
Foi lá que o príncipe Harry, sua Alteza Real, apresentou no domingo 18 de maio, em meio a música ao vivo, danças e filmes, o projeto do pavilhão da Grã-Bretanha para a Expo Milão 2015, evento que tem ocupado as primeiras páginas dos jornais italianos, embora pelo lado negativo. O museu é ligado aos trabalhos arquitetônicos no mundo e, no momento, faz destaque para os arquitetos italianos e seus projetos internacionais. Lina Bo Bardi e o museu paulista Masp figuram na mostra.
Também dá para ver Andy Warhol, Turner e outros ingleses de 1800. Quem perdeu Giacometti na Galeria Borghese, vai poder ver Michelangelo no Museu Capitolino. Roma é assim.
Detalhe da fontana dei Fiumi, na Piazza Navona, antigas ruínas do stadium de Diocleciano, praça onde fica a embaixada do Brasil
REVENDO A HISTÓRIA
É sempre bom rever o Forum Romano, subir os inúmeros degraus do Campidoglio e visitar Marco Aurélio e a Loba com Romulo e Remo originais, guardados dentro do museu, em espaços especiais.O museu Capitolino é o mais antigo do mundo e um dos mais importantes de Roma.No acervo, antiguidades romanas, trabalhos de Bernini, Cavalier d’Arpino, Caravaggio. Desde 27 de maio, o museu tem mostra dedicada à celebração dos 450 anos de morte de Michelangelo (1564 -2014). A estátua de bronze de Marco Aurélio, uma das únicas remanescentes da Antiguidade (as outras foram derretidas para fazer decoração e o baldaquino de Bernini, onde só o papa pode rezar missa), foi colocada no centro da praça projetada por Michelangelo. Hoje, a que fica ao ar livre, é cópia.
O QUE ESTÁ NA MODA
A nova onda é fazer casamento civil no Colosseum. Chineses, japoneses, turistas que viajam para realizar casamento, já estão adotando o esquema. Outros ainda preferem fazer o casamento em Trinita del Monte, para descer a escadaria da Praça de Espanha. Não é difícil, em dia de chuva, encontrar a noiva oriental carregando a barra do vestido branco levantada, na calçada estreitinha da via del Babuino, o noivo empurrando uma mala vindo atrás .É uma cena kitsch, com a qual os romanos vão se habituando.
O lugar preferido para casamentos seria a Capela Sistina, mas têm destaque a pequena igreja consagrada nas termas de Caracalla ou em Ostia Antica. Uma cerimônia que custa 150 euros para os romanos, e 1.200 euros para os turistas estrangeiros. Tarifas que estão em constante aumento pela grande procura .Uma preciosa receita para o município.
Forum Romano, a cidade antiga, vista da colina Capitolina
O QUE FAZ SUCESSO
O papa Francisco continua fazendo sucesso de público e crítica. No momento, todos esperam as quintas feiras para adquirir, junto com o jornal Corriere della Sera, os livros editados com licença de La Civilità Cattolica – “La biblioteca di Papa Francesco” – livros preferidos por Jorge Mario Bergoglio, que confessa: “Amei muitos autores diferentes entre si. Amo muito Dostoievski e Hölderlin. De Hölderlin lembro sempre da poesia para o aniversário de sua avó, que é de grande beleza e que me fez muito bem espiritualmente”.
Lendo os livros preferidos do papa, fica mais fácil encontrar a chave para entrar em seu mundo interior. São vinte volumes reunidos por Antonio Spadaro, entre clássicos de todos os tempos e obras de valor reencontradas: textos sérios, romances, teatro e poesia. Uma verdadeira galáxia de pensamentos e de histórias, que refletem a riqueza interior e a experiência do homem Bergoglio. O primeiro volume foi “Tardi ti ho amato”de Ethel Mannin. Também foi lançado no Vaticano um perfume-souvenir, algo como Perfume da Fé.
Constantino II em pedaços de uma estátua gigantesca do século 4o d.C. no pátio do Museu Capitolino
COMIDINHAS
A Itália em geral, e Roma em particular, ganham destaque no quesito gastronomia. Massas, molhos, vinhos, queijos, embutidos. No momento, no entanto, os italianos estão preocupados com a qualidade do que está sendo oferecido no mercado. É que a massa de tomate está vindo do Marrocos, o presunto da Alemanha, o azeite da Espanha e a pasta não tem indicação da origem do trigo, a carne suína dos embutidos é importada, a metade da mozzarela é feita com leite sem definição da proveniência, carneiros, ovelhas e coelhos não indicam de onde saíram. Mas tudo leva a etiqueta “made in Italy”, um problema que agora alguns políticos e comerciantes estão tentando resolver, visando a feira de alimentação que vai acontecer em Veneza, junto com a Expo Milão 2015.
As afirmações são de Roberto Moncalvo, presidente da Coldiretti: “os enganos do fingido made in Italy já estão em dois de cada três presuntos vendidos como italianos, mas provenientes de porcos criados no exterior. Em cada quatro pacotes de leite de longa vida, três são estrangeiros, sem especificação na etiqueta. Um terço das massas de grãos é feito com cultivos fora da Itália, sem que o consumidor seja alertado, assim como a metade da mozzarelle”.
Tudo porque os importados custam menos, mas são de baixa qualidade. As adulterações custaram ao país, em 15 anos, 5 bilhões de euros. E 82% dos problemas alimentares verificados na Itália em 2013, foram devidos aos produtos de baixa qualidade e origem não indicada. Em 2003, quando surgiu a peste da vaca louca, foi criada a obrigação de indicar a proveniência da carne bovina e a qualidade, variedade e proveniência dos produtos como frutas e verduras frescas. Há regras também para ovos (2004), mel, e até de azeitonas utilizadas no azeite (2009). Mas as etiquetas continuam uma incógnita para carnes, salames, sucos de frutas, massas e queijos, entre outros. Regras existem. Difícil é controla-las, já que 33% dos produtos contêm materiais estrangeiros, embora levem a marca made in Italy.
Marco Aurélio, estátua equestre do 2o sec. d.C., que ficava no centro do Campidoglio. Hoje está no palazzo Nuovo
BOA MESA
Quem quiser provar da boa culinária romana ou internacional tem algumas boas escolhas: em ambiente luxuoso e requintado, a gastronomia do Hotel Majestic, na Via Veneto, assinada por Massimo Riccoli. O brunch de domingo é famoso e, para os hóspedes, o café da manhã diário é um banquete, regado a Prosecco. Tradicional é o Ristorante da Fortunato, na Via del Pantheon. Infelizmente o dono morreu em março deste ano, mas a equipe continua a qualidade de sempre, desde 1975. Também tradicional é o Cetímio al Arancio, sempre levado pela mesma família há décadas. Fica na pequena travessa Arancio, logo atrás do edifício-loja da Fendi, onde a Via Condotti encontra a Via del Corso (Largo Goldoni).
Um restaurante que foi o preferido de todas estrelas no passado, hoje reduto dos americanos, é o Flavia, sempre boa opção. Para cor local, La Carbonara, no Campo de Fiori. É comida simples, feita com os produtos do próprio mercado em frente. No primeiro andar, as mesas dão para a feira de frutas, legumes e flores e para a estátua de Giordano Bruno, filósofo queimado na fogueira, no meio daquela praça, em 1600. Saindo do Campidoglio, experimente o Vecchia Roma (Piazza Campitelli), com culinária regional em interior do século 18 e bom atendimento.
Muito famoso é o Checchino dal 1887, via di Monte Testaccio, em frente ao antigo matadouro, hoje museu. Fica longe do centro e o táxi vai custar para chegar ao local da origem da cozinha romana, há mais de um século. As especialidades são vísceras, tripas, intestinos, cauda, que antes eram jogadas fora pelo matadouro. Pratos recomendados só para os iniciados, é claro.
Pode ser interessante, mas pode acontecer também de você ficar sozinho, único cliente, e o ambiente pesar. O maître, gripado, assoava o nariz a todo instante, como as trombetas do Apocalípse. Nada agradável. Garçons, sommelier e até o chef, ficavam adejando em torno. Não foi boa experiência, ainda mais que no centro das mesas, vasinhos tinham a flor cravo de defunto como enfeite. E a conta é salgada.Tradição também se paga.
Como o café da manhã pode ser farto, se você estiver hospedado no Majestic, por exemplo, e o almoço costuma ser depois das 14 horas, o melhor é passar em um mercado e comprar as boas frutas da época, resolvendo o jantar. Ou inverter tudo, fazer lanchinho no almoço e escolher a melhor mesa para curtir a noite, agora que o verão se aproxima e a vida noturna é animada. Roma continua bela, aproveite.
O BÁSICO INDISPENSÁVEL
FORUM ROMANO – Colina Palatina: coração da antiga Roma, com o Arco de Titus, Templo de Saturno, Casa das Vestais. Subindo a Colina do Palatino, Domus Flavia e o Museu Palatino. BASILICA DE SÃO PEDRO – A maior igreja do mundo, com trabalhos de Michelangelo (Pieta) e o baldaquino de Bernini, entre outras grandes obras de arte. CAPELA SISTINA – Além de arte egípcia, etrusca, romana e da Renascença e do Barroco, obras de Rafael, Caravaggio, Canova, Michelangelo. PALACIO QUIRINAL – centro do governo italiano, que abre portas para visitação somente aos domingos entre 8h30 e meio dia. COLOSSEUM – para explorar os templos do conhecimento e o mundo antigo. CASTELO ST. ANGELO – mausoléu do imperador Adriano, transformado em fortaleza muitos séculos depois, hoje museu. CAMPIDOGLIO e MUSEU PALATINO – para ver Roma de outro ângulo. PIAZZA NAVONA – uma das mais bonitas praças de Roma, e do mundo. O centro é a Fonte dos Quatro Rios, de Bernini, com obelisco egípcio e esculturas dos maiores rios do mundo. ESCADARIA da Praça de Espanha – os degraus mais famosos do planeta. Ponto turístico mais procurado, a igreja de Trinità dei Monti e o largo em frente, proporcionam uma fantástica vista sobre Roma, agora lotado de ambulantes de Bangladesh. FONTANA DE TREVI – Jogar três moedas na fonte lembra os filmes da MGM do passado e o clássico de Fellini.A fonte barroca foi projetada por Nicola Salvi e a visita, com moedinhas e fotos, garante um retorno certo.
Interior do museu MAXXI, projetado pela arquiteta iraquiana Zahadi CULTURA PARA O POVO
Roma vista de Trinita dei Monti, com as famosas escadarias da Praça Espanha (foto: Dayse Regina Ferreira)
Pequenos, morenos, estão por toda parte, como formigas: vendendo rosas, que costumam empurrar nas mãos ou bolsas dos visitantes; oferecendo uma bola de gel que jogam para esparramar no chão e voltar à primeira forma; carregando uma penca de guarda chuvas conforme a previsão do clima; empurrando cartões postais, mini Coliseus, chaveiros e toda sorte de parafernália made in China. Os africanos são os que vendem cópias de acessórios e sempre fogem quando aparece a polícia.
A verdade é que as bancas e as tendas autorizadas ou não, estão em todas as calçadas e escadarias com os vendedores atacam aos passantes, insistentes, em um modus operandi bem consolidado. Vestidos, bolsas, bagagem, quinquilharias são produtos oferecidos por 80% dos imigrantes. Um comércio milionário, explorado pelos empregadores da mão de obra barata, escrava. Cosméticos, acessórios de cozinha, echarpes, anéis e brincos, colares e objetos tecnológicos, tudo pode ser adquirido nas bancas ou no pano estendido na calçada. Todas as ruas por onde passam turistas estão tomadas, não importa o destino. Onde até o poste de aviso de estacionamento proibido, acaba se transformando em cabide para mostruário.
Tomam conta das calçadas, invadem caminhos e dominam completamente a famosa feira dominical do Trastevere, -- Porta Portese --, que já não é mais aquela. Ao invés de ser o lugar de comprar antiguidades e velharias, como era o Mercado das Pulgas, agora tem quilômetros de barracas como um corredor polonês, só com roupas e bijuterias, óculos de sol , meias e sapatos de quinta categoria, também made in China. Todas atendidas pelos que imigraram de Bangladesh. O mundo mudou.
As filas são colossais em todas as atrações e lugares. Na Notte dei Musei, quando as grandes salas de exposições de 90 museus permaneceram abertas até 22 horas, 210.000 visitantes esperaram até 2 horas na fila para entrar no Mercado de Trajano, na Scuderie del Quirinale e Museu Capitolino, entre outros 150 eventos. No Capitolino foram 8.600 ingressos em um único dia. Uma verdadeira loucura cultural de cidadãos e turistas. Entradas grátis ou a 1 euro, bons motivos para tanto esforço e tanta paciência.
Nos dias normais, pagando em geral 16 ou 18 euros a entrada sem descontos, tudo fica mais fácil. Dá para ver uma das maiores mostras do trabalho de Frida Kahlo no Quirinal, rever as maravilhas da Galeria de Villa Borghese ( é indispensável fazer reserva com antecedência, por telefone ou e-mail), conhecer a modernidade do Maxxi, --Museo nazionale delle arti del XXI secolo -, a incrível transformação de uma caserna em cenário futurista, criado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid.
Foi lá que o príncipe Harry, sua Alteza Real, apresentou no domingo 18 de maio, em meio a música ao vivo, danças e filmes, o projeto do pavilhão da Grã-Bretanha para a Expo Milão 2015, evento que tem ocupado as primeiras páginas dos jornais italianos, embora pelo lado negativo. O museu é ligado aos trabalhos arquitetônicos no mundo e, no momento, faz destaque para os arquitetos italianos e seus projetos internacionais. Lina Bo Bardi e o museu paulista Masp figuram na mostra.
Também dá para ver Andy Warhol, Turner e outros ingleses de 1800. Quem perdeu Giacometti na Galeria Borghese, vai poder ver Michelangelo no Museu Capitolino. Roma é assim.
Detalhe da fontana dei Fiumi, na Piazza Navona, antigas ruínas do stadium de Diocleciano, praça onde fica a embaixada do Brasil
REVENDO A HISTÓRIA
É sempre bom rever o Forum Romano, subir os inúmeros degraus do Campidoglio e visitar Marco Aurélio e a Loba com Romulo e Remo originais, guardados dentro do museu, em espaços especiais.O museu Capitolino é o mais antigo do mundo e um dos mais importantes de Roma.No acervo, antiguidades romanas, trabalhos de Bernini, Cavalier d’Arpino, Caravaggio. Desde 27 de maio, o museu tem mostra dedicada à celebração dos 450 anos de morte de Michelangelo (1564 -2014). A estátua de bronze de Marco Aurélio, uma das únicas remanescentes da Antiguidade (as outras foram derretidas para fazer decoração e o baldaquino de Bernini, onde só o papa pode rezar missa), foi colocada no centro da praça projetada por Michelangelo. Hoje, a que fica ao ar livre, é cópia.
O QUE ESTÁ NA MODA
A nova onda é fazer casamento civil no Colosseum. Chineses, japoneses, turistas que viajam para realizar casamento, já estão adotando o esquema. Outros ainda preferem fazer o casamento em Trinita del Monte, para descer a escadaria da Praça de Espanha. Não é difícil, em dia de chuva, encontrar a noiva oriental carregando a barra do vestido branco levantada, na calçada estreitinha da via del Babuino, o noivo empurrando uma mala vindo atrás .É uma cena kitsch, com a qual os romanos vão se habituando.
O lugar preferido para casamentos seria a Capela Sistina, mas têm destaque a pequena igreja consagrada nas termas de Caracalla ou em Ostia Antica. Uma cerimônia que custa 150 euros para os romanos, e 1.200 euros para os turistas estrangeiros. Tarifas que estão em constante aumento pela grande procura .Uma preciosa receita para o município.
Forum Romano, a cidade antiga, vista da colina Capitolina
O QUE FAZ SUCESSO
O papa Francisco continua fazendo sucesso de público e crítica. No momento, todos esperam as quintas feiras para adquirir, junto com o jornal Corriere della Sera, os livros editados com licença de La Civilità Cattolica – “La biblioteca di Papa Francesco” – livros preferidos por Jorge Mario Bergoglio, que confessa: “Amei muitos autores diferentes entre si. Amo muito Dostoievski e Hölderlin. De Hölderlin lembro sempre da poesia para o aniversário de sua avó, que é de grande beleza e que me fez muito bem espiritualmente”.
Lendo os livros preferidos do papa, fica mais fácil encontrar a chave para entrar em seu mundo interior. São vinte volumes reunidos por Antonio Spadaro, entre clássicos de todos os tempos e obras de valor reencontradas: textos sérios, romances, teatro e poesia. Uma verdadeira galáxia de pensamentos e de histórias, que refletem a riqueza interior e a experiência do homem Bergoglio. O primeiro volume foi “Tardi ti ho amato”de Ethel Mannin. Também foi lançado no Vaticano um perfume-souvenir, algo como Perfume da Fé.
Constantino II em pedaços de uma estátua gigantesca do século 4o d.C. no pátio do Museu Capitolino
COMIDINHAS
A Itália em geral, e Roma em particular, ganham destaque no quesito gastronomia. Massas, molhos, vinhos, queijos, embutidos. No momento, no entanto, os italianos estão preocupados com a qualidade do que está sendo oferecido no mercado. É que a massa de tomate está vindo do Marrocos, o presunto da Alemanha, o azeite da Espanha e a pasta não tem indicação da origem do trigo, a carne suína dos embutidos é importada, a metade da mozzarela é feita com leite sem definição da proveniência, carneiros, ovelhas e coelhos não indicam de onde saíram. Mas tudo leva a etiqueta “made in Italy”, um problema que agora alguns políticos e comerciantes estão tentando resolver, visando a feira de alimentação que vai acontecer em Veneza, junto com a Expo Milão 2015.
As afirmações são de Roberto Moncalvo, presidente da Coldiretti: “os enganos do fingido made in Italy já estão em dois de cada três presuntos vendidos como italianos, mas provenientes de porcos criados no exterior. Em cada quatro pacotes de leite de longa vida, três são estrangeiros, sem especificação na etiqueta. Um terço das massas de grãos é feito com cultivos fora da Itália, sem que o consumidor seja alertado, assim como a metade da mozzarelle”.
Tudo porque os importados custam menos, mas são de baixa qualidade. As adulterações custaram ao país, em 15 anos, 5 bilhões de euros. E 82% dos problemas alimentares verificados na Itália em 2013, foram devidos aos produtos de baixa qualidade e origem não indicada. Em 2003, quando surgiu a peste da vaca louca, foi criada a obrigação de indicar a proveniência da carne bovina e a qualidade, variedade e proveniência dos produtos como frutas e verduras frescas. Há regras também para ovos (2004), mel, e até de azeitonas utilizadas no azeite (2009). Mas as etiquetas continuam uma incógnita para carnes, salames, sucos de frutas, massas e queijos, entre outros. Regras existem. Difícil é controla-las, já que 33% dos produtos contêm materiais estrangeiros, embora levem a marca made in Italy.
Marco Aurélio, estátua equestre do 2o sec. d.C., que ficava no centro do Campidoglio. Hoje está no palazzo Nuovo
BOA MESA
Quem quiser provar da boa culinária romana ou internacional tem algumas boas escolhas: em ambiente luxuoso e requintado, a gastronomia do Hotel Majestic, na Via Veneto, assinada por Massimo Riccoli. O brunch de domingo é famoso e, para os hóspedes, o café da manhã diário é um banquete, regado a Prosecco. Tradicional é o Ristorante da Fortunato, na Via del Pantheon. Infelizmente o dono morreu em março deste ano, mas a equipe continua a qualidade de sempre, desde 1975. Também tradicional é o Cetímio al Arancio, sempre levado pela mesma família há décadas. Fica na pequena travessa Arancio, logo atrás do edifício-loja da Fendi, onde a Via Condotti encontra a Via del Corso (Largo Goldoni).
Um restaurante que foi o preferido de todas estrelas no passado, hoje reduto dos americanos, é o Flavia, sempre boa opção. Para cor local, La Carbonara, no Campo de Fiori. É comida simples, feita com os produtos do próprio mercado em frente. No primeiro andar, as mesas dão para a feira de frutas, legumes e flores e para a estátua de Giordano Bruno, filósofo queimado na fogueira, no meio daquela praça, em 1600. Saindo do Campidoglio, experimente o Vecchia Roma (Piazza Campitelli), com culinária regional em interior do século 18 e bom atendimento.
Muito famoso é o Checchino dal 1887, via di Monte Testaccio, em frente ao antigo matadouro, hoje museu. Fica longe do centro e o táxi vai custar para chegar ao local da origem da cozinha romana, há mais de um século. As especialidades são vísceras, tripas, intestinos, cauda, que antes eram jogadas fora pelo matadouro. Pratos recomendados só para os iniciados, é claro.
Pode ser interessante, mas pode acontecer também de você ficar sozinho, único cliente, e o ambiente pesar. O maître, gripado, assoava o nariz a todo instante, como as trombetas do Apocalípse. Nada agradável. Garçons, sommelier e até o chef, ficavam adejando em torno. Não foi boa experiência, ainda mais que no centro das mesas, vasinhos tinham a flor cravo de defunto como enfeite. E a conta é salgada.Tradição também se paga.
Como o café da manhã pode ser farto, se você estiver hospedado no Majestic, por exemplo, e o almoço costuma ser depois das 14 horas, o melhor é passar em um mercado e comprar as boas frutas da época, resolvendo o jantar. Ou inverter tudo, fazer lanchinho no almoço e escolher a melhor mesa para curtir a noite, agora que o verão se aproxima e a vida noturna é animada. Roma continua bela, aproveite.
O BÁSICO INDISPENSÁVEL
FORUM ROMANO – Colina Palatina: coração da antiga Roma, com o Arco de Titus, Templo de Saturno, Casa das Vestais. Subindo a Colina do Palatino, Domus Flavia e o Museu Palatino. BASILICA DE SÃO PEDRO – A maior igreja do mundo, com trabalhos de Michelangelo (Pieta) e o baldaquino de Bernini, entre outras grandes obras de arte. CAPELA SISTINA – Além de arte egípcia, etrusca, romana e da Renascença e do Barroco, obras de Rafael, Caravaggio, Canova, Michelangelo. PALACIO QUIRINAL – centro do governo italiano, que abre portas para visitação somente aos domingos entre 8h30 e meio dia. COLOSSEUM – para explorar os templos do conhecimento e o mundo antigo. CASTELO ST. ANGELO – mausoléu do imperador Adriano, transformado em fortaleza muitos séculos depois, hoje museu. CAMPIDOGLIO e MUSEU PALATINO – para ver Roma de outro ângulo. PIAZZA NAVONA – uma das mais bonitas praças de Roma, e do mundo. O centro é a Fonte dos Quatro Rios, de Bernini, com obelisco egípcio e esculturas dos maiores rios do mundo. ESCADARIA da Praça de Espanha – os degraus mais famosos do planeta. Ponto turístico mais procurado, a igreja de Trinità dei Monti e o largo em frente, proporcionam uma fantástica vista sobre Roma, agora lotado de ambulantes de Bangladesh. FONTANA DE TREVI – Jogar três moedas na fonte lembra os filmes da MGM do passado e o clássico de Fellini.A fonte barroca foi projetada por Nicola Salvi e a visita, com moedinhas e fotos, garante um retorno certo.
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.bemparana.com.br/noticia/328827/roma-dourada-do-passado-e-do-presente
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