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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A atual exposição já esteve no Tate Modern Museum de Londres, no ano passado e na Fundação Serralves de Portugal

Mira Schendel: profundidade vivencia
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Obra da artista Mira Schendel

Uma grande mostra composta por 300 obras da artista suíça Mira Schendel (1919-1988) na Pinacoteca do Estado (Praça da Luz, 2, Luz) se destaca no panorama cultural de São Paulo por representar uma oportunidade única para o apreciador ter uma visão geral de uma obra impactante pela sutileza dos confrontos. A atual exposição já esteve no Tate Modern Museum de Londres, no ano passado e na Fundação Serralves de Portugal obtendo grande sucesso com intenso público.

Abrangendo 34 anos de produção artística desde as naturezas-mortas executadas nos anos 50 aos trabalhos em acrílica e tempera sobre madeira da série Sarrafos (1987), a mostra faz uma releitura de questões marcantes, evocando clássicos como o épico Ilíada.

Sua obra sempre esteve envolta na reflexão filosófica e no fluxo religioso numa dimensão atemporal, nascida em Zurique, era filha de pai tcheco e de mãe italiana de Nápoles, apesar de ascendência judaica foi batizada e criada nas normas do catolicismo, tendo frequentado escola no norte da Itália, na cidade de Milão, onde estudou Filosofia na Università Cattolica Del Sacro Cuore, mas com a intensa perseguição aos judeus no florescer da II Guerra Mundial, acabou indo junto com sua mãe para a Croácia. Em Saravejo, contraiu matrimonio com Jossip Hargesheimer, adotando o sobrenome do marido, tempos depois, em 1949, emigra para Porto Alegre, publicando artigos no jornal Correio do Povo fazendo uma série de denúncias sobre as péssimas condições sofridas pelos refugiados que desembarcavam no Brasil. Em 1950, Mira inicia o seu percurso artístico pintando , transferindo-se para São Paulo, em julho de 1953, mas somente em 1960, casou-se com Knut Schendel.

A sua obra reflete toda a sua vivencia conectada com a real dimensão do ser humano frente aos desafios constantes propostos pelas circunstancias que fogem do controle. A fragilidade humana exposta na expressividade artística com profundas reflexões caracteriza-se na poética de Mira, uma obra aberta a amplas interpretações, permitindo devaneios estéticos prazerosos na busca do vazio na sua origem e no arrojo de uma concepção plástica extremamente transparente, apesar das enigmáticas incursões onde surgem dicotomias, confrontos e imagens rompendo espaços em traços, letras, frases a diagnosticarem novos tempos.

Um dos grandes destaques de sua obra é a série de Monotipias, realizadas em papel-arroz, entre 1964 e 1966, mas revisitadas nos anos 70 despertando o vazio na destreza de traços a desempenharem um ritmo gráfico na sensibilidade da ação e do suporte.

A sua trajetória espelhou a produção de uma obra repleta de signos, de símbolos como mandalas, objetos gráficos, toquinhos, além da série Droguinhas que contribuiu sensivelmente para o aprimoramento da linguagem do movimento, uma obra multidirecional capaz de estimular as mais variadas reflexões simplesmente pela singeleza de um traço gestual.

fonte: José Henrique Fabre Rolim (Colunista) @edison.mariotti #edisonmariotti http://www.dci.com.br/cultura/mira-schendel-profundidade-vivencial-id408914.html

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