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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Seguros de obras de arte prejudicam a cultura na Suíça. Tomar emprestada uma obra de arte é uma grande responsabilidade

Pagar 20 francos para ver uma exposição de Van Gogh em um dos museus de arte da Suíça pode parecer muito, no entanto eles devem arcar com milhões de francos para assegurar as obras, enquanto que em países vizinhos os governos assumem esses custos, poupando as instituições e seus visitantes.

Quando um museu suíço pega alguma obra de arte emprestada para uma exposição, ele deve arcar sozinho com o seguro da obra. Encontrar um equilíbrio entre os empréstimos de peças importantes a serem colocadas em exposição e os grandes volumes de dinheiro para assegurá-las é uma tarefa difícil.

Em outros países, o governo financia esse custo, permitindo que as instituições culturais exponham obras-primas que, caso contrário, custariam uma fortuna para assegurá-las.

É sempre um problema, nós sempre pensamos nisso, diz Stefan Charles, diretor administrativo do Museu de Belas Artes da Basileia (Kunstmuseum Basel).

Por exemplo, uma exposição da obra de Picasso sai muito caro. Provavelmente teremos esse tipo de exposição só uma vez ou outra, pois precisamos encontrar muitos patrocinadores para esse tipo de projeto, conta Charles.

Embora o museu não revele os números exatos, cerca de dois terços do orçamento total é financiado pelo setor público para gastos com pessoal e o funcionamento, o resto é para exposições e aquisições, e é gerado pelo museu, com a ajuda de patrocinadores, como o banco Credit Suisse.

O Museu de Belas Artes da Basileia se orgulha de possuir uma das maiores e mais antigas coleções da Europa, segundo o site da instituição.

Charles espera que o setor público ajude a aumentar o nível e a frequência das exposições de acervos emprestados de outros museus internacionais, garantindo assim que os suíços também tenham acesso a exposições de alto nível como em Londres ou Paris.

E ele não está sozinho, outros museus da Suíça também esperam que o governo implemente um sistema para assegurar as obras de arte emprestadas, como os que já existem há anos na Grã-Bretanha, França e Espanha.

Em Zurique, um sistema de seguro municipal existe para instituições pertencentes à cidade. Ele oferece um regime preferencial sobre os prêmios de seguros devido a um contrato entre o município e duas seguradoras privadas.

O Museu Rietberg, especializado em arte originária da Ásia, África, América e Oceania, usa esse sistema desde o início de 2013.

A indenização garantida pelo Estado é uma coisa maravilhosa para um museu, porque a instituição não precisa desembolsar nada para o prêmio... nenhum centavo sai do caixa dos museus, diz Andrea Kuprecht, secretário do Museu Rietberg.

Valor orientado para o mercado

Para as instituições que enfrentam uma espiral de custos dos seguros, já que o mercado de arte eleva os valores, um sistema garantido pelo governo traria mais estabilidade nesta área.

Nosso orçamento para toda a instituição é de 21 milhões de francos (21,7 milhões de dólares) por ano, revela Charles, acrescentando que 40% dos custos das exposições são gastos com seguros.

Isso varia de algumas centenas de milhares a alguns milhões de francos suíços por exposição, diz.

Os preços das obras de arte só aumentam, mas os prêmios de seguro pagos pelo Museu de Belas Artes da Basileia vêm abaixando. O resultado final é um aumento anual de 10% no custo final para assegurar as obras, de acordo com Charles.

Se os gastos com o seguro continuarem aumentando 10% a cada ano, vai ser mais complicado, ou muito caro, organizar uma grande exposição... ou até exposições de artistas que têm um valor de mercado muito alto.
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.segs.com.br/seguros/24253-seguros-de-obras-de-arte-prejudicam-a-cultura-na-suica.html

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