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domingo, 11 de janeiro de 2015

Paulo Coelho abre fundação na Suíça e museu virtual com 80 mil documentos



No térreo de um prédio residencial em Genebra, Paulo Coelho e sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica, estão finalizando as obras do espaço, de 200 metros quadrados, que abrigará a fundação com o nome do casal.

Christina Oiticica e Paulo Coelho têm a mesma tatuagem: cumplicidade (Foto: Xurxo Lobato/Getty Images)

Na semana passada, o último contêiner com preciosidades do monumental acervo do escritor, até então mantido no Brasil, chegou à cidade suíça, onde ele mora há cinco anos. Fazem parte dele 80 mil documentos – incluindo cartas, manuscritos de seus livros, contratos com editoras do mundo inteiro e rascunhos das letras de suas músicas -, milhares de fotos, presentes de fãs, cartazes de lançamentos de suas obras em 66 idiomas, roupas e até o fardão da Academia Brasileira de Letras.

O mago guarda pastas com os contratos dos quatro cantos do globo terrestre (Foto: Bruno Astuto)

O MAGO NA NUVEM. A fundação, que terá exposições temporárias temáticas, abre as portas ainda no primeiro semestre. Mas por que na Suíça? “A Suíça é uma sede física, porque, como moramos aqui, é mais fácil fazer a curadoria e o processo de digitalização”, diz Paulo. “Mas vou colocar absolutamente tudo na nuvem, numa espécie de museu virtual, para que todos os meus leitores, de todos os países, possam ter acesso ao acervo”.

Com 26 milhões de fãs no Facebook e outros mais de 9,7 milhões no Twitter, Paulo está cada vez mais conectado. “As redes sociais me deram a chance de estar mais presente no dia a dia dos meus leitores e os trazer também para o meu dia a dia. Todos os dias, eu escolho 30 deles para responder”, conta. “Nesse sentido, restringir o acervo a paredes físicas seria algo limitador. Não quero que as pessoas tenham que viajar para a Suíça ou qualquer outro lugar que seja para me encontrar. A nuvem democratiza esse encontro”.

Paulo guarda todos os presentes que recebe dos fãs (Foto: Bruno Astuto)

PINTANDO COM A NATUREZA. Paulo e Christina cogitaram montar a fundação num espaço maior. “Chegamos a ver uma casa de três andares, mas, depois de visitarmos algumas fundações do tipo, achamos que seria um culto ao ego que, definitivamente, não é o nosso objetivo”, diz Christina, atualmente com três exposições em cartaz na Suíça. Desde 2003, ela pinta suas telas e as enterra em caminhos considerados sagrados. Um ano depois, volta aos lugares e, com uma pá, recupera os quadros. “Considero um trabalho feito a quatro mãos, em parceria com a Natureza. É uma forma de chamar a atenção para a preservação do meio ambiente, mas também de trabalhar sobre nossas raízes, nossa relação com os quatro elementos, recuperar o diálogo do ser humano com a Terra para chegar ao espiritual”, diz Christina.

Christina e Paulo em uma visita a Aparecida (Foto: Reprodução)

O primeiro móvel da fundação, que tem paredes pintadas de branco, vermelho e amarelo em homenagem a Nossa Senhora da Rosa Mística, santa de devoção do casal, já está instalado: a mesa em que Paulo escreveu seu primeiro best-seller, O diário de um mago, de 1987. “A mesa estava no nosso apartamento de Copacabana. Ele ia escrevendo e me mostrando o livro. Hoje em dia, escreve de uma vez e me mostra depois. Eu sou a primeira leitora”, conta Christina.

O escritor guarda em pastas, organizadíssimas, matérias suas em jornais e revistas do mundo todo (Foto: Bruno Astuto)

A FESTA DE ANIVERSÁRIO. Como todos os anos, no próximo dia 19 de março ele comemorará seu aniversário (a data para valer é 24 de agosto) com uma festa em homenagem a São José, a quem atribuiu sua sobrevivência após um parto difícil. A celebração, que já passou por Paris, Lisboa, Istambul e Melch, acontecerá em Santiago de Compostela, ponto de destino do famoso Caminho Sagrado medieval ao qual ele devolveu a fama depois da peregrinação retratada em O diário de um mago. A cidade espanhola está em festa com o retorno de seu “padrinho”. Serão 150 convidados para a festa no hotel Parador dos Reis Católicos.

Um panorama da fundação, ainda em fase final de instalação (Foto: Bruno Astuto)

O SUCESSO DE ‘ADULTÉRIO’. Paulo tem motivos para comemorar. Lançado em abril de 2014, seu novo romance, Adultério, já figura nas livrarias de 40 países – na maioria, no topo da lista dos mais vendidos. É seu maior sucesso desde O zahir, de 2005. O tema e o título causaram uma resistência inicial nas editoras. Em dois países, foram vetados. Em outros, de fé muçulmana, o título mudou – sem seu consentimento – para A adúltera. “Incialmente, iria escrever um livro sobre depressão e pedi aos leitores que me mandassem depoimentos sobre o assunto. Nove em cada dez falavam de depressão gerada por casos de traição. Comecei a escrever uma crônica sobre adultério e ela imediatamente cresceu e se tornou um livro”.

O novo romance, muitas vezes, faz companhia aos títulos antigos, como no caso de O alquimista, de 1988, atualmente em segundo lugar na lista de best sellers do jornal americano The New York Times – lista que, detalhe, o livro frequenta há mais de seis anos.

A valiosa mesa de trabalho onde o escritor brasileiro mais traduzido do mundo criou suas obras (Foto: Bruno Astuto)

FALEM DE MIM. Paulo não comenta a adaptação de sua biografia para os cinemas, Não pare na pista, mas deixa entender que gostou do resultado final. “Na verdade, eu não tenho que gostar. A vida da gente só pertence a Deus”. Então não se incomoda com biografias a seu respeito, mesmo sem seu consentimento? “É claro que não. O meu passado não pertence a mim, assim como o meu futuro. A única coisa que temos é o presente, é o rio que está passando agora, diante dos nossos olhos. Ele jamais será igual.



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fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/bruno-astuto/noticia/2015/01/video-bpaulo-coelhob-abre-fundacao-na-suica-e-museu-virtual-com-80-mil-documentos.html

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