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terça-feira, 17 de março de 2015

Uma proposta polêmica e inovadora vai transformar o museu holandês Boijmans van Beuningen em um depósito público de arte privada.

 Na última sexta (13), o diretor da instituição, Sjarel Ex, apresentou o projeto Public Art Depot (depósito de arte pública), que será votado no próximo dia 28 pela Câmara Municipal de Roterdã, cidade que abriga o museu. 

A novidade é que todas as obras preservadas no novo espaço terão acesso público. Se aprovado, o local será concluído em 2018. "Nós somos especialistas em conservação de obras, por isso queremos ajudar os colecionadores privados nessa área, já que nós pensamos na eternidade e, muitas vezes, eles não", disse Ex em um simpósio de arte organizado por ocasião da Tefaf, a feira de arte sediada em Maastricht, que ocorre até o próximo dia 22. O projeto foi criado pelo escritório holandês MRVD com uma área total de 15 mil m2, ao lado da atual sede do museu, e prevê ainda um jardim suspenso com todas as árvores retiradas na área da construção."Elas ficarão melhor elevadas", brincou. 

Criado em 1849, a partir da coleção de advogado holandês Boijmans, o segundo nome do museu veio da coleção van Beuniningen, adquirida pela cidade em 1958. Atualmente ele reúne 145 mil objetos, do período medieval até arte contemporânea. Entre os destaques do acervo estão obras de Rembrandt, Van Gogh, Dali e mesmo contemporâneos como Maurizio Catellan. O novo prédio foi projetado para abrigar a coleção de forma inteiramente pública, contando com sete depósitos privados, que serão alugados a colecionadores aprovados pelo conselho do museu. O custo total é de 50 milhões de euros (cerca de R$ 170 milhões), sendo que 15 milhões (quase R$ 51 milhões) já foram conseguidos com uma instituição privada e o restante viria de verbas municipais. Segundo o diretor, o preço da visita ao museu -hoje em 15 euros (R$ 51)- não vai mudar. 

Em geral, museus conseguem exibir menos de 10% de seu acervo. Com a proposta do Boijmans van Beuningen, todas as obras do museu estarão acessíveis publicamente, dispostas como em uma reserva técnica, sem uma organização curatorial. De acordo com Ex, 50 colecionadores foram consultados e sete já declararam-se interessados em deixas suas obras no museu sobre esse sistema. Atualmente, conta o diretor, a instituição recebe 45% de seu orçamento da prefeitura, o restante é conseguido através da venda de ingressos, do restaurante e da loja. Essa iniciativa é uma alternativa a uma prática comum de colecionadores cederem obras em empréstimos a museus, deixando todos os custos de preservação e conservação ao próprio museu, como João Sattamini, na recente polêmica com o MAC de Niterói. Obras que permanecem em instituições museológicas costumam valer 20% a mais que obras de mãos privadas e, muitas vezes, após décadas de comodato e custos ao museu, colecionadores podem tirar suas obras com um acervo valorizado, sem haver contrapartida para a instituição. 

Uma grande expectativa nesse sentido, por exemplo, é o Museu de Arte Moderna do Rio, que abriga a coleção Gilberto Chateaubriand, sem a garantia que ela irá permanecer no museu. Algo semelhante acaba de ocorrer na Pinacoteca do Estado, que recebe em comodato nesta segunda 176 obras da coleção Roger Wright, por apenas dez anos. (*) O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da Tefaf.

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.bemparana.com.br/noticia/377276/projeto-transforma-museu-holandes-em-deposito-publico-de-arte-privada

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