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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Clicar aqui para ler artigo série 7/7 - A linguagem cinemática: uma nova linguagem? O conteúdo parte para uma abordagem histórica sobre o uso inicial do videoteipe pelas artes plásticas, sua legitimação por grandes museus e seu posterior desdobramento para outras formas de arte englobadas sob o nome de arte-comunicação.

Esse novo cenário multiplicaria suas feições, conectando o cinema a cada situação de uma forma diferente. A partir de então, existiriam várias “culturas de cinema”, reconhecidas pelos seus diferentes discursos, de suas diferentes práticas e de seus vários ambientes de consumo. “O cinema sempre foi um objeto multifacetado, enraizado em vários territórios. [...] 



Seria mais útil pensar ele como uma entidade plural e disseminada, livre de uma única identidade.” (BORDWELL; CARROLL, 1996, p. 37). Essa característica do cinema – de se conformar a diferentes processos

sociais e culturais como componente de algum campo – pode ser o atributo que o torna uma “entidade particular”.

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Em outras palavras, é nesta nova visão historiográfica – onde não há mais “história do cinema”, mas histórias no qual o cinema participa em um plano secundário (e constantemente dissimulado) – que o cinema tende a ser substituído pela “cinemática”. [...] De uma forma mais geral, o sucesso da história social parece apoiar
este papel, no final da qual pode haver teoria, mas uma teoria (decisiva) dos processos culturais e sociais que formam um sinal típico de modernidade. (BORDWELL; CARROLL, 1996, p. 38).
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Como abordar teoricamente as interações existentes entre essas duas áreas específicas, as artes visuais e a produção audiovisual, levando em conta a interdisciplinaridade existente entre esses dois campos de estudo, tendência que se definiu a partir da convergência das áreas, propiciada pelas mídias digitais? Diretamente relacionadas às instituições que se utilizam da obra de arte multimídia, de formas multimídias de exposição e de websites multimidiáticos em um discurso orientado à recepção.

Se fazem necessárias, primeiramente, a delimitação e a configuração teóricas dessas diferentes áreas de aplicação das mídias digitais. Levar em consideração tanto a teoria do cinema e as atuais leituras propostas pela linha culturalista como pelas pesquisas que incorporam o futuro do cinema a uma visão multimidiática da utilização de suas ferramentas e de sua linguagem, como é o caso da linha de pesquisa Movies of the Future Project, desenvolvida dentro do Media lab da MIT. Na questão da convergência das linguagens por meio dos processos multimidiáticos, essa concepção teórica a vê como extensão da linguagem cinematográfica e de seus modos de produção aplicados em outros suportes e mídias. 

Na entrevista “O cinema do futuro: contar estórias com o computador”, realizada por Frank Beacham com Dorianna Davenport para a revista American Cinematographer, em abril de 1995, ela declara:

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A tecnologia digital criou a possibilidade de novas técnicas de se contar estórias que se aproveitam da variável não linear de transmissão de imagem e som. [...] Estas ferramentas incluem protótipos avançados de novos softwares para pré-visualização, escrita, edição e criação de interface humana. (Apud BEACHAM, 1995, p. 4).
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Segundo Davenport, há a necessidade crescente de se comunicar nessas novas formas emergentes da era digital, pois essas oferecem novas oportunidades e novas escolhas. Para ela, os limites entre o realizador e a audiência mudaram, e as novas formas narrativas terão maior complexidade e permitirão à audiência que se engaje em diferentes formas em sua experiência cinemática. (Apud BEACHAM, 1995, p. 4). 

Essa proposta é defendida veementemente pelo teórico Francesco Casseti em vários de seus textos e, em 2007, esse assegurou que desde a segunda metade dos anos 90 (séc. XX), o cinema está passando por transformações profundas, fazendo com que de não tenha mais território próprio, já que se espalhou por vários outros territórios:

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Estas mudanças são tão radicais que levam a acreditar que o cinema parece estar ao ponto de desaparecer mais do que se transformar. De um lado, o cinema está rearticulado em vários campos, muito diferentes uns dos outros para serem mantidos juntos. De outro lado, estes campos estão prontos para serem reabsorvidos em
domínios mais amplos e mais abrangentes. (CASSETI, 2007, p. 36).
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Essa multiplicidade de aplicações da linguagem cinematográfica em diferentes suportes, produtos e ramos de atividades, com suas diferentes formas de consumo, conectam-no a situações mais amplas, “ampliando e confundindo uma identidade que foi considerada estável por anos”. (CASSETI, 2007, p. 36-37).


Considerações finais
O trabalho que está sendo desenvolvido pelas artes em geral, integrando a comunicação e especificamente a linguagem cinematográfica às mais variadas formas de aproveitamento pela via das novas tecnologias digitais, nas exposições de obras de arte-comunicação, como ferramental comunicacional no preparo de exposições, no desenvolvimento de websites para a divulgação de trabalhos ou de obras/jogos multimídias a serem manipuladas pelo usuário/espectador, são as diferentes formas do fazer artístico, que configuram um trabalho criativo e que se apropriaram dos meios de comunicação.

Ao mesmo tempo que surgem novos elementos compositivos específicos relacionados a essa convergência, desde aspectos técnicos a elementos expressivos de linguagem, essa nova era vê surgir não só um novo tipo de imagem – a imagem numérica, assim como um novo sujeito receptor – segundo terminologia usada por Lucia Santaella (2003), mas o sujeito pós-humano.



fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti
produção bibliográfica de Giselle Gubernikoff

Giselle Gubernikoff
Possui o 1o. Ano de Jornalismo pela Fundação Armando Álvares Penteado (1971), graduação em Artes/Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1976), mestre em Artes/ Cinema pela Universidade de São Paulo (1985), doutora em Artes/ Cinema pela Universidade de São Paulo (1992), livre-docência em Ciências da Comunicação/ Publicidade pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo(2000). Professora Titular pela ECA USP em Artes Visuais/Multimídia e Intermídia na especialização Fotografia, Cinema e Vídeo (2002). Atualmente é professora titular do Departamento de Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Audiovisual/ Cinema, com ênfase em Produção, Roteiro e Direção Cinematográficos, atuando principalmente nos seguintes temas: mídias digitais e novas tecnologias de comunicação, linguagem cinematográfica, produção audiovisual, cinema publicitário, representação feminina, cinema brasileiro, cinema e consciência cultural e museologia e mídias digitais.
(Texto informado pelo autor)

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