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domingo, 1 de novembro de 2015

MASP, Brasil, abre diálogo com a moda em exposição de vestidos estampados por artistas dos anos 60

O MASP (Museu de Arte de São Paulo) já flertou com o mundo da moda. Em 1951, um desfile de Christian Dior aconteceu no museu, apenas quatro anos depois do lançamento de seu icônico New Look. No ano seguinte, hospedou um desfile de moda brasileira e, em 1971, o Festival de Moda – I Exposição Retrospectiva da Moda Brasileira. Inaugurada na semana passada, a exposição “Arte na moda: Coleção MASPRhodia”, no entanto, vai muito além. Organizada por Patricia Carta, publisher da Harper’s Bazaar Brasil e curadora de moda do museu desde janeiro, a mostra dá o ponta pé inicial à inserção da moda no calendário de eventos do MASP, assumindo a área como parte da cultura – e em alguns raros e preciosos momentos, por que não, uma forma de arte – brasileira.



ESTAMPAS DE HÉRCULES BARSOTTI, ALDEMIR MARTINS,
GENARO DE CARVALHO E NELSON LEIRNER

Essa primeira exposição vem do acervo do museu, com 78 vestidos criados para divulgar os fios sintéticos da Rhodia, em especial o náilon, apresentados nos famosos desfiles da Fenit, estampados por artistas dos anos 60, época em que o evento acontecia. “As roupas não foram criadas para serem vendidas, e sim para esses desfiles-show semestrais, que tinham sempre uma temática brasileira e alavancaram toda a indústria da moda nacional: modelos que eram desconhecidas e quase não tinham trabalho no Brasil ficaram famosas, os estilistas também, e todos os profissionais envolvidos na cenografia, produção, trilha sonora”, conta Patricia, que fez a divisão dos looks menos por estilo das roupas e sim pelos artistas que as estamparam. “Na edição, a ideia é mostrar alguns dos principais movimentos artísticos do período, vistos nas roupas, como a Pop Art, o abstrato, tanto o de Manabu Mabe quanto a abstração concreta de Hércules Barsotti e Willys de Castro.”

Além de evidenciar a relação da arte com a moda da época, a opção de Patricia também valoriza a área que contém mais diversidade de estilos. A modelagem das peças, algumas assinadas por estilistas famosos da época, como Dener e Ugo Castellana, traz os shapes ícones do período, acompanhando as tendências internacionais, como o famoso vestido trapézio criado por Saint Laurent, os tubinhos e os pijamas palazzo.

A exposição, que fica em cartaz até 14 de fevereiro do ano que vem, é o ponto de partida para uma programação que pode colocar o Brasil num novo patamar de relação com a moda dentro da cultura nacional. Sem museus da moda e pouquíssimas mostras relevantes sobre o tema, algo comum em outras cidades do mundo (vale lembrar que Paris tem pelo menos dois importantes museus com exposições na área, o Galliera e o Museu de Artes Decorativas, do Louvre e o MET em Nova York é famoso por suas mostras de moda, que atraem uma multidão de interessados, só para citar duas cidades), o MASP, um dos museus mais importantes do País, tem agora a chance de preencher essa lacuna.

Prevista para 2016, a próxima exposição deve deixar de lado os arquivos de moda do museu (que tem pouco material do gênero) para lançar olhar sobre os anos 90 no Brasil. Aguardemos ansiosamente!

http://ffw.com.br/noticias/moda/masp-abre-dialogo-com-a-moda-em-exposicao-de-vestidos-estampados-por-artistas-dos-anos-60/

Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.

Vamos compartilhar.

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