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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Arte urbana do indiozinho Xadalu invade museus

Depois de dominar as ruas de Porto Alegre com adesivos de um indiozinho de olhos grandes e cabelos pretos, Dione Martins, o criador do Xadalu, se prepara para sua primeira exposição individual em um museu público. Desde a ideia sair do papel até hoje, já são mais de dez anos de um trabalho urbano e com grande apelo social.

O artista gaúcho de 28 anos absorveu toda a paisagem e os contrastes de uma grande metrópole quando foi gari na Capital. Seu trabalho artístico, que começou a partir de uma experiência com serigrafia, surgiu justamente como uma possibilidade de compartilhar toda a visão que tem das ruas. “Eu entrei efetivamente na arte urbana com o Marcelo Pax, um grande artista e amigo de infância. Foi ele quem me apresentou à sticker art, que é essa prática de colar adesivos nas ruas. Ele me orientou a criar um personagem próprio, que se tornasse a minha marca”, conta Dione.

Assim surgiu o indiozinho Xadalu, que ganhou esse nome em função de uma empresa existente no desenho Street Fighter. “A ideia do índio está relacionada à relação entre o colonizador e o escravizado, algo que sempre me intrigou”, diz Dione. Ele revela ainda que o personagem acabou se tornando uma forma de repovoar uma cultura que foi destruída.

Hoje, Xadalu já está presente em mais de 60 países, nos quatro continentes, colado em locais como a Muralha da China. Toda essa difusão foi baseada na troca de adesivos pela internet, algo comum entre os artistas da sticker art. “Também foi por causa desse grupo de artistas que o Xadalu ganhou o status de um movimento artístico que difunde um ideal de despertar o índio que há em você”, comenta Dione, que confessa não ter imaginado que o personagem ganharia tamanha projeção.

Para ele, chegar às galerias e aos museus está sendo um processo natural e é necessário para que outros públicos conheçam o trabalho de um intervencionista urbano. “Eu acredito que a arte tem que atingir todas as camadas da sociedade e servir como uma utilidade pública para a informação e conscientização”, declara. Além das intervenções, Xadalu hoje estampa camisetas e diversos objetos, disseminando simbologias que refletem seu papel social.

A partir das 19h desta sexta-feira, o Xadalu estará no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul (Sete de Setembro, 1020), em Porto Alegre, onde Dione apresenta a exposição “Arqueologia do Presente”. Dividida em uma parte mais lúdica e outra com foco no contexto social, e agregando gravuras, stencil e técnicas de pichação, a mostra segue em cartaz até o dia 31 de janeiro, com entrada gratuita.


Dione Martins, o criador do Xadalu, reflete com seriedade a importância do personagem | Foto: Mauro Schaefer / Divulgação / CP
Dione Martins, o criador do Xadalu, reflete com seriedade a importância do personagem
| Foto: Mauro Schaefer / Divulgação / CP

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/544284/Arte-urbana-do-indiozinho-Xadalu-invade-museus

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