Quem frequenta os museus portugueses? Qual a sua idade, nacionalidade e local de residência? Que formação escolar e hábitos de consumo cultural tem? Quantas vezes vai a determinado museu? Porque veio a este? E vai a outros? Do que gostou mais e menos no museu que acabou de visitar? As exposições foram ao encontro das suas expectativas? Os funcionários receberam-no bem? E as próprias instalações do museu, o que achou delas? Pretende voltar? Tem sugestões a fazer?
Estas e outras perguntas fazem parte do inquérito na base do primeiro grande estudo nacional de públicos de museus, que a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) lançou esta quarta-feira de manhã no Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa. Durante um ano, até Dezembro de 2015, 14 instituições da rede nacional de museus estarão envolvidas no levantamento de dados através de um questionário online que um em cada dez visitantes será convidado a preencher.
O projecto, com apoio mecenático da Fundação Millenium BCP e da Oni e com consultoria e orientação técnico-científica do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia – Instituto Universitário de Lisboa (CIES – IUL), pretende inquirir cerca de 30 mil visitantes de museus e os seus resultados “serão fundamentais para a definição de estratégias de captação e fidelização de visitantes”, diz a DGPC.
Trata-se de “conhecer para intervir”, resume o sociólogo José Soares Neves, especialista do CIES – IUL em sociologia da cultura e coordenador do estudo. “Pela primeira vez vão ser conhecidas as características, avaliações e sugestões [dos públicos dos museus portugueses], que tornarão possível informar as tomadas de decisão na administração [dessas instituições]”, explica o sociólogo.
Apesar de práticas semelhantes postas em prática há muito tempo noutros países, em Portugal, até agora, os museus têm vindo a trabalhar a partir de um “conhecimento apenas empírico” dos seus visitantes, reconhece Nuno Vassallo e Silva, director-geral do Património Cultural que deu continuidade a um projecto da sua antecessora, Isabel Cordeiro, após esta ter deixado o cargo no princípio do ano por divergências com o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, em relação às estratégias públicas para o património.
“O fundamental é conhecer as expectativas [do público] e perceber em que medida elas podem beneficiar as nossas actividades”, explica Vassallo e Silva.
No terreno, cada uma das 14 instituições envolvidas nesta primeira etapa do estudo tem agora computadores que permitirão ao público o preenchimento de um questionário online. À chegada, um em cada dez visitantes é convidado a, após a visita, responder ao questionário quadrilingue – português, inglês, francês e espanhol. Com o apoio de um funcionário do museu para quaisquer eventuais dúvidas, estima-se que o questionário demore, no máximo, entre dez a 15 minutos a ser preenchido.
Esta quarta-feira, no MNA, os dois primeiros visitantes inquiridos eram mulheres de menos de 35 anos. Ana Ferro, portuguesa de 33 anos, alentejana a viver em Lisboa, concluiu recentemente formação em Conservação e Restauro de Pintura e Cerâmica. Visita com frequência o MNA – não fez qualquer sugestão de mudança no funcionamento da instituição. Caterina Lella, italiana de 33 anos, residente em Bari mas actualmente a fazer um curso de Português e à procura de um estágio profissional na capital portuguesa, acabava de visitar o museu pela primeira vez. Estudou Línguas Estrangeiras e Arqueologia, quer trabalhar na área do turismo. Demorou oito minutos a responder ao questionário, que a surpreendeu pela positiva. “Em Itália nunca me aconteceu responder a este tipo de inquérito.”
Após o levantamento de informação e o estudo de resultados, Vassalo e Silva espera que a DGPC tenha em mãos elementos que permitam “uma caracterização dos museus individualmente, mas também enquanto colectivo”. No entanto, antes de decidir medidas concretas a partir dos resultados, pretende avançar com o mesmo levantamento em palácios e monumentos. O estudo, diz a DGPC, “poderá vir a constituir-se como matriz para a implementação no universo dos 142 museus da Rede Portuguesa de Museus”.
Nesta primeira etapa, para além do MNA, estão envolvidas instituições de quatro cidades – Lisboa, Porto, Coimbra e Viseu. São a Casa Museu Anastácio Gonçalves, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Museu Grão Vasco, Museu Monográfico de Conímbriga, Museu da Música, Museu Nacional do Azulejo, Museu Nacional dos Coches, Museu Nacional de Etnologia, Museu Nacional Machado de Castro, Museu Nacional Soares dos Reis, Museu Nacional do Teatro, Museu Nacional do Traje.
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/primeiro-grande-estudo-nacional-de-publicos-de-museus-arrancou-esta-quartafeira-1678308
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