INTRODUÇÃO
A pesquisa histórica experimentou um
significativo avanço durante o século XX. As limitações impostas por meio do
predomínio da historiografia de corte positivista foram superadas com a escola
dos Annales, com o avanço da história social inglesa, com a historiografia
norte-americana. Parte do considerável avanço da historiografia, no século
passado, decorre da adoção e aplicação de conceitos de métodos desenvolvidos em
outras áreas de conhecimento. A geografia, a economia, a sociologia e a
antropologia possibilitaram a renovação do conhecimento histórico mediante a
incorporação de novos problemas, novos objetos e novos campos de investigação
(BURKE, 1997).
O desenvolvimento da historiografia
decorreu do debate com outras áreas do conhecimento. Esse debate foi travado em
várias frentes com o intuito de reafirmar a história como área de conhecimento
fundamental para as ciências humanas. A afirmação da historiografia ocorreu sob
um duplo esforço: incorporar parte do aparato conceitual das demais áreas do
conhecimento e o fazer a partir de uma perspectiva eminentemente histórica.
Entretanto, os efeitos da interdisciplinaridade não são
avaliados consensualmente entre os historiadores.
Francois Dosse (1994), por exemplo,
afirma que a corporação de métodos e conceitos de outras áreas do conhecimento
produziu uma história em migalhas. A fragmentação da historiografia expressa,
na percepção do autor, a incapacidade de constituir uma historiografia que
produza um conhecimento mais integral, apto a superar a compartimentação em
objetos inadequados a uma compreensão mais efetiva da historicidade em que se
inserem os problemas de pesquisa.
A ácida crítica de Dosse encontrou
expressiva ressonância entre os historiadores. A historiografia assumiu a
fragmentação identificada por Francois Dosse como o principal sintoma da crise
da história. A significativa ampliação dos campos, áreas e problemas abordados
por parte dos historiadores implicou na conquista de um escopo de interesses
até então inéditos.
A passagem ao século XXI ocorreu
sem a resolução deste cenário. Neste artigo, é discutida a incorporação do
cinema como fonte histórica, cuja compreensão estimula a busca da contribuição
de outras áreas do conhecimento. Porém, a avaliação das possíveis contribuições
do cinema à pesquisa histórica ocorreu com a busca da preservação da
historicidade, com o intuito de evitar a fragmentação identificada por Dosse.
A elaboração de ferramentas pertinentes
a incorporação de novos conceitos e metodologias estimulou pensar o cinema
como expressão da historicidade, embora mediado por aspectos inerentes à
indústria cultural. Para essa reflexão foi delimitada a filmografia do ator,
empresário e cineasta Amâcio Mazzaropi, cuja extensa produção alcançou vasta
popularidade por expressar os conflitos entre o rural e o urbano durante a
urbanização brasileira. O artigo resultou da avaliação de parte dos conflitos
presentes nos filmes do cineasta com intuito de dimensionar como exercer a
interdisciplinaridade na utilização do cinema como fonte histórica.
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti
produção bibliográfica de Giselle Gubernikoff
continuação: dia 06/07/2015 as 12:00hs série 2/5
Giselle Gubernikoff
Possui o 1o. Ano de Jornalismo pela Fundação Armando Álvares Penteado (1971), graduação em Artes/Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1976), mestre em Artes/ Cinema pela Universidade de São Paulo (1985), doutora em Artes/ Cinema pela Universidade de São Paulo (1992), livre-docência em Ciências da Comunicação/ Publicidade pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo(2000). Professora Titular pela ECA USP em Artes Visuais/Multimídia e Intermídia na especialização Fotografia, Cinema e Vídeo (2002). Atualmente é professora titular do Departamento de Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Audiovisual/ Cinema, com ênfase em Produção, Roteiro e Direção Cinematográficos, atuando principalmente nos seguintes temas: mídias digitais e novas tecnologias de comunicação, linguagem cinematográfica, produção audiovisual, cinema publicitário, representação feminina, cinema brasileiro, cinema e consciência cultural e museologia e mídias digitais.
(Texto informado pelo autor)
(Texto informado pelo autor)
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