Viva Santo Reis! E viva as Folias de Minas, as de Reis e de outros santos, que acabam de se tornar Patrimônio Imaterial do Estado de Minas Gerais, Brasil.
Estima-se que existam quase quatro mil grupos de cantadores e palhaços que mantêm há anos a tradição de bater de porta em porta para compartilhar a alegria e a boa nova do nascimento do menino Jesus nas entranhas e sertões mineiros. No ano passado, foram cadastrados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) 1.255 grupos em 326 municípios mineiros, mas essas não representariam nem 1/3 do que se calcula ter por aqui.
Com o reconhecimento agora do Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais (Conep), a expectativa é que mais folias se registrem e consigam obter ajuda financeira para perpetuar essa manifestação folclórica de religiosidade popular. "Municípios e Estados vão poder buscar verba para editais de compras de instrumentos, roupas, oficinas de foliões. É o início de um trabalho de salvaguardar uma cultura presente em todo o Estado", explicou Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG. Minas é o Estado que mais espalhou essa tradição.
Proteger a cultura das folias significa enfrentar algumas barreiras sociais modernas. "O princípio ativo das folias é: 'abra a sua porta'. Estamos na contramão da indústria da segurança, empoderando as folias e mestres para reformar as relações sociais", destacou o presidente da Comissão Mineira de Folclore, José Moreira. Ele vive esse universo das folias desde criança e está na comissão quase 50 anos, "prestando atenção no saber viver e suas condições". "Hoje, se vê muito a folia de espetáculo, que não vai nas casas das famílias, entrar e cantar, como as originais, porque está todo mundo fechado em seus condomínios. Para você ter uma ideia, o presépio do Palácio da Liberdade tinha um soldado da PM na frente para evitar depredação", considerou Moreira.
Se Moreira destaca a mudança em relação a segurança, o carioca Affonso Furtado, pesquisador cultural de folias há 30 anos, fala sobre a educação das novas gerações. "Infelizmente, a educação brasileira é focada só no mercado, não olha a nossa cultura. Você ouviu sobre a folia na escola?", questiona Furtado, que criou um grupo de folia com 7 anos de idade, era órfão de mãe, e se diz impregnado pela tradição foliã de Reis.
"Tem que ter muito respeito porque é uma coisa de Deus", diz um folião do interior de Minas no vídeo apresentado pelo Iepha como parte da apresentação do dossiê de registro das Folias de Minas. Os grupos cantadores tem rabequeiro, pandeireiro, tem o que toca viola, violão, cavaquinho... "se faltar um já desanda tudo", cravou o folião.
Seu Odorino Siqueira, 74, começou na folia menino, aos 7 anos. Está há 15 no grupo Capela Nova, antigo nome de Betim, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. São oito cantadores e três palhaços mascarados que representam os três reis magos. Um deles é o neto de seu Odorino, que passa a tradição para todos os filhos e netos. Ainda nos dias de hoje, eles vão às casas cantar, abençoar e pedir oferta para ajudar instituições como a são Vicente de Paula. "Tem vezes que são pessoas evangélicas que não seguem essa religiosidade", explica ele, "mas q uando uma porta se fecha, outras duas se abrem", garante. E os palhaços, chamados assim porque não são santos reais, vão com rosto escondido em máscaras para que os vizinhos não os reconheçam, justifica o cantador.
Entenda
Surgida na Península Ibérica, a Folia de Reis se transformou absorvendo sons, instrumentos, ritos e vozes, disseminados por todo o Brasil, tendo mais concentração em Minas Gerais. Muitos grupos mineiros, há décadas, renovam sua fé e devoção na Folia de Reis com cantigas, danças, que passam por gerações familiares.
Nesta sexta, as Folias de Reis percorreram os espaços do Circuito Liberdade e o Palácio Cristo Rei para deixar sua benção nos presépios, como parte do ritual que faz parte desta festa, encerrando o Natal Minas Gerais 2016. O cortejo saiu em visita aos espaços do Circuito Liberdade que participam do Circuito de Presépios e Lapinhas, terminando no Palácio Cristo Rei. Participaram da festa, Folia de Reis de São João Evangelista, Folia de Reis de Lagoa Santa, Folia de Reis de D. Guidinha, Folia de Reis de Santos Reis do Paulo IV, Folia de Reis Nossa Senhora da Paz e Folia de Reis Os Capela Nova. C erca de 250 presépios – residenciais e comunitários – foram montados para visitação em cerca de 150 cidades mineiras este ano.
Culture is not what enters the eyes and ears,
Estima-se que existam quase quatro mil grupos de cantadores e palhaços que mantêm há anos a tradição de bater de porta em porta para compartilhar a alegria e a boa nova do nascimento do menino Jesus nas entranhas e sertões mineiros. No ano passado, foram cadastrados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) 1.255 grupos em 326 municípios mineiros, mas essas não representariam nem 1/3 do que se calcula ter por aqui.
Com o reconhecimento agora do Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais (Conep), a expectativa é que mais folias se registrem e consigam obter ajuda financeira para perpetuar essa manifestação folclórica de religiosidade popular. "Municípios e Estados vão poder buscar verba para editais de compras de instrumentos, roupas, oficinas de foliões. É o início de um trabalho de salvaguardar uma cultura presente em todo o Estado", explicou Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG. Minas é o Estado que mais espalhou essa tradição.
Proteger a cultura das folias significa enfrentar algumas barreiras sociais modernas. "O princípio ativo das folias é: 'abra a sua porta'. Estamos na contramão da indústria da segurança, empoderando as folias e mestres para reformar as relações sociais", destacou o presidente da Comissão Mineira de Folclore, José Moreira. Ele vive esse universo das folias desde criança e está na comissão quase 50 anos, "prestando atenção no saber viver e suas condições". "Hoje, se vê muito a folia de espetáculo, que não vai nas casas das famílias, entrar e cantar, como as originais, porque está todo mundo fechado em seus condomínios. Para você ter uma ideia, o presépio do Palácio da Liberdade tinha um soldado da PM na frente para evitar depredação", considerou Moreira.
Se Moreira destaca a mudança em relação a segurança, o carioca Affonso Furtado, pesquisador cultural de folias há 30 anos, fala sobre a educação das novas gerações. "Infelizmente, a educação brasileira é focada só no mercado, não olha a nossa cultura. Você ouviu sobre a folia na escola?", questiona Furtado, que criou um grupo de folia com 7 anos de idade, era órfão de mãe, e se diz impregnado pela tradição foliã de Reis.
"Tem que ter muito respeito porque é uma coisa de Deus", diz um folião do interior de Minas no vídeo apresentado pelo Iepha como parte da apresentação do dossiê de registro das Folias de Minas. Os grupos cantadores tem rabequeiro, pandeireiro, tem o que toca viola, violão, cavaquinho... "se faltar um já desanda tudo", cravou o folião.
Seu Odorino Siqueira, 74, começou na folia menino, aos 7 anos. Está há 15 no grupo Capela Nova, antigo nome de Betim, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. São oito cantadores e três palhaços mascarados que representam os três reis magos. Um deles é o neto de seu Odorino, que passa a tradição para todos os filhos e netos. Ainda nos dias de hoje, eles vão às casas cantar, abençoar e pedir oferta para ajudar instituições como a são Vicente de Paula. "Tem vezes que são pessoas evangélicas que não seguem essa religiosidade", explica ele, "mas q uando uma porta se fecha, outras duas se abrem", garante. E os palhaços, chamados assim porque não são santos reais, vão com rosto escondido em máscaras para que os vizinhos não os reconheçam, justifica o cantador.
Entenda
Surgida na Península Ibérica, a Folia de Reis se transformou absorvendo sons, instrumentos, ritos e vozes, disseminados por todo o Brasil, tendo mais concentração em Minas Gerais. Muitos grupos mineiros, há décadas, renovam sua fé e devoção na Folia de Reis com cantigas, danças, que passam por gerações familiares.
Nesta sexta, as Folias de Reis percorreram os espaços do Circuito Liberdade e o Palácio Cristo Rei para deixar sua benção nos presépios, como parte do ritual que faz parte desta festa, encerrando o Natal Minas Gerais 2016. O cortejo saiu em visita aos espaços do Circuito Liberdade que participam do Circuito de Presépios e Lapinhas, terminando no Palácio Cristo Rei. Participaram da festa, Folia de Reis de São João Evangelista, Folia de Reis de Lagoa Santa, Folia de Reis de D. Guidinha, Folia de Reis de Santos Reis do Paulo IV, Folia de Reis Nossa Senhora da Paz e Folia de Reis Os Capela Nova. C erca de 250 presépios – residenciais e comunitários – foram montados para visitação em cerca de 150 cidades mineiras este ano.
Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.
Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,
mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir.
mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir.
A cultura e o amor devem estar juntos.
Vamos compartilhar.
Culture is not what enters the eyes and ears,
but what modifies the way of looking and hearing.
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