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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Arqueólogos descobrem uma dinastia feminina pré-colombiana. --- Archaeologists discover a pre-Columbian female dynasty.

colaboração: Marcela Boni


Análises de DNA acabam de revelar um caso relativamente raro de poder feminino numa das sociedades mais enigmáticas da América pré-colombiana.

No túmulo que abrigava a elite de Pueblo Bonito, cidadela com cerca de mil anos de idade construída no deserto do Novo México (EUA), só podiam ser enterradas pessoas que pertenciam a uma dinastia materna específica, afirmam pesquisadores.




"Estamos falando de uma linhagem importante que existiu por pelo menos umas dez gerações entre os anos 800 e 1130 d.C. Alguns desses indivíduos tinham parentesco próximo entre si, outros eram parentes mais distantes uns dos outros, mas todos descendiam de uma fundadora do sexo feminino que viveu antes do ano 800", explicou à Folha o coordenador do estudo, Douglas Kennett, do Departamento de Antropologia da Universidade do Estado da Pensilvânia (EUA).


Combinando datações relativamente precisas, por meio do método do carbono-14, com as análises genéticas, Kennett e seus colegas conseguiram reconstruir como as governantes (e seus consortes homens) de Pueblo Bonito teriam solidificado seu domínio da área ao longo dos séculos.

Infográfico: Onde fica Pueblo Bonito

O sítio arqueológico, localizado num cânion, originalmente era um grande complexo de cômodos –mais de 600, no total–, construídos com muros de pedra e chegando a até cinco andares de altura. Como não há uma grande quantidade de sinais de ocupação permanente dentro das centenas de salas, é possível que Pueblo Bonito fosse um megacentro cerimonial (um "Vaticano" ou "Templo de Salomão" pré-colombiano, digamos), e não exatamente uma cidade.

Outro detalhe importante é que quase todos os sepultamentos associados ao complexo foram feitos relativamente longe do assentamento. A principal exceção é a cripta da chamada sala 33, que parece ter sido erigida nas fases iniciais de construção de Pueblo Bonito.

Nesse local, foram encontrados os restos de 14 pessoas, associados a ricas oferendas fúnebres, como contas de turquesa (um mineral de marcante coloração azul), conchas vindas da costa do Pacífico, flautas, cajados de madeira, cerâmica trabalhada e até penas de arara (importadas do atual México, talvez).

Os pesquisadores conseguiram obter mtDNA (DNA mitocondrial, presente nas mitocôndrias, as usinas de energia das células) de nove dos 14 indivíduos exumados na cripta. O mtDNA só é transmitido de mãe para filha ou filho, diferentemente do DNA do núcleo das células. Foi então que veio a primeira surpresa: todas as nove pessoas tinham mtDNA praticamente idêntico, indicando que compartilhavam uma ancestral pelo lado materno.

Poderiam ser nove filhas e filhos de uma mesma mãe? Não, porque as datações indicavam que os enterros na cripta foram acontecendo de forma gradual, ao longo de alguns séculos.

Foi possível, a seguir, fazer análises ainda mais refinadas de DNA –incluindo aí o DNA do núcleo– em seis dos esqueletos. Eram três mulheres e três homens, mostraram os dados genéticos. Desses, quatro eram parentes próximos entre si: uma mulher que morreu na casa dos 40 anos e um homem que morreu por volta dos 30, que seriam avó e neto; e uma mulher de 45 anos e uma jovem de 25, que devem ter sido mãe e filha. Por outro lado, o primeiro morto da linhagem a ser enterrado ali era do sexo masculino e morreu aos 40, com uma pancada na cabeça.



"O poder e a influência política nessa sociedade estavam associados à linhagem materna, de forma que tanto homens quanto mulheres compartilhavam poder e influência", desde que pertencessem ao clã feminino "nobre", explica Kennett.

Se a inferência estiver correta, isso significa que os habitantes de Pueblo Bonito talvez tenham deixado descendentes entre os atuais indígenas do sudoeste dos EUA, apesar de terem abandonado seus assentamentos faraônicos antes da chegada dos europeus.

É que, entre as tribos atuais hopis e zunis, as linhagens ainda são determinadas pelo lado materno, e não pelo lado paterno. Quando um homem se casa, por exemplo, os filhos que gera com a mulher são considerados membros da linhagem dela, e não da dele (seria como se levassem o "sobrenome" da mãe).





Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.

Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,

mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir. 

A cultura e o amor devem estar juntos.

Vamos compartilhar.

Culture is not what enters the eyes and ears, 

but what modifies the way of looking and hearing.




--in via tradutpr do google
Archaeologists discover a pre-Columbian female dynasty.

DNA analyzes have just revealed a relatively rare case of female power in one of the most enigmatic societies in pre-Columbian America.

In the tomb that housed the elite of Pueblo Bonito, a thousand-year-old citadel built in the desert of New Mexico, only people belonging to a specific maternal dynasty could be buried, say researchers.

"We are talking about an important lineage that existed for at least ten generations between AD 800 and AD 1130. Some of these individuals were closely related to one another, others were more distant relatives of each other, but all descended from a female founder who Lived before the year 800, "study coordinator Douglas Kennett of the Department of Anthropology at Penn State University told Folha.

By combining relatively accurate dating through the carbon-14 method with genetic analysis, Kennett and his colleagues were able to reconstruct how the rulers (and their consorts) of Pueblo Bonito would have solidified their dominance of the area over the centuries.

Infographic: Where is Pueblo Bonito

The archaeological site, located in a canyon, was originally a large complex of rooms - more than 600 in total - built with stone walls and up to five stories high. As there are not a great deal of signs of permanent occupation within the hundreds of rooms, it is possible that Pueblo Bonito was a ceremonial megacenter (a pre-Columbian "Vatican" or "Temple of Solomon", say), and not exactly a city.

Another important detail is that almost all burials associated with the complex were made relatively far from the settlement. The main exception is the crypt of the so-called room 33, which seems to have been erected in the early phases of construction of Pueblo Bonito.

In this place, the remains of 14 people were found, associated with rich funeral offerings, such as turquoise beads (a mineral of striking blue color), shells from the Pacific coast, flutes, wooden staffs, worked pottery and even macaw feathers (Imported from Mexico, perhaps).

The researchers were able to obtain mtDNA (mitochondrial DNA, present in the mitochondria, the cell energy plants) from nine of the 14 individuals exhumed in the crypt. The mtDNA is only transmitted from mother to daughter or child, unlike the DNA of the nucleus of the cells. Then came the first surprise: all nine people had virtually identical mtDNA, indicating that they shared an ancestor on the maternal side.

Could they be nine daughters and sons of one mother? No, because the dating indicated that burials in the crypt were happening gradually over a few centuries.

It was then possible to do even more refined analyzes of DNA - including the DNA of the nucleus - in six of the skeletons. They were three women and three men, the genetic data showed. Of these, four were close relatives: a woman who died in her forties and a man who died at around 30, who would be grandmother and grandson; And a woman of 45 years and a young woman of 25, who must have been mother and daughter. On the other hand, the first dead of the line to be buried there was male and died at 40, with a blow to the head.

"The power and political influence in this society were associated with the maternal lineage, so that both men and women shared power and influence," as long as they belonged to the "noble" female clan, Kennett explains.

If the inference is correct, it means that the inhabitants of Pueblo Bonito may have left descendants among the present indigenous people of the Southwest of the United States, although they abandoned their pharaonic settlements before the arrival of the Europeans.

It is that among the present-day Hopi and Zunis tribes, the lineages are still determined by the maternal side, and not by the paternal side. When a man marries, for example, the children he bears with the woman are considered members of her lineage, not his (it would be as if they took the "surname" of the mother).

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