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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Poet, singer and composer from Amazonas, participates in Rio de Janeiro, Brazil, an event that has poetry as its theme. - Poeta, cantora e compositora amazonense, participa no Rio de Janeiro, Brasil, de evento que tem a poesia como tema.

Márcia Wayna Kambeba, geographer: "A new role for indigenous women opens"



"I belong to the Omágua Kambeba ethnicity. I was born in a Tikuna village in Alto Solimões, Amazonas, where my grandmother was a teacher. Currently, I live in Pará. I make poems that speak about the identity of indigenous peoples. I am one of the 564 poets present at the Poetry Agora exhibition at Caixa Cultural, which takes place until August 6. "

My work is litero-musical. I make compositions in Tupi and in Portuguese. I write poetry that brings an environmental, geographic, indigenous and cultural view aimed at valuing culture and information about indigenous peoples. How do they live, where do they live, how are they? And how do you want to be known and understood? Through poetry, we have the chance to talk and inform our reader, not only the adult audience, but also the child-youth. Currently, my poems are in various schools. I also write poetic tales that rhyme from beginning to end, with music in the middle. I bet a lot in education. I am a teacher in Cultural Geography, the first of my people.

How did your interest in stories and poetry come about?

This comes very early. In our village, my grandmother taught the children. She stayed there for 40 years. I lived with the Tikuna until I was almost 9 and learned a lot from them. I remember my grandmother writing poetry, writing songs, and she ended up creating in me this cultural and activist reference. My grandmother was fighting for the valorization of the indigenous people and the woman, she acted as a shaman. I have seen many cures being made by her with herbs from the woods. I remember growing up under her hammock, which always smoked a pipe. And to hear your stories about Boto Matinta. In the village, we still try to keep these references to children.

And the music, how did it come about in your life?

Everything in the village is music. For everything we sing. It is a way of praising ... and respecting the sad moments. I have partners on this walk. One of them is Edu Toledo, who composes with me. I do the lyrics in Tupi and he gives the melody. Together, we have partnership with Paulo Cesar Feital, Robertinho Silva and international musicians.

What challenges did you face to graduate and stand out in the village?

I studied Geography at the University of the State of Amazonas. I finished in 2006. It was difficult because the year I entered college was when my grandmother died. I got married and started working as a radio announcer. The radio gave me support not only so I could keep up but also recite my poems.

What is the greatest prejudice suffered by the Indians?

The first is to say that the Indian who lives in the city is no longer indigenous, that is a descendant, that has been characterized. There is no face of an Indian, but an identity, an affirmation that makes us belonging to a people. The use of headdress or earring does not mean that I'm fantasizing about India, which I hear a lot. Feathers have references. Headdress represents the empowerment of the nation. When I use my headdress at a debate table, I take our voice and our struggle. And so a new scenario opens up, in which the role of indigenous women is not limited to caring for the home, the countryside and the children. It begins to enter into politics and into the arts, among other things.

What other changes do you notice in indigenous women living in villages?

There are women cacique, tuxaua (leader in the village) and those who graduate in law or architecture and those who do masters and doctorates. We need power and knowledge to maintain our resistance.





https://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/marcia-wayna-kambeba-geografa-abre-se-um-novo-papel-para-mulher-indigena-21566839

Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,
mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir. 
A cultura e o amor devem estar juntos.

Vamos compartilhar.

Culture is not what enters the eyes and ears, 

but what modifies the way of looking and hearing.





--br

Poeta, cantora e compositora amazonense, participa no Rio de Janeiro, Brasil,  de evento que tem a poesia como tema.

Márcia Wayna Kambeba, geógrafa: "Abre-se um novo papel para a mulher indígena"


“Pertenço à etnia Omágua Kambeba. Nasci numa aldeia Tikuna, no Alto Solimões, no Amazonas, onde minha avó era professora. Atualmente, moro no Pará. Faço poesias que falam sobre a identidade dos povos indígenas. Sou uma das 564 poetas presentes na exposição Poesia Agora, na Caixa Cultural, que acontece até 6 de agosto.”

O meu trabalho é litero-musical. Faço composições em tupi e em português. Escrevo poesias que trazem um olhar ambiental, geográfico, indígena e cultural voltado para a valorização da cultura e da informação sobre os povos indígenas. Como vivem, onde vivem, como estão? E como querem ser conhecidos e compreendidos? Através da poesia, temos a chance de conversar e informar nosso leitor, não só o público adulto, mas também o infanto-juvenil. Atualmente, meus poemas estão em várias escolas. Também escrevo contos poéticos que rimam do início ao fim, com música no meio. Aposto muito na educação. Sou mestra em Geografia Cultural, a primeira do meu povo.

Como surgiu o interesse pelas histórias e pela poesia?

Isso vem desde muito cedo. Na nossa aldeia, minha avó ensinava às crianças. Ela ficou lá por 40 anos. Convivi com os Tikuna até quase os 9 anos e aprendi muito com eles. Lembro de minha avó escrevendo poesias, compondo músicas, e ela acabou criando em mim essa referência cultural e de ativista. Minha avó exercia uma luta pela valorização do povo indígena e da mulher, funcionava como uma pajé. Vi muitas curas sendo feitas por ela com ervas da mata. Lembro de crescer debaixo da rede dela, que sempre fumava cachimbo. E de ouvir suas histórias sobre o boto Matinta. Na aldeia, ainda hoje procuramos manter essas referências para as crianças.

E a música, como surgiu na sua vida?

Tudo na aldeia é música. Para tudo nós cantamos. É uma forma de louvar... e de respeitar os momentos tristes. Tenho parceiros nessa caminhada. Um deles é o Edu Toledo, que compõe comigo. Faço as letras em tupi e ele dá a melodia. Juntos, temos parceria com Paulo Cesar Feital, Robertinho Silva e músicos internacionais.

Quais os desafios que você enfrentou para se formar e se destacar na aldeia?

Cursei Geografia na Universidade do Estado Amazonas. Terminei em 2006. Foi difícil porque no ano em que entrei na universidade foi quando minha avó morreu. Casei e comecei a trabalhar como locutora de rádio. A rádio me deu suporte não só para que eu pudesse me manter, mas também recitar meus poemas.

Qual o maior preconceito sofrido pelos índios?

O primeiro é dizer que o indígena que vive na cidade não é mais indígena, que é descendente, que se descaracterizou. Não existe uma cara de índio, mas uma identidade, uma afirmação que nos torna pertencentes a um povo. O fato de usar cocar ou brinco não quer dizer que eu estou me fantasiando de índia, o que escuto muito por aí. As penas têm referências. O cocar representa o empoderamento da nação. Quando uso meu cocar em uma mesa de debates, levo nossa voz e nossa luta. E, assim abre-se um novo cenário, em que o papel da mulher indígena não se resume a cuidar do lar, da roça e dos filhos. Ela começa a entrar para a política e para as artes, entre outras coisas.

Que outras mudanças você percebe nas mulheres indígenas que vivem em aldeias?

Há mulher cacique, tuxaua (líder na aldeia) e aquelas que se formam em Direito ou em Arquitetura e as que fazem mestrado e doutorado.Precisamos de poder e do conhecimento para manter nossa resistência.




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