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quinta-feira, 30 de junho de 2011

“As mulheres estão dominando.............."

Feminilidade e aprisionamento


A artista catalã Marisa Jorba traz a Fortaleza a mostra Esquartejada, com curadoria de Roberto Galvão

Pela primeira vez no Brasil, a artista apresenta obras que
refletem sobre o aprisionamento em que o ser humano se instala (YURI ALEXSANDER/ ESPECIAL PARA O POVO)Pela primeira vez no Brasil, a artista apresenta obras que refletem sobre o aprisionamento em que o ser humano se instala (YURI ALEXSANDER/ ESPECIAL PARA O POVO)
Basta uma volta despretensiosa pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) para perceber uma característica em comum nas mostras do mês de junho e que se estendem pelas férias. “As mulheres estão dominando o Dragão do Mar”, aponta José Guedes, diretor do MAC. A partir de hoje, mais uma artista terá seu trabalho exposto no espaço, ajudando a completar, com a feminilidade, todas as salas do museu, que já apresenta a mostra Identidade Feminina. 

A catalã Marisa Jorba, mais conhecida como Maïs, traz a Fortaleza a exposição Esquartejada, com curadoria de Roberto Galvão. As obras da artista, que já passaram pela Espanha, Alemanha, França, Suíça, Japão e Estados Unidos, ficarão em cartaz no MAC até 21 de agosto. “A exposição conta a história de várias fases da vida de uma mulher”, comenta Maïs, que acompanha a exposição até sábado. O trabalho, segundo ela, quer principalmente retratar as mulheres que sofrem maus tratos. “Isso acontece em todo lugar, a todo momento”, afirma.

Para homenagear essas mulheres maltratadas, três ambientes recebem obras produzidas desde 2002. As referências da obra são a casos específicos, como a instalação que remete a corpos de mulheres esquartejadas em um massacre no México ou as esculturas simbolizando o apedrejamento e o uso da burca em países islâmicos. “Mas a minha obra pode ser generalizada para todas as mulheres”. A trajetória de vida da artista também está presente nos trabalhos expostos: “A minha inspiração vem da minha vida e do meu entorno”.

O clima de sobriedade percorre toda a exposição, que também faz uma reflexão sobre o aprisionamento em que o próprio ser humano se instala. Jaulas de ferro montadas pela própria artista foram o meio encontrado para retratar a situação. “Nós mesmos fazemos as grades sobre nós, mas sabemos que sempre podemos sair”, explica. Para o curador Roberto Galvão, Maïs manifesta a realidade humana em sua essência: “Ela traz, na sua arte, a consciência da dificuldade sem ser pessimista”.

“O importante, pra mim, é fazer o que eu sinto”, afirma a artista, sem definir ao certo as expectativas para o público fortalezense. “Em geral, espero que as pessoas sintam algo, pois é para isso que trabalho. Gosto quando isso acontece”. A agressividade dos materiais utilizados — ferros, grades, pregos — divide espaço com o apelo sentimental despertado pelas cores fortes e pelo significado de cada obra. “Maïs consegue fazer uma relação entre o sentimento e a razão”, define o curador.

Segundo o curador, Maïs reúne, em sua obra “forma, conceito e matéria”. O contato para trazer a artista a Fortaleza começou três anos atrás, em uma exposição em Madri. Essa é a primeira vez que Maïs vem ao Brasil. A artista, que vive entre Barcelona, Paris e Nova York, diz que vê muitas semelhanças entre a cidade americana, sua obra e a capital cearense. “O que mais me chamou a atenção foi o contraste entre prédios grandes e casas pequenas”, conta a artista.

SERVIÇO
MOSTRA ESQUARTEJADA (MAÏS)
Onde: Museu de Arte Contemporânea (MAC) – Centro Cultural Dragão do Mar
Quando: Até 21 de agosto (terça a quinta, das 9h às 18h 30min; sexta a domingo, das 14h às 20h 30min)
Acesso livre.
Outras info.: 3488 8624

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