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quinta-feira, 9 de junho de 2011

O legado de 2014

Devemos entender a oportunidade de sediar uma Copa do Mundo a partir de duas dimensões: a realização do evento em si, que dura trinta dias, e o legado que o evento deixa para o País, que pode durar décadas.
Quanto ao evento em si, teremos a possibilidade de vivenciar in loco o momento mágico do esporte mais popular e mais brasileiro que existe. Serão os melhores jogadores do mundo se apresentando nos doze estádios (até o momento) preparados, especialmente, para receber essas partidas. Cerca de 500 mil turistas estrangeiros devem vir ao País e consumirão nossos produtos, se hospedarão em nossos hotéis, visitarão nossos museus e parques, comerão em nossos restaurantes e bares. Sem contar o turismo interno, que deverá também ser bastante intenso (isso se nossos aeroportos permitirem).
Enfim, se fizermos tudo direito teremos a possibilidade de realizar um evento bem organizado, com segurança e que permita a movimentação tranquila das massas. E eu, sinceramente, acredito que faremos.
O ponto principal é que, mesmo assim, dificilmente os recursos financeiros que entrarão nesses dias serão suficientes para bancar o investimento que faremos, da ordem de R$ 100 bilhões. Essa é a constatação dos outros países que sediaram grandes eventos esportivos. Mas isso não significa que não valha à pena. Entendo que o verdadeiro retorno para o Brasil deve acontecer nos anos seguintes ao evento, ou seja, o legado.
Haverá claramente um legado físico: a infraestrutura para os novos estádios, portos, aeroportos, e outras obras de mobilidade urbana ficará como benefício concreto para o País. Obviamente, caberá a nós gerirmos, de forma adequada e sustentável, esses novos ativos.
Outro retorno concreto que o País pode ter é no aumento da atração de turistas estrangeiros, que pode ter inclusive um caráter cumulativo e permanente. Bilhões de pessoas no mundo conhecendo mais sobre o Brasil durante a Copa e milhares viajando pelo País naqueles trinta dias podem significar milhões de turistas nos anos seguintes.
Mas o principal legado pode ser, sem dúvida, o menos visível, ou seja, o intangível. O esporte ganhará uma exposição interna como nunca antes teve, crescendo como estrutura, como negócio e como possibilidade de transformação social. Além disso, pessoas terão que ser capacitadas para a gestão do evento e a recepção dos turistas. Esse capital humano não será perdido e poderá ser absorvido pela economia interna, que, aliás, vive um ciclo extremamente positivo.
E, por fim, não podemos desprezar o que sediar uma Copa pode significar em termos de autoestima e felicidade para os brasileiros. Este intangível talvez seja aquele que possa representar o principal motor de transformação e salto qualitativo da nação nos anos seguintes ao grande evento.
*Presidente da Trevisan Gestão do Esporte e diretor geral da Trevisan Escola de Negócios.

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