Guardadas peças doadas a museu
Alexandre Barreira
As peças mais importantes do Memorial da Imigração Japonesa "Taro Konno", no Parque Centenário, em César de Souza, não fazem parte do acervo do local há oito meses. A observação foi feita pela professora de História da Arte, Mieka Fukuda, ao visitar o local no último domingo, em companhia de uma amiga. "A levei para conhecer o Parque Centenário e me espantei quando vi que as peças doadas por várias famílias japonesas tradicionais não estavam no museu", explicou.
Além da falta de parte do importante acervo que retrata a imigração japonesa para o Brasil, mais especificamente para Mogi das Cruzes, Mieka constatou a ausência de funcionários para atender ao público. "Chegamos por volta das 15h30 no domingo e não havia funcionário para nos atender, apenas uma placa informando que a responsável havia saído para almoçar. Quando apareceu uma pessoa dizendo que era funcionário, não sabia explicar o que eram e representavam os objetos do acervo que estavam em exposição no local. Fiquei decepcionada com este descaso", afirmou a professora. "Além disso, quero saber onde estão as peças doadas e porque elas não ficam expostas no museu. Se isso não ocorre, deveriam devolvê-las a seus donos", completou.
Dentre os objetos doados por Mieka ao museu e que não estavam em exposição neste dia, havia uma fotografia de Shohey Fukuda (pai de Mieka) e uma caixa de vidro com tesouras e uma peça de osso usada por ele no ofício de alfaiate.
A reportagem de O Diário apurou que as peças mais emblemáticas da imigração japonesa para Mogi das Cruzes foram retiradas do imóvel devido a um vendaval que atingiu a Cidade em novembro do ano passado e destelhou um dos locais de exposição, em César de Souza.
Os objetos e fotos estão guardados em armários, numa sala do Centro de Cultura e Memória dos Expedicionários, na área central da Cidade. Este trabalho de preservação foi feito pela museóloga Graziela Carbonari, após o problema causado pelo vendaval. "Logo que ocorreu o incidente, resolvemos guardar as peças em um local seguro, como o ‘Museu dos Expedicionários’. Na época, fiz a catalogação do acervo e embrulhei as peças em plástico-bolha para manter a conservação dos objetos", relatou a profissional.
Graziela disse que eram dezenas de peças e garante que todas estão em bom estado de conservação. "Quanto a isso não tenho dúvidas. As peças estão guardadas em armários e bem seguras", completou.
Ontem, em visita ao Parque Centenário, a reportagem de O Diárioconstatou a falta de funcionários e de segurança do local. Repórter e fotógrafo entraram no museu e circularam livremente pelo local, que tinha poucos objetos em exposição. Em nenhum momento foram abordados por pessoas da administração ou da segurança do parque.
Cidades Irmãs
O Parque Centenário conta, ainda, com o centro de exposições das "Cidades Irmãs", uma referência a Seki e Toyama, municípios japoneses que firmaram parceria com Mogi, entre as décadas de 1970 e 1980. Ontem, este espaço estava fechado ao público. Um casal de visitantes precisou observar os objetos expostos pelas paredes de vidro do local. Não havia funcionários no parque para atender ao público.
O secretário municipal de Cultura, José Luiz Freire de Almeida, informou que os museus abrem à visitação de quarta-feira a domingo, das 9 às 17 horas. Além disso, já solicitou ao prefeito a contratação de mais funcionários para serem destacados às estas unidades. Ele acredita que, com a contratação de mais pessoas, poderá requisitar a volta das peças doadas ao museu do Parque Centenário. No entanto, não especificou o prazo.
Almeida disse, ainda, que dois guardas municipais fazem rondas constantes em todo o Parque Centenário, utilizando motos ou bicicletas elétricas.
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