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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Brasil tem mercado aquecido para profissionais de produção cultural.


Apesar do primeiro curso acadêmico para a profissão ter apenas 10 anos, profissionais especializados chegam a ganhar até R$ 25 mil por mês, dependendo do contrato



O crescimento e a profissionalização da cultura e dos meios culturais no Brasil têm favorecido e ajudado a fortalecer a profissão de produtor cultural. Apesar da área ter tido o seu primeiro curso acadêmico no Brasil na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1996, em pouco mais de uma década o número deu um salto para 84 instituições de ensino (50 de graduação e 34 de pós-graduação). Por ainda não ser uma profissão regulamentada, não há uma estatística de quantos profissionais existem no mercado nem um piso salarial definido. Todavia, especialistas afirmam que quem trabalha assalariado ganha uma média de R$ 2 mil. Já os que trabalham por contrato, a remuneração é de 10% do valor do projeto. O que pode chegar a R$ 25 mil por mês, dependendo do número de contratos fechados.
Kátia de Marco, presidente da Associação Brasileira de Gestão Cultural (ABGC), diz que tramita no Congresso Nacional um projeto para a regulamentação da profissão. Porém, ela afirma que a preocupação maior é com o reconhecimento social.
“O mais importante é que o mercado cultural reconheça a figura do produtor cultural. Nos editais que as empresas mandam para o poder público para aprovação de projetos culturais, por exemplo, é imprescindível que o serviço do produtor ou gestor cultural esteja constando nos orçamentos”, destaca.
Atuação – Também coordenadora acadêmica do Programa de Pós-graduação em Estudos Culturais e Sociais (PECS), da Universidade Candido Mendes (Ucam), Kátia de Marco afirma, ainda, que existe o gestor cultural.
“O gestor cultural lida com os projetos institucionais, administrativos e o planejamento. Esse profissional supervisiona o trabalho de um produtor cultural”, explica.
Luiz Augusto Rodrigues, coordenador do curso de Produção Cultural da UFF, informa que é amplo o mercado de trabalho. Segundo ele, muitos atuam em secretarias municipais de diversas cidades, assim como em centros culturais, museus, teatros, galerias e produtoras.
“Algumas prefeituras e universidades públicas vêm  fazendo concursos para produtor cultural. Há ainda os que atuam no magistério superior na área. Outros fazendo curso de mestrado e de doutorado, atuando como pesquisadores em instituições públicas, além de produtoras e empresas criadas por ex-alunos. Existe uma infinidade deles trabalhando em órgãos públicos e privados, como o Ministério da Cultura, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e várias ONGs”, enumera Rodrigues.
Contratos – Professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, onde ministra a disciplina de Projetos de Eventos Culturais, o produtor cultural Miguel Gomes afirma que muitas oportunidades estão por vir para esse profissional com a chegada dos grandes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
“O mercado é inesgotável. Existem muitos espaços culturais, canais de TVs a cabo, emissoras de rádio, hotéis, entre outros, que aceitam parcerias para a realização de programações. Isso sem contar as leis de incentivo e os editais. A secretária de Estado de Cultura lançou essa semana edital de mais de R$ 40 milhões. As oportunidades estão aí para quem quiser trabalhar”, relata.
Coordenador do programa Produzir pra Valer e da ONG Clube da Cultura, Gomes, de 55 anos, sendo 35 deles dedicados à carreira, brinca dizendo que era produtor cultural desde criança.
“Acho que sempre fiz produção cultural. Nunca joguei bola, mas organizava ótimos campeonatos. Desde garoto eu estava envolvido nas organizações das festas juninas, festinhas e aniversários. Nunca parei de fazer eventos”, relembra.
Qualificação é essencial
Fernando Portella, diretor-executivo do Instituto Cultural Cidade Viva, alerta para a importância de se qualificar.
“Transformar uma ideia em projeto e esse em produto no mercado não é uma tarefa simples. Exige conhecimentos em planejamento e em pesquisa; elaboração de projetos viáveis que envolvem a construção de planilhas reais. A montagem de estratégias para definir parceiros, patrocinadores e apoiadores”, comenta Portella.
Ele ressalta ainda que o produtor cultural deve estar atento às leis de incentivo.
“É o que ajuda na captação de recursos; no plano de mídia; análise de resultados e prestação de contas”.
Com 20 anos de profissão, Portella é engenheiro elétrico de formação, mas foi trabalhando como ator que o levou à produção cultural.
“Larguei a Engenharia para fazer teatro e deixei o teatro para ser jornalista. Depois fui secretário de Cultura e ajudei na criação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Deixei a vida pública e criei a minha empresa de engenharia cultural, tornando-me produtor cultural”, lembra.
Júlio Augusto Zucca, de 40 anos, é dono da Zucca Produções, que existe há nove anos e realiza projetos culturais em várias áreas artísticas.
“Já desenvolvemos projetos de teatro, dança, música (já lançamos sete CDs), artes plásticas, sociocultural (inserção social através da arte), livro de arte, pesquisa de acervo, curta-metragem e festivais. Ao todo já desenvolvemos ou participamos de 30 projetos e estamos atualmente envolvidos em outros 15”, comenta.
Desafios – Zucca diz que apesar de muitas oportunidades, a profissão passa por muitos riscos e desafios. Ele afirma que ao assumir ou participar de um projeto cultural que envolve financiamento com verbas públicas ou de incentivos fiscais, a responsabilidade assumida pela correção e eficácia na realização do projeto é enorme.
“Corre-se o risco de ter que devolver os recursos ou pagar multas caso algo dê errado. Também lidamos com riscos diversos: artistas podem ficar doentes, obras podem ser danificadas, falhas mecânicas ou eletrônicas podem acontecer, comprometendo todo o projeto. É preciso estar preparado para lidar com questões como estas e saber contornar as situações mais adversas”. 
Paulo Victor Catharino Gitsin, de 21 anos, é estudante do 7º período do curso de Produção Cultural da UFF. Ele tinha muitas dúvidas do que fazer e disse ter optado por se inscrever em quatro cursos diferentes no vestibular.
“Tentei para Produção Cultural, Comunicação Social, Museologia e Design. Percebi quando fazia as provas que todas tinham em comum as áreas da Arte e da Cultura e mediante a minha pesquisa mais detalhada percebi que o Curso de Produção Cultural me permitia estudar um panorama geral das linguagens artísticas, diferentemente das outras profissões, nas quais teria que optar por 
uma linguagem para estudar mais aprofundadamente”, comenta


fonte:
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/empregos-e-negocios/mercado-aquecido-para-os-produtores-culturais

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