Ouvir o texto...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Longe do óbvio, cores para decifrar


“O que é pintado nem sempre poder ser traduzido em palavras”, despista o artista plástico Décio Soncini ao ser questionado sobre as perspectivas que norteiam a exposição “4 Códigos”, que será aberta ao público hoje no Museu de Arte Brasil - Estados Unidos (Mabeu) do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos (Ccbeu). O trabalho foi idealizado ao lado dos artistas Francisco Gonzalez, Jair Glass e Charbel, que juntos chegaram a Belém com cerca de 40 desenhos e pinturas com toques impressionistas. As telas são obras recentes e inéditas feitas exclusivamente para a mostra na capital paraense. Existem características comuns que unem sujeitos em torno de um projeto que, em se tratando de imagens, podem ser traduzidas em intensidade artística. É desta forma que Décio define a relação com os companheiros do grupo “Guaianases”, uma parceria que já soma quase 40 anos. “As coincidências entre nós são figurativas, somos da mesma geração, trabalhamos de forma lúdica, compartilhamos de uma visão mais fantástica e utilizamos componentes mais expressionistas”, conta.

Artistas ministrarão oficina gratuita

Paralelamente à exposição, os artistas ainda vão realizar a oficina “Decifrando códigos” realizam até a próxima sexta, no Atelier de Artes do CCBEU. Na ocasião, serão abordados aspectos da pintura acrílica, da colagem, além de teorias da arte que influenciam os trabalhos do grupo.

A construção do trabalho de cada integrante para a mostra em Belém pôde ser acompanhada pelos internautas no blog www.4codigos.blogspot.com.br. “Somos amigos, temos fortes laços fraternos, mas nossas vidas tomaram outros rumos e direções, o amor pela arte é a garantia de que esse laço se perpetue. Porém não tínhamos como nos encontrar com tanta frequência. A internet era nosso ponto de encontro e onde acompanhávamos a evolução dos trabalhos de cada um”, explica.

Os quatro artistas paulistas se conheceram na década de 70 e logo passaram e se reunir em encontros semanais no ateliê do pintor Antonio Vitor, localizado no bairro de Guaianases, periferia de São Paulo. Nessas reuniões, que envolviam de sessões de pintura de paisagens ao ar livre, produção de gravuras, conversas sobre arte e política, foi sendo delineada entre os artistas uma constante preocupação comum com o domínio do fazer artístico.

No início dos anos 1980 o grupo passou a ser reconhecido pela crítica como “Grupo Guaianases”. No mesmo período, foram apresentados ao público de Belém pelo curador Gileno Chaves. “Temos uma relação de 30 anos com a cidade. Periodicamente estamos realizando exposições por aqui, sejam individuais ou coletivas”, afirma Décio.

Em 1989, o grupo, junto com outros artistas, realizou uma grande exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e, alguns anos depois, em 1996, no Espaço Henfil de São Bernardo do Campo, dessa vez apenas com os quatro integrantes originais.

Pinceladas de humor, ironia e crítica social

Sobre os companheiros, Décio é enfático. “Cada uma merece destaque naquilo que faz”, diz. “Jair Glass é um desenhista que une técnicas que misturam papel grafite e colagem, por exemplo, em que existe uma armadilha: parece infantil, mas contém fortes críticas sociais”, comenta sobre o trabalho do amigo. “González faz um jogo de aparente normalidade em suas obras para provocar algumas indagações”, reflete. Em relação ao trabalho de Chardel, ele garante boas doses de humor. “É uma pintura de gestos com muita ironia”, finaliza.

NÃO PERCA

Exposição ‘4 Códigos’, no Museu de arte Brasil Estados Unidos (Mabeu) –travessa Padre Eutíquio, 1309, Belém. A mostra permanece em cartaz até o dia 6 de setembro. Horários: de segunda a sexta das 10h às 12h e das 13h30 às 19h30 Sábados das 9h às 12h. Informações: 3221-6100

VISITE

www.ccbeu.com.br

www.4codigos.blogspot.com.br
(Diário do Pará)

Nenhum comentário:

Postar um comentário