O equipamento será aberto com a exposição "Jardim das Memórias", que retrata vivências em cinco bairros
Com
a exposição "Jardim das Memórias", será inaugurado, às 16 horas de
hoje, o Museu Comunitário do Grande Bom Jardim, que tem como meta a
ousada missão de "falar da memória de um povo e de seus guardiões por
direitos comunitários".
A
organização dos moradores no cotidiano do Grande Bom Jardim, assim como
a influência religiosa faz parte do que é contado no museu comunitário
Reunindo
peças como frases, manifestos, painéis, fotos e vídeos, a exposição dá
voz aos moradores e reconstrói parte da história de cinco bairros de
Fortaleza: Granja Portugal, Granja Lisboa, Bom Jardim, Canindezinho e
Siqueira.
"Os painéis mostram a temática de luta e resistência,
utilizando tecnologia nova na cartografia social", cita o curador
Adriano Almeida, acrescentando que um vasto acervo documental e
imagético registra, também, as práticas religiosas e espirituais dos
moradores. São, ainda, retratadas as expressões artísticas da
comunidade, através de peças como o artesanato.
Gerido por nove
entidades e organizações populares, o Museu está em execução desde 2009.
Após percalços, passa a funcionar na Rua Dr. Fernando Augusto, 987, Bom
Jardim, e será inaugurado, nesta sexta-feira, com a fala de pessoas das
comunidades e apresentações artísticas. Também hoje, serão lançados um
site, uma cartilha e um documentário, mostrando os esforços de
preservação e valorização da memória social dos moradores do lugar.
"Não
temos sede própria. Somos um movimento cultural sem teto. Pedimos uma
sala emprestada e fizemos a reforma do espaço", diz o curador e
sociólogo Adriano Almeida, ao comentar as dificuldades enfrentadas.
O
vasto acervo foi possível graças a um amplo processo de pesquisa
participativa sobre os bens culturais daquele território localizado na
periferia de Fortaleza e sua história. Jovens pesquisadores e lideranças
ajudaram a montar o acervo material e imaterial que será incorporado ao
Museu.
Articulação
Assim, esse projeto
resulta do esforço e da articulação de nove entidades comunitárias dos
cinco bairros. A iniciativa para a conservação da memória popular,
informa Adriano, tem o fomento de parceiros locais e externos como o
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram-MinC) e a Organização dos Estados
Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
As
lutas travadas no cotidiano de um povo, bem como as celebrações e
conquistas no processo de construção de seu território e de afirmação de
suas identidades são objetos da exposição "Jardim das Memórias".
Segundo Adriano, essas memórias têm uma ligação forte com a água, com a
terra e com a carnaúba.
"A partir da análise das entrevistas, dos
conteúdos gerados em seminários comunitários e nos grupos, percebemos
que são muito fortes nas práticas cotidianas a organização dos moradores
e a influência religiosa", observa o curador.
Identifica, ainda,
a importância das pastorais sociais, que têm como berço as Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) e os espaços de manifestação das culturas
religiosas de matrizes africanas e ameríndias. O objetivo da exposição
foi registrar ações das comunidades "como forma de refletir o caminho
trilhado para seguir adiante".
Hoje, na inauguração do Museu,
será exibido o vídeo Fincapé, produzido em 1989 por uma Organização
Não-Governamental (ONG) e que narra a luta dos moradores daquela região
da periferia da Capital em prol do alargamento da Av. Osório de Paiva.
fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1176213
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