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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Animais pendurados no “fosso” do museu de Trento, Itália.

O museu da ciência da cidade italiana tem pouco mais de dois anos. As paredes de vidro permitem uma continuidade com o espaço envolvente. Veja as imagens.


O Muse é um museu de ciência e tecnologia, mas o fosso é totalmente dedicado à história natural. Tem também um pequeno jardim botânico. Veja a fotogaleria

Muse, Trento




No último piso do museu da ciência de Trento, em Itália –Muse – olhar para baixo causa uma certa vertigem. Um fosso no meio do museu percorre os cinco pisos, onde várias aves e outros animais ocupam o espaço. Mas basta olhar para o exterior e deixamo-nos tranquilizar com a visão das montanhas que rodeiam a cidade. Fez no dia 31 de julho dois anos que o Muse inaugurou o novo espaço, deixando o “bonito edifício tradicional” no centro da localidade.

“Quando fizemos o projeto, queríamos que o museu fosse uma viagem vertical do topo da montanha até ao fundo”, diz ao Observador Michele Lanzinger, diretor do museu desde 1992. Chegou a Génova e pediu ao arquiteto: “Quero um museu em que se olhe para baixo e se tenha vertigens, como os grandes hotéis em Las Vegas que têm um fosso/espaço aberto no centro.” Agora confessa que até tem algum embaraço de ter feito um pedido destes ao conceituado arquiteto italiano Renzo Piano – o mesmo que projetou o centro Pompidou, em Paris. Mas este acedeu.


Nem só as aves foram penduradas no fosso

Muse, Trento

Visto de fora o museu imita os picos das montanhas que o rodeiam. Visto de dentro “o grande buraco que temos no centro do museu é como o negativo da montanha”, explica o diretor. Em cada piso um tema específico, uma escala desde os dinossauros no piso inferior, até ao topo das montanhas nevadas (no piso superior). Em cada piso espaço aberto e paredes de vidro para o exterior “para conseguirem ver as montanhas e sentir o ambiente”. Desta forma, diz Michele Lanzinger, é como se não existisse distinção entre parte de dentro e parte de fora.

Mas a vertigem do fosso que se estende ao longo dos vários pisos, quer se veja de cima, quer de baixo, é completada pelo conjunto de aves “que balançam com as variações de pressão do ar ou com as correntes de ar”. “São como os brinquedos pendurados das crianças”, diz Michele Lanzinger, sempre de sorriso no rosto. A ideia foi rechear o fosso com objetos de história natural, “como animais que voam, desde os que voam na montanha até aos que vivem em níveis mais baixos”. Mas não são só as aves que ocupam este espaço.

Por fora o museu imita o formato da montanha, por dentro é o inverso

Muse, Trento

Desde que decidiram construir o novo museu que os desafios têm sido constantes. Há quatro anos, quando o Muse se candidatou para receber a conferência da Rede Europeia de Centros e Museus de Ciência (Ecsite) 2015, o museu nem janelas tinha. “As pessoas estavam um pouco céticas, mas nós tínhamos a certeza que íamos conseguir”, conta o diretor. Depois disso foi a experiência e empenho da equipa que garantiu a realização do evento que decorreu de 11 a 13 de junho e recebeu mais de mil participantes.

Agora o desafio é a quantidade de visitantes que recebem anualmente – previam receber 160 mil visitantes por ano, mas afinal recebem 600 mil. O diretor garante mesmo que o museu é responsável por 10% dos turistas que chegam à cidade. Também por isso a sua equipa cresceu exponencialmente nos últimos 20 anos. “Quando comecei como diretor neste museu éramos 23 pessoas: três curadores, duas pessoas na administração e os restantes eram monitores. Agora somos 250, que equivalem a 180 emfull-time.”

O grande objetivo do Muse e da respetiva equipa, é “inspirar as pessoas sobre os factos da natureza visto de uma perspetiva dos Alpes”. “Gostaríamos de ter cidadãos ativistas depois da visita ao museu.” Uma visita que em média dura 3,5 horas, conta o diretor. “O conceito é muito simples”, explica Michele Lanzinger. “A ciência e tecnologia são a base de um país competitivo e ao mesmo tempo a sustentabilidade significa que podemos viver num mundo de uma forma justa, numa situação de bem-estar.” Logo a sustentabilidade tem de estar ligada ao crescimento económico, empreendedorismo e competitividade, mas também à inclusão social, à participação dos cidadãos.


Compreender que num mundo onde o desenvolvimento é comandado sobretudo pela ciência e tecnologia, a natureza tem um papel fundamental. Porque o planeta Terra é o único sítio onde podemos viver. É com a natureza que temos de arranjar uma boa harmonia se queremos pensar no nosso futuro”, lembra Michele Lanzinger.

O Muse pretende aproximar o público da ciência de várias formas. Além das atividades pedagógicas e de citizen science(em que o próprio cidadão contribui para um projeto de investigação científica), o museu oferece atividades fora de horas. Todas as quartas-feiras abrem até às 21 horas e uma quarta-feira por mês ficam abertos até à meia-noite “com concertos de música, onde se pode dançar, beber cerveja e visitar o museu”. “Às vezes, quando o tempo está agradável, temos 400 pessoas no museu e duas mil no exterior, a maior parte deles estudantes universitários”, refere satisfeito o diretor.

O Observador esteve presente na conferência anual da Ecsite a convite da própria rede.

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fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://observador.pt/2015/08/14/animais-pendurados-no-fosso-do-museu-trento/

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