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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva faz mais do que contar a história da população Tucujú, ele é parte integrante da história e é patrimônio material amapaense cheio de artefatos de fases e séculos diversos, é um verdadeiro tesouro histórico no coração do município de Macapá, no estado do Amapá, Brasil

Um patrimônio histórico esquecido pela história e pelas políticas do poder público


Criado com a finalidade de estudar e colecionar todo o conhecimento da terra amapaense e de sua população, o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva enfrentou o esquecimento de seus governantes, mudou várias vezes de endereço e jamais foi reconhecido como patrimônio histórico, apesar de seu imenso acervo arqueológico e histórico e ainda por seu atual belíssimo prédio, antigo prédio da Intendência, que também jamais foi tombado, mesmo sendo um prédio estilo neoclássico e ter sua construção datada do século XIX. O Museu é a verdadeira história amapaense esquecida no centro da cidade.



O significado de patrimônio histórico e cultural

Analisando historicamente a palavra “patrimônio”, esta adveio do grego e significa tudo aquilo que é deixado pelo pai e transmitido para seus filhos, com o decorrer dos tempos o significado se estendeu ao conjunto de bens materiais ou imateriais que relacionam uma identidade, cultura ou passado. O termo “patrimonium” em latim também tem significação semelhante, ao expressar que seria o que pertencia a uma pessoa.

Assim, pela análise histórica do termo patrimônio, conclui-se que seria a representação cultural, social e até econômica de um indivíduo, de um povo, de um grupo, com tamanha relevância para ser preservado e transmitido as futuras gerações, originando uma identidade, ou refúgio histórico deste.

É inegável que o patrimônio agrega valores, na verdade é o próprio valor, e é por este motivo que está cada dia mais explorado e cobiçado, fazendo com que se tenha início o chamado processo de patrimonizar as riquezas materiais e imateriais de cada povo, instituição, nação.

É lamentável constatar que Macapá vem caminhando na contramão deste processo de patrimonizar seus bens materiais e imateriais. Prova disso foram os inúmeros endereços que o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva (MHJCS) já teve e tudo por falta de empenho dos governantes locais.

Portanto, preservar o MHJCS impondo a ele o merecido título de patrimônio histórico cultural, nada mais é do que garantir o futuro das próximas gerações, que nascerão conhecendo pelo menos um pouco da história de lutas, conquistas e glórias que o povo amapaense adquiriu ao longo dos tempos.


A história do Museu Joaquim Caetano da Silva: um percurso

Inaugurado em 15 de novembro de 1895 para funcionar a antiga Intendência de Macapá, o imponente prédio com tendência neoclássica remete ao período histórico em que foi construído.

Sua estrutura é composta por um corredor central ladeado por salões de exposições, seu pé direito dista aproximadamente uns quatro metros de altura e seu piso é revestido de tábua corrida envernizado que impõe um tom todo de exclusividade, principalmente quando as tábuas rangem de acordo com os passos dados, que é engrandecido pelas janelas amplas, e o extenso porão com alvenaria em tijolo maciço.

O MHJCS herdou grande parte do acervo do local do Museu Territorial, como fotos e documentos, atribui-se a criação ao governador Janary Gentil Nunes em 25 de janeiro de 1948, que exarou no Decreto de criação seu real objetivo, que seria de “colecionar, estudar e divulgar tudo o que interessa ao conhecimento do homem e da terra amapaense”.

Portanto, falar no Museu Joaquim Caetano da Silva é contar a história do Amapá de maneira regional e apaixonada, pois o presente contrasta com o passado, exposto para apreciação pública em sua arquitetura única, e acervo exclusivo que permite viver um pouco da realidade do passado, no momento em que as pessoas fazem questão de fortalecer sempre o novo.

O Museu Histórico do Amapá e Joaquim Caetano da Silva

Mister, lembrar a figura daquele que cedeu o nome ao Museu, o gaúcho Joaquim Caetano da Silva, nasceu em 02 de setembro de 1810, na atual cidade de Jaguarão, Rio Grande do Sul. Aos 27 anos, em 1837, formou-se em Medicina pela Faculdade de Montpellier, na França. Quando retornou ao Brasil foi nomeado professor de Português, retórica e grego do Colégio Pedro II, do qual também foi reitor.

Por sua imensa contribuição historiográfica ao Estado do Amapá, é que o Governo do então Território do Amapá, em 1967, decidiu sabiamente renomear o então Museu Histórico do Amapá, que a partir desta data passou a ser denominado Museu Histórico do Amapá “Joaquim Caetano da Silva”, onde ficaram encarregados da guarda e conservação dos restos mortais do médico gaúcho.

A contribuição do museu para a sociedade amapaense

Frise-se novamente que até o ano de 2008 o museu tinha a função de resgate de sítios arqueológicos, porém com a criação da gerência de pesquisa em arqueologia a função ficou sob a competência do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), mas ainda assim recebe acervos doados pela população, por esta razão é que o Museu mantém em exposição um acervo de valor inestimável.

O futuro de um povo é medido pela história que acumula ao longo dos tempos, assim sendo, um povo sem história é um povo sem futuro.

Seguindo essa linha de raciocínio é que muitos lugares no Brasil e no mundo também tem como principal fonte de captação de recursos o turismo, neste oferecem não apenas as visitações a prédios históricos e museus, mas também toda uma cultura imaterial como música, danças, culinária, artefatos regionais, cartões postais, camisetas, canetas, enfim, esses lugares que tem o turismo como principal fonte de renda estão cada dia mais próspero e sua população mais satisfeita, isso pelo fato de todos serem agraciados com as vantagens que a valorização e a preservação dos patrimônios materiais e imateriais trazem não apenas ao Estado, que se fortalece contando sua história e fazendo história, mas a população como um todo que além de conhecer cada vez mais seu Estado, começa a se envolver, vai criando laços e desenvolvendo ideias de progresso, de desenvolvimento.

Sybelle Lima Serrão

Manoel de J. C. Serrão

Professores do Centro de Ensino superior do Amapá-CEAP

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti 
http://www.jdia.com.br/portal/index.php/cultura/6032-um-patrimonio-historico-esquecido-pela-historia-e-pelas-politicas-do-poder-publico

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