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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Museu holandês Rijksmuseum altera títulos de obras e exclui termos racistas. --- Dutch museum Rijksmuseum change titles of works and exclude racist terms

Palavras como “negro”, “mouro” e “escravo” foram retiradas. Para Professora da USP, atitude do museu é acertada e visa respeito à diversidade.





O célebre Rijksmuseum, em Amsterdam, reúne um dos mais preciosos acervos de arte da Europa: a história da arte holandesa está lá, mas não apenas. As peças de arte asiática presentes no local contam também sobre o extenso império colonial que o país batavo construiu ao longo dos séculos. A empreitada pelos oceanos fez com que o pequeno país travasse contato com regiões, povos, culturas e animais da África, Ásia, Oceania e América. O resultado dessa troca cultural pode ser observado em diversas obras expostas no museu: negros, indígenas e asiáticos são personagens nada raros retratados nas pinturas.

O museu, no entanto, tem mudado a forma de “apresentar” esses personagens ao grande público. Após queixas de minorias que se sentiam incomodadas com o uso de alguns termos presentes nos títulos das obras, palavras como “Mouro”, “Anão”, “Escravo” e “Selvagem” desapareceram dos títulos das obras. A carga imperialista e racista que muitas delas carregavam fazia com que as minorias que frequentavam o museu não se sentissem à vontade no local. Conforme explicou o diretor de comunicação do museu em reportagem ao jornal português Público, “as minorias também têm de se reconhecer num museu nacional, nas histórias que ele conta. Não queremos ser um museu só para brancos, onde outras etnias não se vejam, onde alguém sinta que tem a obrigação de escrever um manifesto contra o racismo por causa de uma legenda”.

Para Marina de Mello e Souza, professora de História da África da USP, a medida é necessária e se trata de uma readequação da linguagem aos tempos atuais: “A mudança proposta não me parece ser um anacronismo e sim uma adaptação da língua ao tempo atual, pois a língua é viva, os significados das palavras se alteram ao longo dos tempos e o que o museu está fazendo é uma adequação dos títulos ao tempo presente” explica. Os títulos dos trabalhos, segundo a professora, também não são produtos da época das pinturas. “Muitas das obras tiveram seus títulos atribuídos posteriormente à sua produção, portanto em contextos diferentes dos quais foram produzidas.”

A atitude do Rijks também não se trata de um caso isolado. Muitos museus atualmente vêm repensando a forma como expõe seus acervos, de modo a não mostrarem apenas o ponto de vista do europeu e do colonizador, mas também da cultura subjugada. Marina traz exemplos, como o Musée du Quai Branly, que hoje abriga coleções de arte africana e da Polinésia antes expostas no Museu do Homem. Enquanto no antigo museu os objetos eram tratados como pertencentes a culturas primitivas, no atual são tratadas como obras de arte, explica a professora.

Um caso mais extremo já foi explorado pelo Museu da África Central, na Bélgica, que mostrava o Rei Leopoldo II como um herói que havia trazido a civilização para a região da bacia do Rio do Congo, quando na verdade houve ali um verdadeiro genocídio. Atualmente o museu está fechado e sua proposta museológica totalmente reformulada a fim de tratar a produção material do acervo a partir de suas culturas de origem. No caso brasileiro, a professora vê o Museu Afro Brasil como um importante passo na ruptura com o olhar eurocêntrico sobre a cultura africana.

Marina acredita, portanto, que a Holanda “sai na frente ao buscar tratar a diversidade de forma não preconceituosa”. Para ela, não se trata de mudar o texto de uma obra literária, que nesse caso deve ser, sim, contextualizada para ser discutida com o público. “É fundamental adaptarmos a linguagem ao tempo que vivemos e trabalhar sempre para buscar uma convivência harmônica entre os diferentes, em um ambiente de tolerância e respeito mútuo. Se percebemos que uma palavra pode ser ofensiva a um grupo de pessoas, devemos substituí-la por outra que não o seja” conclui.






Fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti

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--in via tradutor do google
Dutch museum Rijksmuseum change titles of works and exclude racist terms

Words such as "black", "Moorish" and "slave" were dropped. For Professor at USP, the museum's attitude is right and seeks respect for diversity

The famous Rijksmuseum in Amsterdam, brings together one of the most precious European art collections: the history of Dutch art is there, but not only. The pieces of Asian art on site also rely on the extensive colonial empire the Batavian country built over centuries. The undertaking by the oceans has made the small country caught contact regions, peoples, cultures and animals from Africa, Asia, Oceania and America. The result of this cultural exchange can be seen in various works on display: blacks, Indians and Asians are nothing rare characters portrayed in the paintings.

The museum, however, has changed the form of "present" these characters to the general public. After complaints from minorities who felt uncomfortable with the use of some terms in titles of works, words like "Moor", "Dwarf", "Slave" and "Wild" disappeared from the titles of the works. The imperialist and racist charge that many of them were carrying meant that minorities who attended the museum did not feel at ease on site. As explained by the museum's communications director in a report to the Portuguese newspaper Público, "minorities must also be recognized in a national museum, the stories he tells. Not want to be a museum all-white, where other ethnic groups do not see where someone feels that is required to write a manifesto against racism because of a legend. "

Marina de Mello e Souza, professor of history of Africa's USP, the measure is necessary and it is a readjustment of language to modern times: "The proposed change does not seem to be an anachronism but a language adapted to the present time because the language is alive, the meanings of words change over time and what the museum is doing is an adaptation of the titles to the present time, "he explains. The titles of the works, according to the teacher, are not products of the age of the paintings. "Many of the works had their titles later assigned to its production, so in different contexts of which were produced."

The Rijksmuseum's attitude also this is not an isolated case. Many museums have currently rethinking the way expose their collections in order to not only show the point of view of European and colonizer, but the subdued culture. Marina brings examples, such as the Musée du Quai Branly, which today houses collections of African art and Polynesia before exhibited in the Museum of Man. While in the old museum objects were treated as belonging to primitive cultures in today are treated as works of art, he explained.

A more extreme case has been investigated by the Central Africa Museum in Belgium, showing King Leopold II as a hero who had brought civilization to the region of the Congo River basin, when in fact there was a real genocide. Currently the museum is closed and its museum proposal completely redesigned to address the production assets of the material from their cultures of origin. In Brazil, the teacher sees the Museu Afro Brazil as an important step to break with the Eurocentric look at African culture.

Marina believes, therefore, that the Netherlands' takes the lead in seeking to treat the diversity of unprejudiced way. " For her, it is not to change the text of a literary work, in which case it should be, yes, contextualized to be discussed with the public. "It is essential adapt the language to the time that we live and work always to seek a harmonious coexistence between different in a climate of tolerance and mutual respect. If we realize that a word can be offensive to a group of people, we must replace it with one that is not "concludes.





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