Em 10 de fevereiro de 1912 o Paço é cedido à Câmara Municipal de Coimbra, mediante pagamento de uma renda, para instalação do Museu, iniciando-se logo no mês seguinte as obras mínimas de adaptação, graças a um particular, Manuel Rodrigues da Silva, que adianta do seu dinheiro para garantir a inauguração, em outubro do ano seguinte.
Embora ansioso por manter o museu regularmente aberto, cumprindo a missão pedagógica que lhe era tão cara, A. Augusto Gonçalves não hesita em mudar ou fechar secções para melhorar as condições de exposição.
A luz é, para si, um elemento fundamental; outro é o arranjo das salas; outro ainda, a segurança. Num edifício cujo interior é tão escuro e compartimentado, sonha com uma intervenção profunda a que sempre faltará projeto global desenhado e financiamento adequado. Apenas no rés do-chão pode deixar o seu cunho.
Muito interessante é a decisão de fechar as salas de pintura, em 1914, para ampliar o espaço expositivo e dotá-lo de luz zenital (fig. 12), no intuito de melhorar o controlo da temperatura excessiva, no verão. No ano seguinte, Gonçalves recebe a verba necessária a essa obra e também ao início da adaptação da igreja de S. João de Almedina, entretanto secularizada. Esta dá lugar a um processo controverso, pois o Conselho de Arte Nacional é desfavorável à utilização do templo para fins museais.
No entanto, a secção de arte sacra acaba por ser aberta ao público na igreja, em 1923. A instalação tem caráter reversível e apenas a fachada sofre com a intervenção: dois janelões rasgam-na a meia altura, sem razão aparente, e alarga-se o óculo e as frestas ao nível inferior.
Com Vergílio Correia na direção, os edifícios que compõem o Museu vão sofrer reforma mais profunda, de acordo com um plano global, elaborado em 1935, que irá sendo executado morosamente, em função do escasso financiamento anual.
De 1933-35 datam as suas primeiras intervenções, ainda pontuais: início do desaterro do criptopórtico e da zona correspondente à igreja românica, aplicação dos portais de Santo Agostinho e S. Tomás (fig. 13), recolhidos, respetivamente, do Convento de Santa Ana e do Colégio de S. Tomás, já secularizados.
O seu programa é norteado por duas preocupações essenciais: o respeito pelos edifícios (valorizando a arquitetura) e a lógica expositiva. Consequentemente, começa a libertar as fachadas do pátio dos painéis de azulejo montados por A. Augusto Gonçalves, fecha ou modifica aberturas aleatórias e procede à desobstrução da porta medieval da cerca, recuando o canto sudeste do edifício e alterando o terreiro fronteiro (fig. 7). É ainda, neste período, que as fachadas sul e poente do edifício são totalmente refeitas (fig. 14).
Paralelamente, monta no local original o que restava do claustro pré-românico (fig. 15), ergue sobre ele um pavilhão de dois andares destinado a exposição e inicia outro, contíguo ao portal de S. Tomás, para as carruagens episcopais e arrecadação.
Do mesmo plano fazem parte a reforma geral de telhados, tetos e soalhos antigos bem como dos dois pisos do bloco norte, incluindo o pátio que o serve.
Em 48, as salas de exposição da ala sul são dotadas de eletricidade a pedido dos organizadores da exposição que acompanhará o XVI Congresso Internacional de História de Arte.
A construção do edifício anexo para os serviços técnicos e administrativos, no espaço antes ocupado pelo Instituto de Coimbra, no gaveto nordeste, só irá ter início na década de 50, sob a direção de L. Reis Santos.
A este diretor ficará a dever-se a ligação interna dos dois pisos (fig. 16), no ângulo sudeste, o que torna o percurso de visita mais cómodo e lógico. A igreja anexa é definitivamente libertada de coleções, funcionando como sala de concertos e conferências. Dota-se, pela primeira vez, o Museu com uma boa sala de exposições temporárias servida por entrada própria, pela Couraça dos Apóstolos.
Entre 1952 e 1962, as galerias do piso superior do criptopórtico são completamente esvaziadas e procede-se ao restauro das abóbadas. A sua abertura ao público ocorrerá dez anos depois.
Apesar dos sucessivos melhoramentos, as áreas são insuficientes e as infraestruturas não respondem aos quesitos de um museu moderno. A decisão de transferir para o pátio norte a ‘Capela do Tesoureiro’ – uma das melhores obras que João de Ruão executou para o Convento de S. Domingos – agrava, a partir de 1967, as dificuldades de circulação interna e cria sérios problemas de conservação ao edifício e à própria capela (fig. 17).
18. Maqueta. Projeto de G. Byrne para ampliação do Museu, 2004.
Assim, na década de 80, inicia-se um processo de aquisição do terreno adjacente, a oeste, para ampliação do Museu, no âmbito de um programa – apenas consolidado no final de 90 – que contemplará, simultaneamente, todos os aspetos estruturais e expositivos. As obras que hão de concretizá-lo e as sondagens arqueológicas e geo-técnicas que as antecedem, obrigam ao encerramento total em 2004.
Passado quase um século sobre a data da sua fundação, o Museu Nacional de Machado de Castro adapta-se às exigências de um novo conceito museológico, conferindo nova imagem aos aspetos essenciais de uma identidade plenamente consolidada.
Fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti
http://www.museumachadocastro.pt/pt-PT/museu/ContentDetail.aspx?id=629
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