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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Monumento de mais de 800 anos foi levado da Ilha de Páscoa no século 19.


Como os rapanui esperam reaver um moai exposto no British Museum



Polinésicos coletam assinaturas e pressionam políticos para trazer objeto de volta



FOTO: STR NEW/REUTERS -
MOAIS LOCALIZADOS NO VULCÃO RANO RARAKU, NO LESTE DA ILHA DE PÁSCOA 

Centenas de moradores da ilha polinésica de Páscoa deram início a uma campanha para trazer de volta um moai de mais de 4 toneladas, que se encontra desde 1869 num dos mais importantes museus do mundo, o British Museum, de Londres.

A peça foi levada da ilha por navegantes ingleses no século 19 e incorporada ao acervo permanente da coleção britânica de arte, da mesma maneira como outros 500 objetos menores da cultura local que também foram levados ao longo dos anos para coleções localizadas em Bruxelas, Paris, Berlim, Colônia, Munique, Bremen, Buenos Aires e Camberra.

Para os moradores da ilha - chamados rapanui - todos esses objetos foram roubados e devem ser restituídos o quanto antes.
Como a campanha teve início

A revolta dos moradores de Páscoa com a subtração do monumento é ancestral. Mas ela só começou a ganhar publicidade internacional depois que o diretor de cinema Leonardo Pakarati estreou um documentário sobre o assunto, em abril de 2016.

Pakarati nasceu na ilha, em 1967, e cresceu ouvindo dos mais velhos a história do moai Hoa Hakananai'a, chamado também de “o amigo roubado”.


No filme, ele ouve o testemunho ao mesmo tempo sensível e supersticioso dos rapanui, que falam do valor cultural do monumento e da teoria de que sua subtração influencia diretamente na ocorrência de eventos negativos na ilha.

O diretor associa a retirada do moai de Páscoa com a desaparição forçada de milhares de cidadãos chilenos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), muitos deles presos, torturados e lançados a partir de aeronaves militares no oceano Pacífico, para nunca mais serem encontrados. “É exatamente o mesmo”, disse o diretor ao jornal “La Tercera”, em relação ao sentimento de ter tido arrancado do convívio um ente querido.
Solidariedade espontânea

Depois de passar pelo circuito comercial, o filme começou a ser exibido em dezenas de cineclubes, escolas, sindicatos e associações na ilha e fora dela. Nesse processo, muitos espectadores procuravam o diretor para saber como ajudar os moradores da ilha a reaver o moai.

De maneira precária, foi organizada uma petição para recolher assinaturas de cidadãos - em princípio, apenas da ilha, mas depois fora dela também - pedindo ao British Museum que devolva “o amigo roubado”. As adesões chegam por um endereço de e-mail, que foi divulgado pela equipe do filme à imprensa (mahatua@gmail.com).

No filme, o diretor escreveu uma frase do autor inglês George Orwell segundo a qual “quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado”, numa crítica política ao evento.

Pakarati espera que o governo do Chile, país ao qual a ilha pertence, tome ações diplomáticas para reaver o patrimônio histórico rapanui.

Não se sabe ao certo qual o significado das quase 900 enormes estátuas confeccionadas na Ilha de Páscoa entre os séculos 12 e 16. Elas ficam dispostas de costas para o mar e algumas teorias dizem que elas servem de homenagem a antepassados, ou até mesmo de para-raios para os moradores da ilha.

O debate não é novo nem exclusivo dos rapanui. Frequentemente, países africanos, como o Egito, e latino-americanos, como o Peru, se envolvem em polêmicas acerca da recuperação de bens de valor arqueológico incorporados a importantes coleções europeias e americanas.





Fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/08/15/Como-os-rapanui-esperam-reaver-um-moai-exposto-no-British-Museum

Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.

A cultura e o amor devem estar juntos.

Vamos compartilhar.

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