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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Eyes put on the Portuguese state tomorrow in the auction of Sotheby's. Bid base value between 150 and 250 thousand dollars - Olhos postos no Estado português amanhã no leilão da Sotheby"s. Valor base de licitação entre 150 e 250 mil dólares

The Museum of Ancient Art asked the Ministry of Culture to buy The Annunciation, by Álvaro Pires de Évora. And now?

It is called The Annunciation, it was painted in 1434, and is 30.5 by 22 centimeters. "A small focus of light in a zone of almost absolute darkness" of Portuguese painting, says the curator of the Museum of Ancient Art (MNAA) and specialist in antique painting, Joaquim Caetano. "From my point of view, everything that is more than 50 thousand euros for this painting is an exaggeration," Pedro Dias, professor of art history at the University of Coimbra, retired, and 1994, the only major exhibition in Portugal dedicated to the one who, not being the first Portuguese painter, according to Dias, is the first to whom work can be attributed, explains Caetano: Álvaro Pires de Évora, who, despite having lived almost all his life in Italy, was born in Portugal in the early fifteenth century.



If tomorrow (fev-2-2018) the Portuguese State will fulfill the MNAA's request to the Ministry of Culture to buy the painting at the auction of Sotheby's in New York, with a bidding value between 150 and 250 thousand dollars (between 121 and 202 thousand euros ), this will not be the first time the work has arrived in the country of its creator.In 1994, the painting arrived in Lisbon under the arm of its owner, the Heinz Kisters family - who sold it to Konrad Adenauer, Germany's first chancellor And then recovered it from his heirs - for the exhibition Álvaro Pires de Évora: a Portuguese painter in Italy of the Quattrocento, curated by Pedro Dias, in the framework of the Commemorations of the Portuguese Discoveries.

The Annunciation will be, tomorrow (fev-2-2018) at 18.00 in New York (23.00 in mainland Portugal), the first lot of an auction that counts with Lucrécia, Cranach, Santa Margarida, Titian, or a landscape of Brueghel and a view of Venice from Canaletto, the latter with estimated values ​​between three and four million dollars.

In 1994, as this work, Pedro Dias recalls, came others that were "in Italy or on Fifth Avenue, in New York, St. Petersburg, Germany, Switzerland." There were no others, such as the one that Joaquim Caetano points out as the "masterpiece": the altarpiece of the church of Santa Croce in Fossabanda of Pisa. Pedro Dias refers to this work as a "fundamental document" for what it includes in addition to its artistic value: "Álvaro Pires de Évora Pintou", signature of the painter who thus shows to be Portuguese and of whom, in 2001, the State bought by 64 thousand contos (320 thousand euros), The Virgin and Child between St. Bartholomew and St. Anthony, under the Annunciation, to the Museum of Évora, then directed by Joaquim Caetano. This is the only work in Portugal by Álvaro Pires, present in collections such as the Louvre Museum or the Metropolitan Museum of Art. Giorgio Vasari, the great biographer of the Renaissance painters (a revolution that did not go through the work of the Portuguese painter), refers to him as Alvaro di Piero di Portogallo, when he writes about another artist.

Christopher Apostle, who heads Sotheby's former painting masters department, tells DN that "rarely" appears an "Alvaro Portoghese", as he calls it. "The last thing that Sotheby's had was about 10 years ago . " In 2005, they sold São Miguel, "for 180 thousand dollars, which remains the artist's record at auction," he says.

Not wanting to talk about the MNAA's request, advanced by the newspaper Público about two weeks ago, and which according to the General Directorate of Cultural Heritage is being evaluated, Joaquim Caetano recalls that "we know nothing rigorously about Portuguese painting at the time his". Speaking of MNAA, whose request the PSD parliamentary group has already supported in a draft resolution handed over to the Assembly of the Republic, explains: "There is a portrait of King John I, who is the king of the time of Álvaro Pires, a painter of the time , and then we went immediately to the panels of São Vicente, of Nuno Gonçalves, half a century later, before we have nothing to grab us, to give us an idea of ​​what a Portuguese artist would be doing. create a speech about what is this very period of shadow. "


"We already had opportunities to have other works by Álvaro Pires de Évora," argues Pedro Dias, who is surprised that the state, buying this auction, bought the work for a value that it considers "completely inflated", after rejecting others that more important. The professor, former director of the National Library and scientific adviser of the "Portuguese Wonders", recalls that at the time of the exhibition he organized, the work Santa Catarina and an Apostle, a one-meter high diptych sold by the former German Democratic Republic (RDA) and found by him "at an antique fair in Milan," was to be bought by the Portuguese Government, which authorized the sale, then suddenly rejected by the extinct Portuguese Institute of Museums. To this other board "which was on sale for 40,000 at the Wildenstein Gallery [in New York], and which no one wanted, and three other paintings in London, all more important. Now appears a campaign, launched for the press, to say that the picture is worth it. "

Nuno Vassallo e Silva, former Director General of Cultural Heritage, states that this "is an important acquisition, if the Portuguese State has availability", considering, however, that this acquisition must be made "within the reasonableness, not at any price". The art historian also believes that the fact that the MNAA's request is now public is "a way of putting pressure on the Ministry of Culture." And it is in him that tomorrow, at the beginning of the auction, the eyes will be put: in his absence or presence.











Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,
mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir. 

A cultura e o amor devem estar juntos.
Vamos compartilhar.

Culture is not what enters the eyes and ears, 
but what modifies the way of looking and hearing.










--pt
Olhos postos no Estado português amanhã no leilão da Sotheby"s. Valor base de licitação entre 150 e 250 mil dólares 

O Museu de Arte Antiga pediu ao ministério da Cultura para comprar A Anunciação, de Álvaro Pires de Évora. E agora?

Chama-se A Anunciação, terá sido pintado em 1434, e tem 30,5 por 22 centímetros. "Um pequeno foco de luz numa zona de trevas quase absolutas" da pintura portuguesa, afirma o conservador do Museu de Arte Antiga (MNAA) e especialista em pintura antiga, Joaquim Caetano. "Do meu ponto de vista, tudo o que seja mais de 50 mil euros para este quadro é um exagero", lança, por sua vez, Pedro Dias, professor catedrático de História de Arte da Universidade de Coimbra, aposentado, e comissário, em 1994, da única grande exposição em Portugal dedicada àquele que, não sendo o primeiro pintor português, segundo Dias, é o primeiro a quem é possível atribuir obra, explica Caetano: Álvaro Pires de Évora, que, apesar de ter vivido quase toda a sua vida em Itália, nasceu em Portugal no começo do século XV.

Se amanhã (fev-2-2018) o Estado português cumprir o pedido do MNAA, feito ao Ministério da Cultura, para comprar o quadro no leilão da Sotheby"s, em Nova Iorque, com valor base de licitação entre 150 e 250 mil dólares (entre 121 e 202 mil euros), esta não será a primeira vez que a obra chega ao país do seu criador. Em 1994, o quadro chegou a Lisboa sob o braço do seu proprietário, da família de Heinz Kisters - que a vendeu a Konrad Adenauer, primeiro chanceler da Alemanha Ocidental, e depois a recuperou aos seus herdeiros - para a exposição Álvaro Pires de Évora : um pintor português na Itália do Quattrocento, comissariada por Pedro Dias, no âmbito das Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

A Anunciação será, amanhã (fev-2-2018) às 18.00 em Nova Iorque (23.00 em Portugal continental), o primeiro lote de um leilão que conta com Lucrécia, de Cranach, Santa Margarida, de Ticiano, ou uma paisagem de Brueghel e uma vista de Veneza de Canaletto, estes últimos com valores estimados entre três e quatro milhões de dólares.

Em 1994, como essa obra, recorda Pedro Dias, vieram outras que estavam "em Itália ou na Quinta Avenida, em Nova Iorque, em São Petersburgo, na Alemanha, na Suíça". Não vieram outras, como aquela que Joaquim Caetano aponta como a "obra-prima": o retábulo da igreja de Santa Croce em Fossabanda de Pisa. Pedro Dias refere-se a essa obra como "documento fundamental" pelo que nela consta além do seu valor artístico: "Álvaro Pires de Évora Pintou", assinatura do pintor que assim mostra ser português e de quem, em 2001, o Estado comprou por 64 mil contos (320 mil euros), 

A Virgem com o Menino entre S. Bartolomeu e Santo Antão, sob a Anunciação, para o Museu de Évora, então dirigido por Joaquim Caetano. Essa é a única obra em Portugal de Álvaro Pires, presente em coleções como as do Museu do Louvre ou do Metropolitan Museum of Art. Giorgio Vasari, o grande biógrafo dos pintores do Renascimento (revolução que não atravessou a obra do pintor português), refere-se a ele como Alvaro di Piero di Portogallo, quando escreve sobre outro artista.

Christopher Apostle, que dirige o departamento de mestres de pintura antiga da Sotheby"s, diz ao DN que "raramente" aparece um "Alvaro Portoghese", como lhe chama. "O último que a Sotheby"s teve foi há cerca de 10 anos." Em 2005, venderam São Miguel, "por 180 mil dólares, que continua a ser o recorde do artista em leilão", afirma.

Não querendo falar acerca do pedido do MNAA, avançado pelo jornal Público há cerca de duas semanas, e que que segundo a Direção-Geral do Património Cultural está a ser avaliado, Joaquim Caetano lembra que "não sabemos rigorosamente nada sobre a pintura portuguesa na altura dele". Falando do MNAA, cujo pedido o grupo parlamentar do PSD já apoiou num projeto de resolução entregue na Assembleia da República, explica: "Tem um retrato de D. João I, que é o rei do tempo de Álvaro Pires, de um pintor da época; e depois passamos imediatamente para os Painéis de São Vicente, do Nuno Gonçalves, meio século posteriores. Antes não temos nada para nos agarrar, que nos dê ideia do que é que um artista português estaria a fazer. O Álvaro Pires ajudava ali bastante a criar um discurso sobre o que é este período muito de sombra."


"Nós já tivemos oportunidades de ter outras obras do Álvaro Pires de Évora", argumenta Pedro Dias, a quem surpreende que o Estado, indo a este leilão, compre a obra por um valor que considera "completamente inflacionado", depois de rejeitar outras que considera mais importantes. O professor catedrático, ex-diretor da Biblioteca Nacional e conselheiro científico das "Maravilhas Portuguesas", recorda que, na altura da exposição que organizou, a obra Santa Catarina e um Apóstolo, um díptico de um metro de altura vendido pela antiga República Democrática Alemã (RDA) e por ele encontrado "numa feira de antiguidades em Milão", esteve para ser comprada pelo Governo português, que chegou a autorizar a venda, depois subitamente rejeitada pelo extinto Instituto Português dos Museus. A essa junta ainda outra "que estava à venda por 40 mil na galeria Wildenstein [em Nova Iorque], e que ninguém quis, e outros três quadros em Londres, todos mais importantes. Agora aparece uma campanha, lançada para a imprensa, a dizer que o quadro vale a pena."

Nuno Vassallo e Silva, ex-diretor-geral do Património Cultural, afirma que esta "é uma aquisição importante, se o Estado português tiver disponibilidade", considerando, contudo, que essa aquisição deve ser feita "dentro da razoabilidade, e não a qualquer preço". O historiador de arte considera ainda que o facto de o pedido do MNAA ser agora público é "uma forma de pressionar o ministério da Cultura". E é nele que amanhã, no começo do leilão, os olhos estarão postos: na sua ausência ou presença.


















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