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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sé e Pinheiros concentram mais da metade dos pontos culturais de SP

Há, ao todo, 1.570 locais na cidade; dados são da Prefeitura de São Paulo. 74% dos pontos incluídos na lista, no entanto, são particulares.

no link:
http://g1.globo.com/sao-paulo/pontos-culturais-de-sao-paulo/infografico/index.html



As regiões da Sé e de Pinheiros concentram mais da metade dos pontos culturais da cidade de São Paulo. É o que mostra um levantamento feito pelo G1 com base nos dados da Prefeitura de São Paulo.

São, ao todo na capital, 1.570 locais de cultura listados pela administração municipal. A relação, atualizada, está disponível no site da Prefeitura, em um novo espaço que abriga uma base de dados abertos (veja no mapa todos os pontos).

A Subprefeitura da Sé conta com 428 locais; a de Pinheiros, com 377. Juntas, elas possuem 51% do total.

O levantamento da Prefeitura considera como ponto cultural não apenas espaços formais, como bibliotecas e museus, mas também informais, onde há atividades como saraus literários e pequenos shows, como bares e livrarias.



Os dados revelam que algumas regiões periféricas da cidade praticamente não contam com nenhum tipo de equipamento cultural. Em Ermelino Matarazzo, na Zona Leste, há apenas um ponto listado: uma biblioteca pública. Já em Cidade Ademar, na Zona Sul, os moradores têm à disposição apenas uma biblioteca e um espaço que comporta teatro e cinema, ambos dentro de um CEU (Centro Educacional Unificado).

Moradora de Emerlino Matarazzo há 50 anos, a aposentada Clarinda Franchetto reclama da falta de opções culturais no distrito da periferia da cidade. “Eu acho que devia ter mais espaço para arte, exposição, música. São poucos os lugares para levar as crianças”, diz. A neta Helen, de apenas 9 anos, concorda: “Falta muito um teatro e um lugar para brincadeiras”.



Os adolescentes Sara Lopes de Melo, de 17 anos, e Luan Mike Ferreira das Neves, de 16 anos, que vivem em Ermelino, também dizem não ter outra alternativa a não ser frequentar a biblioteca Rubens Borba Morais. "Para a gente ir ao cinema ou ao teatro tem que pagar muito, porque não tem nada aqui", diz Sara, que afirma que o dinheiro do passeio vai todo para o transporte nesses casos.

Para o antropólogo Alexandre Barbosa Pereira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o levantamento mostra a ausência do poder público na periferia. “Mesmo equipamentos públicos que têm na periferia são subutilizados, porque não há um diálogo com a população local para saber o que ela quer em termos de lazer e cultura”, diz.



“Se não fossem os CEUs (são quase 70 equipamentos culturais ligados a eles), a presença seria ainda mais diminuta nas franjas da cidade”, afirma o professor.

Pereira diz, no entanto, que isso não significa que não haja cultura e lazer nessas áreas. “Há uma série de iniciativas dos moradores, que têm criado seus espaços. Há, por exemplo, shows de música sertaneja e forró nos mais diferentes botecos, além de bailes funk na rua. Tudo isso também é ação artística-cultural e um forte sinal da falta de equipamentos mais formais.”



Cinema e pontos particulares
As salas de cinema compõem a principal opção de cultura em São Paulo. São 349. Isso não significa que há uma em cada local, já que em um único shopping, como no Interlar Aricanduva, existem 14 salas.



Logo atrás estão as salas de shows e concertos (276) e as salas de teatro (269). Há ainda 198 galerias de arte, 125 museus e 143 bibliotecas públicas.

Um dado que chama a atenção é a quantidade de pontos particulares. Eles representam 74% dos locais listados pela Prefeitura. Apenas 290 equipamentos (menos de 20%) são municipais. Cerca de 7% são de propriedade do governo estadual.



Na relação, portanto, constam, além de pontos públicos como a Casa das Rosas, a Pinacoteca e a Biblioteca Mário de Andrade, locais particulares como o Bar Brahma, o Studio SP e o Villa Country.



Pereira diz que é preciso um fomento público maior no setor e cita ações importantes para o estímulo da produção cultural na cidade, como o Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), que tem editais para financiar pequenos projetos artísticos de jovens, e a contratação de agentes comunitários de cultura.

“Acho bem interessante e dialoga muito com a perspectiva do francês Joffre Dumazedier, especialista em lazer e uma das inspirações de uma iniciativa bem sucedida no campo da cultura no Brasil, os Sescs. Ele defende a importância de se fomentar animadores culturais que incentivem a promoção de diferentes linguagens artísticas para a população.”



Investimento público
João Brant, coordenador da assessoria técnica da Secretaria Municipal de Cultura, diz que a concentração cultural é uma das maiores preocupações da atual gestão. “Os locais estão onde há mais recursos financeiros. Não devemos entender [a concentração] como algo negativo, pois o problema não é a quantidade no Centro, mas sim a desprorporção na periferia”, afirma.



Segundo ele, nos últimos anos, houve, de fato, pouca preocupação do poder público em relação ao tema. “Faltam programas de políticas públicas, de incentivo à produção cultural na periferia. Hoje, nós não temos um programa de livre leitura em São Paulo, por exemplo. Não devemos apenas construir prédios, mas estimular a cultura através de programas."

Brant afirma que a Prefeitura está trabalhando com iniciativas como o programa federal Cultura Viva, que planeja instalar 85 pontos de cultura neste ano em São Paulo, e a plataforma SP Cultura, que permite que os cidadãos registrem bibliotecas, museus, entre outros locais, em uma mapa colaborativo. O site deve ser lançado oficialmente em julho.




“Também queremos descentralizar ações de equipamentos de ponta da cidade, como o Theatro Municipal. Queremos que o coral lírico, o quarteto de cordas e os outros grupos circulem pela cidade. Estamos, inclusive, desenhando um programa para que tenha uma orquestra em cada uma das cinco regiões da cidade”, diz.

Segundo o coordenador, um dos objetivos da administração municipal com os programas é o de estimular uma maior demanda cultural na periferia. “Cria uma pressão positiva para mais espaços de apresentação”, diz.

Para Brant, isso também pode incentivar a instalação de equipamentos privados. “O problema é que essa demanda nem sempre está ligada a recursos financeiros. Por isso, há um papel do setor privado, através de fundações, e também do público, com parcerias público-privadas”, diz.



Dados Abertos
A página Dados Abertos foi lançada pela Prefeitura no início deste ano e conta com quase 5 gb de dados em formato aberto. São bases estatísticas georreferenciadas e bases geoespaciais, cada uma delas acompanhadas por metadados.



Segundo Tomás Wissenbach, diretor do Departamento de Produção e Análise de Informação (Deinfo), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, a intenção é fornecer dados que possam ser facilmente manipulados. “Há uma demanda cada vez maior por formatos que possam ser retrabalhados e reutilizados em aplicativos e sistemas”, diz.

Além da plataforma, o governo está trabalhando em outras frentes na divulgação de informações públicas. Segundo Wissenbach, já foi disponibilizado um acesso melhorado ao mapa da cidade e uma equipe também trabalha para construir uma nova base cartográfica, com informações territoriais, como lotes, áreas e ruas.
 
 
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/07/se-e-pinheiros-concentram-mais-da-metade-dos-pontos-culturais-de-sp.html


Veja na tabela alguns dos pontos culturais em cada região da cidade:





Região
SALAS DE CINEMA
TEATROS
MUSEUS
BIBLIOTECAS
 CENTRO
55
143
37
35
LESTE
84
25
6
54
NORTE
18
9
9
28
OESTE
94
60
49
13
SUL
98
31
24
37
 











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