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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

The present time in the museums. --- O tempo presente nos museus.


The present is in many cases much easier to be lived than to be understood as a whole. Today, when we are inundated and appropriated daily with information from all over the world, it is a complex exercise to interpret what is changing, what will remain and what directions we will take. In what we will become as humanity, as political and cultural groups, as agents of our time. The speed is absurd and time seems always scarce.



Juliana Monteiro
Museóloga e membro do COMCOL


Museums are not immune to this hurricane eye. We can understand them as institutions with deep roots in the social fabric and that, for this very reason, are impacted and influenced by what happens. Sometimes we see rapid reactions, such as the case of American museums that, in protest of the last actions of the Trump government, began to remove from their galleries works produced or donated by immigrants to demonstrate how empty they are without this contribution. Or, instead, they have replaced in their spaces works carried out by Muslim artists, showing how much they and their productions are equally important to understand the contemporary art and the very culture of that country.


But many of them do not react immediately to transformational movements, social and political tensions, or major behavioral changes for many reasons. In this way, museums show us that they have their own time to process the present. Their collections end up being formed from that time, representing the choices made at different times from those in which the cultural goods were produced. Of course, this movement has always existed within museums - the distance, in time and sometimes in space, of what is collected. However, let's not forget that the current context is swift, voracious and fluid.

All this leads us to ask what picture we will have of our present in a few years, considering that not everything that happens now will still be there in the future for when a museum decides to collect something that represents him. That is, museums, institutions whose main subject is time (or the memory that is built on time), may begin to run out of it. An example of this knocks at our door: how have Brazilian museums approached our current political context? And how have you thought about preserving this current memory of our history? Should we preserve property related to the demonstrations? Should we not preserve anything? Because yes? And why not? And how to do both in a responsible, responsive and ethical way before society?

An interesting case that has recently occurred in Norway, and which brings the least answers and contributes more to the discussion, is the Collecting Digital Photography project. Concerned about the increasing drainage of photo collections, due to the advent of natural images that do not reach the collections, Rogaland County museums have decided to better understand what is happening to people's record habits. The research was funded by the Arts Council of Norway and pointed out several possible trends for local museums to start collecting photographs and other digital materials. However, the main result of the research was precisely the reinforcement for museums to be attentive to the collecting of photographs produced in the present.

And perhaps this is one of the few findings that we can be certain about the present: that it is there, whether we like it or not. Like it or not. And our museums, at one time or another, will have to deal with that reality.





Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.

Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,

mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir. 

A cultura e o amor devem estar juntos.

Vamos compartilhar.

Culture is not what enters the eyes and ears, 

but what modifies the way of looking and hearing.




--br
O tempo presente nos museus.

O presente é, em vários casos, muito mais fácil de ser vivido do que ser compreendido em seu todo. Na atualidade, em que somos inundados e nos apropriamos diariamente com informações vinda de vários lugares do mundo, é um exercício complexo interpretar o que está mudando, o que vai permanecer e quais as direções que tomaremos. No que nos transformaremos enquanto humanidade, enquanto grupos políticos e culturais, enquanto agentes do nosso tempo. A velocidade é absurda e o tempo parece sempre escasso.

Os museus não ficam imunes a esse olho de furacão. Podemos entendê-los como instituições com profundas raízes no tecido social e que, por isso mesmo, são impactados e influenciados pelo que acontece. Ás vezes, vemos reações rápidas, como o caso dos museus estadunidenses que, em protesto às últimas ações do governo Trump, passaram a retirar de suas galerias obras produzidas ou doadas por imigrantes para demonstrar o quanto ficam vazios sem essa contribuição. Ou, ao contrário, recolocaram em seus espaços obras realizadas por artistas mulçumanos, mostrando o quanto eles e suas produções são igualmente importantes para se entender a arte contemporânea e a própria cultura daquele país.

Porém, muitos deles não reagem imediatamente aos movimentos de transformação, de tensões sociais e políticas ou de grandes mudanças comportamentais, por muitas razões. Dessa forma, os museus nos mostram que possuem seu próprio tempo de processar o presente. Suas coleções acabam sendo formadas a partir desse tempo, representando as escolhas feitas em momentos diferentes daqueles em que os bens culturais foram produzidos. É claro que esse movimento sempre existiu dentro dos museus – o distanciamento, no tempo e às vezes no espaço, daquilo que se coleciona. Porém, não nos esqueçamos que o contexto atual é veloz, voraz e fluído.

Isso tudo nos leva a perguntar que retrato teremos do nosso presente daqui a alguns anos, considerando que nem tudo que acontece agora ainda estará lá no futuro para quando um museu decidir colecionar algo que lhe represente. Ou seja, os museus, instituições que têm como matéria principal o tempo (ou a memória que se constrói sobre o tempo), podem começar a ficar sem ele. Um exemplo disso bate à nossa porta: como os museus brasileiros tem abordado o nosso contexto político atual? E como tem pensado a preservação dessa memória atual da nossa história? Devemos preservar bens relativos às manifestações? Não devemos preservar nada? Por que sim? E por que não? E como fazer ambas as coisas de forma responsável, responsiva e ética perante a sociedade?

Um caso interessante que aconteceu recentemente na Noruega, e que menos traz respostas e mais contribui com a discussão, é o do projeto Collecting Digital Photography. Preocupados com o crescente esvaziamento das coleções de fotografia, devido ao advento das imagens natudigitais que acabam não chegando aos acervos, os museus do condado de Rogaland decidiram entender melhor o que está acontecendo com os hábitos de registro das pessoas. A pesquisa teve financiamento do Arts Council da Noruega e apontou diversas tendências possíveis para que os museus locais passem a colecionar fotografias e outros materiais digitais. Contudo, o principal resultado da pesquisa foi justamente o reforço para que os museus estejam atentos ao colecionismo de fotografias produzidas no presente.

E talvez seja essa uma das poucas constatações que podemos ter certeza a respeito do presente: que ele está aí, queiramos nós ou não. Gostemos dele ou não. E os nossos museus, uma hora ou outra, precisarão lidar com essa realidade.

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