Recently, a major circulation newspaper in São Paulo published a report2 on the use of digital technology by museums and cultural centers in the city to attract and entertain the public. The reporting team visited sixteen of these institutions, allowing them to assess, from the visitor's point of view, the available digital resources.
From the data collected during the visits, it was possible to understand that, in certain cases, the institutions have from long expositions based on the use of digital technology to facilitate the understanding of contents, to applications and audio guides available to make the visitation experience more interesting, or even feasible for foreigners or blind people. In addition to highlighting the resources cited, the report draws attention to the presence (or not) of museums and cultural centers in projects aimed at making available images of their collections on the web, facilitating remote access to cultural assets such as the Google Art Project.
Despite these good examples, it is possible to say that the general scenario is still quite diverse. Almost a virgin territory, considering the numerous possibilities that information and communication technologies can offer and which have not yet been properly explored by museums and cultural centers. And at this point we can dwell on why such a scenario.
One of the interviewees said during the report that there is a lack of investment. The same data is brought by a survey3 carried out in 2016 by the Internet Governance Committee in Brazil (CGI.Br) and by the Information and Coordination Center of Ponto BR (NIC.Br) and published in 2017 on the use of information technologies and museums, archives, libraries, cinemas and theaters. In addition to the lack of investment, the institutions also indicated a lack of qualified staff. We can add here a third, more subtle factor, which may be a direct development of the other two: the lack of greater knowledge of what it means to navigate the digital waters in favor of access to cultural goods and more dialogue with different audiences.
Let us start, then, by the number 1 factor: the lack of investment. We can understand that museums and cultural centers even have serious difficulties in raising funds and investing them in projects focused on the digital environment. So if institutions need to choose between repairing a leak in the guest bathroom or even paying their employees' salaries with the limited resources they receive, they are likely to do exactly one of two things and not allocate money to create a site, for example.
Now, let's go to factor number 2: the absence of qualified staff. We can understand the absence of two forms. The first has to do with the training of many of our professionals who work in collecting institutions, such as museums, archives and libraries. If we analyze the curricular matrices of undergraduate courses - for example, Museology - we will realize that many of them do not have subjects dedicated to discuss in a concrete way the challenges of the digital universe for the management and access to the collections.
From this we can say that many of the professionals who work in cultural memory institutions are prepared to deal with the physical preservation and control of collections. Such preparation remains very important, although it lacks in terms of the treatment and dissemination of collections using other digital methods or tools.
Lack of knowledge, our third factor, deserves to be introduced here. The misunderstanding of basic tools, the purposes of the platforms and their way of working may lead many of the professionals to put the digital universe as something restricted to specialists in the field of information technology or information technology. However, a systems analyst or programmer will need to work closely with the technicians who deal with cultural assets to understand what the demand is. Cultural professionals, in turn, will need to adapt and learn to dialogue with these professionals.
In this sense, it is worth mentioning that the digital universe is hybrid on many levels and that contemporary professionals need to become accustomed to this reality - even if their initial training did not provide him with all the subsidies to work with. And if possible, they should seek to become hybrids as well, if there is interest or need.
So it would not be irrelevant to say that if such institutions want to impact audiences other than those who are already loyal to them, they need to think outside the box and beyond the financial and staffing difficulties that will always exist - targeting creative and low-cost solutions . After all, the digital has come to stay and it is up to us to understand what may be appropriate to make our museums and cultural institutions of memory more interesting and present in the day to day of people.
Juliana Monteiro - Museologist at UFBA and master in Information Science at USP. Professor in the technical course of Museology / ETEC Youth Park. Independent consultant. Contributing volunteer of the group Wiki Educação Brasil.
Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,
mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir.
A cultura e o amor devem estar juntos.
Vamos compartilhar.
Culture is not what enters the eyes and ears,
but what modifies the way of looking and hearing
--br
Museus e tecnologias digitais: desafios de uma relação necessária. Em artigo, museóloga Juliana Monteiro fala sobre os desafios da implementação da tecnologia nos museus.
Recentemente, um jornal de grande circulação de São Paulo publicou uma reportagem² sobre o uso de tecnologia digital pelos museus e centros culturais da cidade para atrair e entreter público. A equipe de reportagem visitou dezesseis dessas instituições, permitindo avaliar, do ponto de vista do visitante, dos recursos digitais disponíveis.
A partir dos dados levantados nas visitas, foi possível compreender que, em determinados casos, as instituições possuem desde exposições de longa duração baseadas no uso de tecnologia digital para facilitar a compreensão de conteúdos, até aplicativos e audioguias disponibilizados para tornar a experiência de visitação mais interessante, ou, até mesmo viabilizá-la para estrangeiros ou para pessoas cegas. Além do destaque dos recursos citados, a reportagem chama a atenção para a presença (ou não) dos museus e centros culturais em projetos que visam disponibilizar imagens das suas coleções na web, facilitando o acesso remoto aos bens culturais, como o Google Art Project.
Apesar destes bons exemplos, é possível dizer que o cenário geral ainda é bastante diverso. Quase um território virgem, se considerarmos as inúmeras possibilidades que as tecnologias de informação e comunicação podem oferecer e que ainda não foram devidamente exploradas pelos museus e centros culturais. E neste ponto podemos nos deter no porquê de tal cenário.
Um dos entrevistados, durante a reportagem, declarou que há falta de investimentos. O mesmo dado é trazido por uma pesquisa³ realizada em 2016 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br) e pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.Br) e publicada em 2017 sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação por museus, arquivos, bibliotecas, cinemas e teatros. Além da falta de investimento, as instituições indicaram também ausência de equipe qualificada. Podemos acrescer aqui um terceiro fator, mais sutil, e que talvez seja desdobramento direto dos outros dois: a falta de maior conhecimento do que significa navegar pelas águas digitais em prol do acesso aos bens culturais e de mais diálogo com públicos diversos.
Comecemos, então, pelo fator número 1: a falta de investimento. Podemos compreender que museus e centros culturais têm mesmo sérias dificuldades para angariar fundos e investi-los em projetos focados no ambiente digital. Logo, se as instituições precisarem escolher entre consertar um vazamento no banheiro de visitantes ou mesmo pagar os salários de seus funcionários com o recurso limitado que recebem, é bem provável que façam exatamente uma das duas coisas e não aloquem o dinheiro para criar um site, por exemplo.
Agora, vamos ao fator número 2: a ausência de equipe qualificada. Podemos entender a ausência de duas formas. A primeira, tem a ver com a formação de muitos de nossos profissionais que atuam em instituições colecionadoras, como museus, arquivos e bibliotecas. Se analisarmos as matrizes curriculares dos cursos de graduação – por exemplo, de Museologia –, perceberemos que muitos deles não possuem disciplinas dedicadas a debater de forma concreta os desafios do universo digital para a gestão e acesso aos acervos.
A partir disso, podemos dizer que muitos dos profissionais que atuam em instituições culturais de memória são preparados para lidar com a preservação e controle físicos das coleções. Tal preparação continua sendo muito importante, embora lacunar no que se refere ao tratamento e difusão de coleções usando outros métodos ou ferramentas digitais.
A falta de conhecimento, nosso terceiro fator, merece ser introduzido aqui. A incompreensão de ferramentas básicas, dos propósitos das plataformas e de seu modo de funcionamento pode levar muitos dos profissionais a colocar o universo digital como algo restrito a especialistas da área de informática ou tecnologia da informação. Porém, um analista de sistemas ou programador precisará trabalhar de maneira próxima com os técnicos que lidam com os bens culturais, para entender qual é a demanda em pauta. Os profissionais da área cultural, por sua vez, precisarão se adaptar e aprender a dialogar com esses profissionais.
Nesse sentido, vale ressaltar que o universo digital é híbrido em muitos níveis e que os profissionais da contemporaneidade precisam se acostumar a essa realidade – mesmo que sua formação inicial não tenha lhe fornecido todos os subsídios para trabalhar com ela. E, se possível, devem procurar se tornar híbridos também, caso haja interesse ou necessidade.
Portanto, não seria irrelevante dizer que, se tais instituições quiserem impactar públicos além daqueles que já lhes são fiéis, é necessário que pensem fora da caixa e para além das dificuldades financeiras e de equipe, que sempre existirão – visando soluções criativas e de baixo custo. Afinal, o digital veio para ficar e cabe a nós entender o que dele pode ser adequado para tornar nossos museus e instituições culturais de memória mais interessantes e presentes no dia a dia das pessoas.
Juliana Monteiro - Museóloga pela UFBA e mestra em Ciência da Informação pela USP. Professora no curso técnico de Museologia/ETEC Parque da Juventude. Consultora independente. Colaboradora voluntária do grupo Wiki Educação Brasil.
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