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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Clicar aqui para ler artigo série 6/7 - A linguagem cinemática: uma nova linguagem? O conteúdo parte para uma abordagem histórica sobre o uso inicial do videoteipe pelas artes plásticas, sua legitimação por grandes museus e seu posterior desdobramento para outras formas de arte englobadas sob o nome de arte-comunicação.

Para a Estética da Recepção a construção social do indivíduo se dá dentro de um discurso de linguagem que carrega consigo suas marcas históricas, sociológicas e/ou antropológicas.
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A arte-natureza cedeu lugar à arte-linguagem e é essa exploração que permite criar outro universo de comunicação que dá origem a outro receptor. Ultrapassou-se a concepção de que a mensagem de arte era produzida pelo emissor para ser consumida pelo receptor, de que comu nicação era algo que ocorria no início de um processo – o emissor – para se consumar no fim – o receptor –, a comunicação artística passou a ser considerada como algo que ocorria no interior do próprio veículo que se comunicava, na própria linguagem. Essa arte-linguagem presume tentar uma transformação total do receptor porque transforma o próprio
universo que o cerca. Exige um receptor ativo e operador de linguagens, capaz de ler um signo múltiplo – verbi-voco-visualtátil – a um só tempo. (FERRARA, 1981, p. 43).
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A linguagem artístico-visual como expressão de um conhecimento de mundo, como um contexto da cultura que cifra visualmente experiências essenciais, ou seja, princípios que regem apropriações significativas do ser na sua vivência do mundo e que formam a matéria-prima dessa produção simbólica. (ARANHA et al., 2011, p. 41).
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Para os autores, “a expressão artística está atrelada a uma transposição de contextos culturais por meio de um sistema de codificações próprio”. (ARANHA et al., 2011, p. 43). Por meio de um diálogo com a criação, o receptor habita novas experiências, a sua percepção sensibiliza-se com novos sentidos visuais codificados em elementos formais, criando condições para que se estabeleçam novas correlações a partir dos códigos da linguagem artística. (ARANHA et al., 2011, p. 43).


Cinema, audiovisual ou multimídia?

Nessa convergência das diferentes áreas, a teoria da Estética da Recepção acaba sendo incorporada pelas teorias que se ocupam das artes audiovisuais. Regina Gomes, da Universidade Nova de Lisboa, em seu texto Teorias da recepção, história e interpretação de filmes: um breve panorama (s/d) aponta que, dentro da Teoria do Cinema, Robert Stam em seu livro Film theory: an introduction (2000), caracteriza os anos de 80 e de 90 (séc. XX) como o período de crescimento do interesse pelo receptor e pela experiência fílmica. Segundo Stam, tal interesse se deu influenciado por teorias originadas na literatura e associadas ao Reader Response Theory, de Stanley Fish e Norman Holland e, especialmente, à Teoria da Estética da Recepção, de Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser. O papel ativo do leitor no processo comunicacional dado pela Estética da Recepção foi transferido ao espectador de cinema, que preenche as “lacunas” do texto fílmico.

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A natureza histórica e socialmente condicionada da espectatorialidade irá ser reconhecida nos estudos de recepção como algo imprescindível para entender o processo cinematográfico. O espectador, historicamente situado, molda e é moldado pela experiência cinematográfica, num processo dialógico sem fim. O
conhecimento e a interpretação do processo cinematográfico devem, sem dúvida, levar em conta este diálogo que reconhece a participação concreta e ativa do espectador de filmes. (GOMES, s/ d, p. 142).
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É fato que o cinema, no transcorrer de sua história, perdeu sua identidade única para servir de suporte para várias outras práticas ou como componente de algum outro campo. Para Casseti, o cinema sempre foi a “encruzilhada de um grande número de diferentes campos”, que inclui a história da mídia, das artes cênicas, da percepção visual e das modernas formas de subjetividade. (2007, p. 33). 

No fim de 1990, o estudioso David Bordwell assumiu o referencial conceitual da filosofia analítica e da psicologia cognitiva como referências conceituais para os estudos sobre cinema, contestando assertivas do pensamento pós-estruturalista francês1 aplicados à Teoria do Cinema, o que ele denomina de “A Grande Teoria”. 

Assim como na Estética da Recepção, para Bordwell e Carroll (1996), a significação é uma construção do espectador a partir da especificidade do filme, defendendo a necessidade de contextualização do espectador na história, já que a Estética da Recepção é fundamentada na tradição. Bordwell apoia o uso de teorias fragmentadas ligadas a estudos de casos e baseada em pesquisa empírica, que passam a ser conhecidas como Estudos Culturalistas sobre Cinema.


Continuação: dia 24/07/2015 as 12h00min série 7/7

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti
produção bibliográfica de Giselle Gubernikoff

Giselle Gubernikoff
Possui o 1o. Ano de Jornalismo pela Fundação Armando Álvares Penteado (1971), graduação em Artes/Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1976), mestre em Artes/ Cinema pela Universidade de São Paulo (1985), doutora em Artes/ Cinema pela Universidade de São Paulo (1992), livre-docência em Ciências da Comunicação/ Publicidade pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo(2000). Professora Titular pela ECA USP em Artes Visuais/Multimídia e Intermídia na especialização Fotografia, Cinema e Vídeo (2002). Atualmente é professora titular do Departamento de Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Audiovisual/ Cinema, com ênfase em Produção, Roteiro e Direção Cinematográficos, atuando principalmente nos seguintes temas: mídias digitais e novas tecnologias de comunicação, linguagem cinematográfica, produção audiovisual, cinema publicitário, representação feminina, cinema brasileiro, cinema e consciência cultural e museologia e mídias digitais.
(Texto informado pelo autor)

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