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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Arqueólogos descobrem contato de povos do Marajó com as Guianas, explica Helena Lima, coordenadora do projeto , realizado pelo Museu Emílio Goeldi.

Cerâmica de Gurupá apresenta características únicas, diz pesquisadora.

Cerâmica encontrada em Gurupá tem traços do estilo Koriabo, encontrado em povos mais ao norte do Pará (Foto: Acervo projeto OCA/MPEG)
Cerâmica encontrada em Gurupá tem traços do estilo Koriabo,
encontrado em povos mais ao norte do Pará (Foto: Acervo projeto OCA/MPEG)



Um projeto arqueológico em Gurupá, na ilha do Marajó, Pará, Brasil, surpreendeu pesquisadores com evidências de novos contatos entre os povos da Amazônia. Através de escavações e coleta de materiais, os arqueólogos encontraram peças com estilos diferentes das cerâmicas tapajônica e marajoara, indicando que as civilizações que viviam na floresta antes do descobrimento interagiam com mais povos do que se pensava.

"Sabemos que a comunicação do passado pre-colonial seguia o fluxo do rio. O Amazonas era uma grande avenida, mas o que está nos surpreendendo é a ausência de semelhanças estilísticas entre a cerâmica encontrada em Gurupá e as peças do restante do Marajó e de Santarém. A semelhança é com artesanato Koriabo, que aparece nas Guianas e no Amapá, Brasil", explica a arqueóloga Helena Lima, coordenadora do projeto Origens, Cultura e Ambiente (OCA).

De acordo com a pesquisadora, a semelhança entre a cerâmica de Gurupá e de civilizações ao norte do estado do Pará, Brasil, fizeram com que os arqueólogos debatessem a possibilidade da interação entre povos que não são ligados pelos grandes rios. "Percebemos semelhanças muito fortes, então começamos a discutir o baixo Amazonas como área de intenso fluxo estilístico, de idéias e estilos em sentido norte-sul ou sul-norte", disse. "É absolutamente viável pensar em comunicação fora do fluxo dos grandes rios", afirma.

Tesouro oculto
Segundo o Museu Goeldi, desde o século XIX o arquipélago do Marajó serve como referência para pesquisa sobre as culturas da região antes da chegada dos portugueses. Apesar disso, o projeto OCA é a primeira iniciativa a explorar o potencial de Gurupá.

"O município de Gurupá, embora tenha potencial arqueológico muito grande, com mais de 50 sítios, nunca havia sido pesquisado. Houve um inventário do Iphan realizado em parceria com a Ufpa entre os anos de 2008 e 2009 que resultou em uma publicação de um livro que já apontava uma cerâmica diferente das demais culturas amazônicas, não relacionada com conjuntos conhecidos", explica Helena Lima, coordenadora do projeto , realizado pelo Museu Emílio Goeldi.

Riqueza ameaçada
A cidade de Gurupá está localizado entre os Xingu e Amazonas, Brasil, no arquipélago do Marajó. O município possui pouco mais de 31 mil habitantes de acordo com o censo do IBGE, e tem abundância de sítios arqueológicos espalhados pela Reserva Ambiental de Jacupi, um local que desperta interesse de madeireiros e loteadores.

Entre os materiais coletados, os pesquisadores encontraram cerâmicas, carvões e amostras de solo de diversas épocas. Há vestígios de povos desde antes da chegada dos europeus à Amazônia até períodos mais recentes. Os itens foram trazidos para a Reserva Arqueológica do Museu Goeldi onde são analisados.


fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2015/08/arqueologos-descobrem-contato-de-povos-do-marajo-com-guianas.html

colaboração Karina Kramer

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