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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Integrada ao Museu de Arte Sacra (MAS), a Igreja de Santo Alexandre – originalmente Igreja de São Francisco Xavier –, construída pelos padres jesuítas com participação do trabalho indígena entre o fim do século XVII e início do século XVIII, se prepara para receber pela primeira vez uma ópera.


Festival do Theatro da Paz apresenta ópera na Igreja de Santo de Alexandre


A igreja faz parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais da Secult e está recebendo um tratamento especial para receber a ópera

O espaço servirá para a apresentação de “A Ceia dos Cardeais”, do compositor paraense Iberê de Lemos (1901/1967), na próxima terça (18), quarta (19) e quinta-feira (20), às 20h, dentro da programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz. Para isso, o local vem passando por algumas mudanças, há cerca de mês.

A igreja faz parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIM), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e está recebendo um tratamento especial para receber a ópera. “Estamos tendo cuidado com os mínimos detalhes, porque nada pode ser retirado do local sem um laudo minucioso da equipe técnica. Além disso, todas as imagens estão resguardas para que sejam mantidas intactas”, explica a diretora do SIM, Mariana Sampaio.

Alguns detalhes recebem cuidado redobrado. “Temos uma parede, próximo ao espaço destinado à orquestra, que precisou receber uma intervenção física minuciosa, porque normalmente solta um pó, comum em construções de pedra do século XVIII como esta, mas para a apresentação, foi necessária essa intervenção”, ressaltou a diretora. Para compor o cenário do espetáculo, alguns poucos objetos foram descolados para a igreja. “Precisamos, por exemplo, de uma mesa século XVIII que nos foi cedida por um antiquário. Além disso, estamos colocando cerca de 150 novos lugares para acomodar o público”, detalha.

A coordenadora de conservação e restauro do SIM, Renata Maués, explica que, de modo geral, os espaços museológicos precisam estar preparados para receber eventos, como uma ópera. “Essa é uma forma de beneficiar o maior número de pessoas possível com esses eventos, mas para isso deve ser feito sempre um projeto de conservação. Dessa forma, tudo foi discutido com a nossa equipe técnica, desde o posicionamento da orquestra no espaço, o tipo de iluminação do processo cênico, entre outras coisas. Tudo isso foi minuciosamente pensado para evitar qualquer deterioração”, diz.

O Museu de Arte Sacra, integrado à Igreja de Santo Alexandre, tem cerca de 400 peças, que incluem pinturas, imaginárias e objetos sacros datados dos séculos XVII ao XX. O espaço é aberto à visitação pública de terça a sexta-feira, das 10h às 16h, e aos sábados, domingos e feriados, de 9h às 13h.

Quem passa pela frente da igreja já observa uma movimentação diferente. São caminhões chegando com equipamentos de iluminação, instrumentos musicais e outros objetos que serão usados no espetáculo. Morador do bairro da Cidade Velha há mais de duas décadas, o aposentado Rogério Freiras, de 68 anos, acredita que ocupar os espaços com eventos para a comunidade é uma forma da população se apoderar da cidade. Perguntado se sabia que haveria uma ópera na igreja, ele disse: “Não só sei, como já comprei o meu ingresso e da minha esposa. Paguei R$ 15 por cada um, já que temos carteira de idoso. Estarei aqui no dia 19”, revelou.

Escrita no início do século XX, “A Ceia dos Cardeais”, montada pela primeira vez em Belém, tem média de uma hora de duração, em um único ato. “Três cardeais se reúnem em uma mesa para jantar e começam a fazer confidências da época de juventude. A memória deles será vivida por atores paraenses que estarão em cena”, antecipa o diretor geral do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, Gilberto Chaves.

Gilberto ressalta ainda a alegria do Festival em poder resgatar o trabalho de um autor paraense. “Somos o único Estado, entre o Norte e o Nordeste do Brasil, a ter compositores de ópera, Iberê de Lemos e Gama Malcher, além de Waldemar Henrique, que também compôs peças eruditas. Iberê saiu de Belém aos 13 anos para estudar em Londres, depois voltou para o país e foi morar no Rio de Janeiro, onde se tornou amigo e colaborador de Villa Lobos. Lemos nasceu e morou aqui em Belém”, afirmou.

Serviço: “A Ceia dos Cardeais”, de Iberê de Lemos, dias 18, 19 e 20, às 20h, na igreja de Santo Alexandre, na Cidade Velha. Programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz. Ingressos a R$ 30, à venda na bilheteria do Theatro da Paz. Informações: 4009 8759.
Dedé Mesquita
Theatro da Paz

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=115117

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