Ouvir o texto...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Em um país que gostaria de apagar o passado, um museu insiste em exibir as imagens da barbárie da guerra civil -- The memory does not die.

A memória não morre

* De Sarajevo

As marcas da guerra civil em Saravejo, capital da Bósnia-Herzegóvina, estão por toda parte. Prédios cravejados de balas, marcas vermelhas no asfalto onde granadas despedaçaram civis. Vinte anos após o seu fim, o conflito permanece à vista, mas raramente frequenta a conversa dos moradores.


As centenas de corpos após o conflitoLeia também

A Galerija 11/07/95 é uma exceção. O pequeno espaço no centro da cidade é o primeiro museu memorial da Bósnia, uma área fixa para manter viva a lembrança do genocídio de Srebrenica. Objetivo que a galeria cumpre com louvor, ao chocar os visitantes.

Nas paredes, a escala do massacre: estão impressos os 8.372 nomes das vítimas, acompanhados por centenas de retratos. “A primeira e mais importante coisa a se colocar na galeria foi o nome das vítimas. Todos aqueles homens foram mortos apenas por serem muçulmanos”, conta, entre tragadas no cigarro, Tarik Samarah, diretor da galeria e autor de parte das imagens expostas.

Nascido em Zagreb, hoje capital da Croácia, o fotógrafo passou a guerra civil sitiado em Sarajevo, onde viveu nos últimos 30 anos. Suas imagens dos anos pós-genocídio em Srebrenica foram exibidas em renomadas galerias e museus, entre eles a sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, o Museu do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, e a Abadia de Westminster, em Londres.

“Passei o cerco de Sarajevo aqui. Antes, tínhamos uma vida normal. Era um estudante. Então começou a guerra e, de repente, nossas vidas deixaram de ser normais. Foi uma experiência chocante. Assistíamos aos civis serem mortos diariamente”, relembra Samarah.

Episódios mais brutais ocorreram no leste do país, em Srebrenica. A exposição permanente é uma espécie de documentário multimídia com imagens chocantes do pós-genocídio de 11 de julho de 1995, quando tropas bósnio-sérvias invadiram a cidade e massacraram homens muçulmanos. O evento provocou a intervenção da Otan, a aliança militar das potências ocidentais.

Os muçulmanos assassinados no genocídio de Srebrenica (Tarik Samarah)

“Se não houver uma cultura de lembrança, não teremos história. Nossa lembrança cultural é importante, especialmente quando falamos de guerras. A fotografia tem o poder de capturar os momentos mais horríveis de todas essas situações. Ela nos retorna ao passado.”

Ao trabalhar com um tema controverso, principalmente pelo fato de os sérvios ainda se recusarem a usar o termo genocídio, a galeria não se furta de exibir imagens fortes, embora belas. “Nada poderia me preparar para o que vi no leste da Bósnia. Quando andava em volta de partes de corpos, animais espreitavam nas florestas”, conta o croata.

“Sabia que não seria uma testemunha comum de algo tão horrível. Levar essas imagens ao mundo se transformou em uma obrigação. Se você não aceita essa obrigação, então em silêncio aceita a injustiça.”


Samarah, o curadorO objetivo da Galerija, diz Samarah, é tornar-se um símbolo contra “toda e qualquer forma de violência no mundo” e “do sofrimento de inocentes e da indiferença de outros”. Enquanto a maior parte prefere esquecer, o fotógrafo promove debates sobre os conflitos e programas educacionais sobre eventos modernos e da antiga Iugoslávia.

“Todos os dias educamos e informamos os cidadãos a respeito dos acontecimentos, mas também temos novas exibições. Dessa forma, procuramos abrir um diálogo com a mídia, levantando a nossa voz.”

No ano passado, o museu realizou uma exposição com fotografias da Síria realizadas pelo mexicano Narciso Contreras, vencedor do Prêmio Pulitzer em 2013. No próximo ano, haverá uma mostra sobre a Ucrânia.

Em um ano marcante para a Bósnia, Samarah recorre ao passado para destacar coincidências contemporâneas: em 2015 completam-se duas décadas do genocídio em Srebrenica e do acordo de paz que encerrou a guerra civil do país, ao mesmo tempo que se celebra o 70º aniversário da liberação do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

“Nestes tempos, presenciamos o aumento da islamofobia, antissemitismo, xenofobia e novas guerras. Esperaremos por tempos e por sociedades mais tolerantes”, afirma. “Mas, antes disso, não devemos perder a esperança de que viveremos em um mundo melhor. Temos de lutar por isso. Educação e cultura são a forma correta de alcançá-lo.”




Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.

Vamos compartilhar.


--in via tradutor do google
In a country that would like to erase the past, a museum insists display the images of civil war barbarism

The memory does not die

* From Sarajevo

The marks of the civil war in Sarajevo, capital of Bosnia and Herzegovina, are everywhere. Studded buildings bullets, red marks on the asphalt where civilians broke grenades. Twenty years after its end, the conflict remains in sight, but rarely attends the conversation of the residents.



Hundreds of bodies after conflitoLeia also

The Galerija 07.11.95 is an exception. The small space in the city center is the first memorial museum in Bosnia, a fixed area to keep alive the memory of the genocide in Srebrenica. Goal Gallery meets with praise, to shock the visitors.

The walls, the scale of the massacre: the 8,372 names of the victims are printed, accompanied by hundreds of pictures. "The first and most important thing to put in the gallery was the name of the victims. All those men were killed only because they are Muslims, "he says between puffs on his cigarette, Tarik Samarah, gallery director and author of the exposed images.

Born in Zagreb, capital of Croatia today, the photographer came to civil war besieged in Sarajevo, where he lived for 30 years. His images of post-genocide years in Srebrenica were exhibited in renowned galleries and museums, including the headquarters of the United Nations in New York, the United States Holocaust Museum in Washington and Westminster Abbey in London.

"I spent the Sarajevo siege here. Before, we had a normal life. He was a student. Then the war began and suddenly, our lives are no longer normal. It was a shocking experience. Watched civilians being killed every day, "recalls Samarah.

Most brutal episodes occurred in the east, in Srebrenica. The permanent exhibition is a kind of multimedia documentary with post-genocide of the shocking images of July 11, 1995, when Bosnian Serb troops invaded the city and massacred Muslim men. The event led to the intervention of NATO, the military alliance of Western powers.

Muslims killed in Srebrenica (Tarik Samarah)

"If there is a reminder of culture, we have no history. Our cultural memory is important, especially when it comes to wars. Photography has the power to capture the most horrible moments of all these situations. It returns us to the past. "

When working with a controversial topic, mainly because the Serbs still refuse to use the term genocide, the gallery does not shy to show strong images, though beautiful. "Nothing could prepare me for what I saw in eastern Bosnia. When I was around body parts, animals lurked in the woods, "said the Croatian.

"I knew it would not be a common witness to something so horrible. Take those images the world has become a must. If you do not accept this obligation, then quietly accept the injustice. "



Samarah, the curadorO goal of Galerija, Samarah says, is to become a symbol against "all forms of violence in the world" and "the suffering of innocent and indifference of others." While most prefer to forget, the photographer promotes debates on the conflicts and educational programs about modern events and the former Yugoslavia.

"Every day we educate and inform citizens about the events, but we also have new views. Thus, we seek to open a dialogue with the media, raising our voice. "

Last year, the museum held an exhibition of photographs taken by the Syrian Mexican Narciso Contreras, winner of the Pulitzer Prize in 2013. Next year, there will be an exhibition on Ukraine.

In a banner year for Bosnia, Samarah uses the past to highlight contemporary coincidences: in 2015 are completed two decades of genocide in Srebrenica and the peace agreement that ended the country's civil war, while we celebrate the 70th anniversary the release of the Auschwitz concentration camp in Poland.


"In these times, we witness the rise of Islamophobia, anti-Semitism, xenophobia and new wars. Wait for more tolerant times and societies, "he said. "But before that, we should not lose hope that we will live in a better world. We have to fight for it. Education and culture are the right way to achieve it. "

Nenhum comentário:

Postar um comentário