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quinta-feira, 23 de março de 2017

Brazilian biologist to receive international award for female scientists. --- Bióloga brasileira receberá prêmio internacional para mulheres cientistas.

Fernanda de Pinho Werneck studies the adaptation of reptiles to climate change.


Fernanda Werneck is a researcher at the National Institute of Amazonian Research (INPA) - 


According to data from the Boston Consulting Group, a girl graduating from high school has an average 35% chance of pursuing a degree in science, 18% chance to graduate, 8% 2% to become a doctor in science. For men, these figures are respectively 77%, 37%, 19% and 6%. In Brazil, the biologist Fernanda Werneck, 35, managed to discredit the statistics and will have her professional trajectory recognized by an international prize for women scientists, on 21 March in Paris.

Rising Talents, from L'Oreal's For Women in Science program, awards each year 15 young female scientists from all regions of the world. This will be the second prize received by Fernanda through Women in Science - in 2016, she was also awarded the prize for Women in Science, which has a partnership with Unesco and the Brazilian Academy of Science.

A graduate of the University of Brasília (UnB), in addition to a doctorate in the United States, Brigham Young University, Goiás, who grew up in Brasilia, is developing a long-term research project at the National Institute of Research in Amazonia (INPA). Researcher. In it, it seeks to understand the adaptation of reptiles, especially lizards, to climate change, in collaboration with several scientists from Brazil and abroad. Directly from Manaus, where she works, Fernanda talked with O GLOBO about her professional and personal trajectory - and how this changes as a woman.

The discussion about gender inequality in the professions often goes through the professional choice that men and women end up still deciding in school. How was your experience?

For me, it was very natural, I always liked sciences and biology. I have had all the support at home, fortunately, because we know that often, in the home, it has the stigma of women pursuing more social and human careers, and the boys to the exact ones. I graduated in biological sciences, where I participated in the scientific initiation during all the years. I went to the master's degree and, in the middle of it, I got pregnant from Iara.

How is it to reconcile motherhood with academic life?

A scientific career is not easy. It takes many hours, many trips. Many times we can not accommodate with a routine. I am fortunate to have a family that helps me a lot, including because my husband is a scientist and a biologist as well. And our work requires going to the field, often where there is no communication, so we turn to take care of it. Today, my daughter is 11 years old.

But I see many colleagues who have a harder time reconciling motherhood and career than I did, because sometimes motherhood came at a career moment that demanded much, or sometimes the pregnancy was more delicate ...

When I say that I have not had many bad weather, I mean my most direct nucleus, my family, my counselor ... But I came to hear some things back then that I did not understand could be related to the genre. I thought it was personal. For example: "Ah, this project is very audacious, you will not be able to do this ...", or people saying that I could not have written that work by myself. Today I imagine that hardly a colleague would have heard this kind of thing.

Within the biological sciences, the difference in access between boys and girls is not so great. But as the career procuide, this is reversed. In the master's degree, in the doctorate, something happens that the women do not proguidem so much in the race. Whether you will look at postdoctoral or effective positions, there are many more men than women.

Can you tell us a little bit about your current research?

We are interested in studying the biodiversity of reptiles and amphibians in the ecotone, or the transition, between the Amazon and Cerrado. This region almost coincides almost with the arch of deforestation. The main objective is to quantify the sensitivity of lizards, which rely on external heat sources to control their internal temperature, to climate change. These animals are very susceptible. The chances are that lizard populations will collapse.

How do you do this quantification?

We try to understand the genetic diversity of these populations using ultramodern sequencing technologies, the so-called next generation sequences, which look at various regions of the individuals genome. We then look for signs that the selection of the environment is determining the genetic profile of those populations. For example, in the Cerrado, it appears that species tolerate higher temperatures than those in the interior of the Amazon.

Is global warming already being felt in this region that you study?

Today we have an amount of scientific evidence that allows us to say that this is not a possibility, it is a fact that we need to deal with. And it is not only a change in temperature, it is also a change in the patterns of precipitation, in the length of the seasons, among others.

Today, what is the degree of threat to the lizards between the Cerrado and the Amazon?

Among the main causes are habitat loss and fragmentation by deforestation, climate change and other factors such as invasive species and illegal trade of some species. And these factors work synergistically. We also have the veiled threat of not knowing exactly the distribution of species. It turns out that we are losing rich regions and unique species that we do not know.




fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti


Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,

mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir. 

A cultura e o amor devem estar juntos.

Vamos compartilhar.

Culture is not what enters the eyes and ears, 

but what modifies the way of looking and hearing.





--br
Bióloga brasileira receberá prêmio internacional para mulheres cientistas.

Fernanda de Pinho Werneck estuda a adaptação de répteis às mudanças climáticas.

Segundo dados mundiais revelados pela consultoria Boston Consulting Group, uma menina que se forma no ensino médio tem, em média, 35% de probabilidade de seguir uma graduação em área científica, 18% de chance de se formar, 8% de fazer um mestrado e 2% de se tornar uma doutora em ciência. Para os homens, estes números são respectivamente 77%, 37%, 19% e 6%. No Brasil, a bióloga Fernanda Werneck, de 35 anos, conseguiu destoar das estatísticas e terá sua trajetória profissional reconhecida por um prêmio internacional para mulheres cientistas, no próximo dia 21, em Paris.

O Rising Talents, do programa For Women in Science, da L'Oreal, premia a cada ano 15 jovens cientistas mulheres de todas as regiões do mundo. Este será o segundo prêmio recebido por Fernanda através do Women in Science — em 2016, ela foi laureada também pelo Para Mulheres na Ciência, que tem parceria com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciência.

Com graduação e mestrado pela Universidade de Brasília (UnB), além de um doutorado nos Estados Unidos, pela Brigham Young University, a goiana que cresceu em Brasília desenvolve uma pesquisa a longo prazo no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), onde é pesquisadora. Nele, ela busca entender a adaptação de répteis, especialmente lagartos, às mudanças climáticas, em colaboração com diversos cientistas do Brasil e do exterior. Diretamente de Manaus, onde trabalha, Fernanda conversou com O GLOBO sobre sua trajetória profissional e pessoal — e como isto muda sendo mulher.

A discussão sobre a desigualdade de gênero nas profissões passa muitas vezes pela própria escolha profissional que homens e mulheres acabam decidindo ainda na escola. Como foi sua experiência?

Para mim, foi muito natural, sempre gostei muito de ciências e biologia. Tive todo apoio em casa, felizmente, porque a gente sabe que muitas vezes, dentro de casa, tem o estigma das mulheres seguirem carreiras mais sociais e humanas, e os meninos para as exatas. Fiz graduação em ciências biológicas, onde participei da iniciação científica durante todos os anos. Segui para o mestrado e, no meio dele, engravidei da Iara.

Como é conciliar a maternidade com a vida acadêmica?

A carreira científica não é fácil. Exige muitas horas, muitas viagens. Muitas vezes não conseguimos acomodar com uma rotina. Tenho a sorte de ter uma família que me ajuda muito, inclusive porque o meu marido é cientista e biólogo também. E nosso trabalho exige a ida a campo, muitas vezes onde não tem comunicação, então a gente reveza para cuidar dela. Hoje, minha filha tem 11 anos.

Mas vejo muitas colegas que têm mais dificuldade de conciliar a maternidade e a carreira do que eu tive, porque às vezes a maternidade veio em um momento da carreira que demandava muito, ou às vezes a gravidez foi mais delicada...

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Quando digo que não tive muitas intempéries, me refiro ao meu núcleo mais direto, o da minha família, do meu orientador... Mas eu cheguei a ouvir algumas coisas na época que eu não entendia que pudesse estar relacionada ao gênero. Achava que era pessoal. Por exemplo: "Ah, esse projeto é muito audacioso, você não vai conseguir fazer isso...", ou pessoas falando que eu não poderia ter escrito aquele trabalho sozinha. Hoje imagino que dificilmente um colega teria ouvido este tipo de coisa.

Dentro das ciências biológicas, a diferença no acesso entre meninos e meninas não é tão grande. Mas conforme a carreira proguide, isso se inverte. No mestrado, no doutorado, alguma coisa acontece que as mulheres não proguidem tanto na carreira. Se você vai olhar o pós-doutorado ou posições efetivas, há muito mais homens do que mulheres.

Pode nos contar um pouco sobre a sua pesquisa atual?

Estamos interessados em estudar a biodiversidade de répteis e anfíbios no ecótono, ou a transição, entre a Amazônia e Cerrado. Essa região coincide quase que em sua maioria com o arco do desmatamento. O objetivo principal é quantificar a sensibilidade dos lagartos, que dependem de fontes de calor externas para controlar sua temperatura interna, às mudanças climáticas. Estes animais são muito suscetíveis. A probabilidade é que as populações de lagartos passem por um colapso.

Como vocês fazem esta quantificação?

Tentamos entender a diversidade genética dessas populações usando tecnologias de sequenciamento ultramodernas, as chamadas next generation sequences, que olham várias regiões do genoma dos indivíduos. Buscamos então sinais de que a seleção do ambiente esteja determinando o perfil genético daquelas populações. Por exemplo, no Cerrado, parecem que as espécies toleram temperaturas mais altas do que aquelas no interior da Amazônia.

O aquecimento global já está sendo sentido nesta região que você estuda?

Hoje temos um montante de evidências científicas que nos permitem dizer que esta não é uma possibilidade, é um fato com o qual precisamos lidar. E não é só mudança na temperatura, é também uma mudança nos padrões de precipitação, no comprimento das estações, entre outras.

Hoje, qual é o grau de ameaça aos lagartos entre o Cerrado e a Amazônia?

Entre as causas principais, estão perda e fragmentação de habitat pelo desmatamento, mudanças climáticas e outros fatores, como espécies invasoras e comércio ilegal de algumas espécies. E estes fatores funcionam de maneira sinergética. Temos também a ameaça velada de não conhecer exatamente a distribuição das espécies. Acaba que estamos perdendo regiões ricas e espécies únicas que a gente não conhece.




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